União consensual cresce e casamento formal diminui

Uma série de mudanças no perfil da família brasileira tem sido registrada nas últimas décadas e se confirma no Censo 2010 do IBGE. A proporção de casais que vivem em união consensual teve grande aumento na década, enquanto o porcentual dos que são casados formalmente teve queda significativa. Os casamentos informais são crescentes inclusive na população que se diz católica, embora a Igreja reprove esse tipo de união conjugal.

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A proporção de pessoas que vivem em união consensual passou de 28,6% em 2000 para 36,4%. O porcentual de casados no civil e no religioso caiu de 49,4% para 42,9%. Praticamente não houve mudança na proporção dos que têm apenas casamento civil, que passou de 17,5% em 2000 para 17,2% em 2010. Os casados apenas no religioso caíram de 4,4% para 3,4%.
Entre os católicos que vivem em união conjugal, 37,5% estão em união consensual. A proporção dos casados é maior: 44,7% se uniram em cerimônias civil e religiosa. Houve um aumento significativo em relação a 2000, quando 28,7% dos católicos que viviam com cônjuges tinham uniões informais e 51,8% eram casados no civil e no religioso.
Entre os evangélicos que têm cônjuges, 26,5% vivem em união consensual. Os sem religião são os que mais abriram mão da certidão de casamento: 60% dos que têm união conjugal vivem em união consensual e apenas 18,4% são casados no civil e no religioso. A união consensual é mais frequente entre os mais jovens e de renda mais baixa.
Divórcio
Com a mudança nas exigências para o divórcio, que se tornou menos burocrático, a proporção de divorciados quase dobrou em dez anos. Em 2000, 1,7% da população brasileira era divorciada, porcentual que subiu para 3,1% em 2010. Os casados caíram de 37% para 34,8%. Entre as mudanças, foi reduzido o tempo de separação antes do divórcio, foi eliminada a audiência de reconciliação e os casais sem filhos passaram a fazer o divórcio diretamente no cartório.

Brasileiros casam-se mais com pessoas de mesma etnia e instrução


As uniões entre casais de raças diferentes são crescentes no País, mas na última década houve quase estagnação em relação ao Censo anterior. Em 1960, 88% dos casais eram formados por pessoas da mesma raça, porcentual que caiu para 80% em 1980. Em 2000, chegou a 70,9%. Em 2010, a proporção de casais da mesma raça ficou praticamente a mesma: 69,3%.

Proporção de casais sem filhos sobe para 17,7%

Embora esteja em queda, o padrão de casal com filhos ainda é formação mais comum das famílias brasileiras. Esse arranjo familiar, no entanto, chegou a menos da metade das famílias brasileiras em 2010: 49,4%. Em 2000, os casais com filhos formavam 56,4% das famílias. Houve crescimento dos casais sem filhos, de 13% para 17,7%. O terceiro arranjo familiar mais frequente é de mulheres sozinhas com filhos, que tiveram pequeno aumento, de 11,6% para 12,2%.

Segundo os técnicos do IBGE, os dados não indicam necessariamente maior opção dos casais por não terem filhos. É um reflexo do envelhecimento da população: os pais vivem mais e os filhos adultos deixam as casas para formarem suas próprias famílias. Também são consequência da queda da taxa de fecundidade, com menos nascimentos

Cresce número de famílias sob o mesmo teto


8,3 milhões de famílias no País (15,4% do total) convivem no mesmo domicílio e fogem ao modelo mais comum de apenas pais vivendo com os filhos. A proporção cresceu na última década: em 2000, 6,5 milhões de famílias (13,9% do total) tinham mais de um núcleo e viviam sob o mesmo teto.

As regiões com maior proporção de famílias que dividem a mesma casa são também as mais pobres do País, Norte (23,1%) e Nordeste (17,6%). Também são as regiões que têm famílias maiores.

Casal em que os dois trabalham se torna mais comum

Por causa da maior inserção da mulher no mercado de trabalho, dos anos 1980 para cá, é crescente, segundo o IBGE, a proporção de casais em que os dois cônjuges têm rendimento. Em 2010, 62,7% dos casais tinham renda do marido e da mulher. Essa proporção era de apenas 41,9% em 2000.

Pessoas que moram sozinhas gastam mais

Os brasileiros que vivem sozinhos chegaram a 6,9 milhões em 2010. Pouco mais de 12% dos domicílios brasileiros têm apenas um morador. Em 2000, eram 8,6%. Se por um lado o aumento das pessoas que vivem sozinhas indica autonomia e independência financeira, os técnicos do IBGE destacam os estudos que apontam o fenômeno como "pouco sustentável". "O crescimento das unidades domésticas unipessoais tem algumas consequências importantes para a formulação de políticas públicas.

O consumo de energia por pessoa é maior para as unidades unipessoais do que para as famílias com mais pessoas. O custo de vida por pessoa é geralmente mais elevado do que nas unidades domésticas multipessoais. Além disso, uma única pessoa pode ser mais vulnerável, já que não há, em caso de desemprego ou outros problemas, uma retaguarda presente na unidade doméstica", diz o estudo do IBGE.

O IBGE traçou um perfil dos solitários brasileiros. A maior parte é homem, tem entre 40 e 59 anos. No caso dos homens, é solteiro. Das mulheres, viúva.

Maior parte dos casais gays é de mulheres

O Censo 2010 encontrou 60 mil casais homossexuais que dividem a mesma casa, como já tinha sido divulgado pelo IBGE. Desse total de uniões, 53,8% eram de mulheres. No total de pessoas que declararam ter cônjuges do mesmo sexo, 47,4% se disseram católicas e 20,4% sem religião. Pouco mais de um quarto (25,8%) tinha curso superior completo. A grande maioria dos casais (52,6%) vive no Sudeste.

Em números absolutos, as cidades com mais casais gays são São Paulo (7.532), Rio de Janeiro (5.612), Salvador (1.595) e Fortaleza (1.559).

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