Crônica


O Conde de Monte Cristo

Edição 530 - Publicado em 13/Outubro/2012 - Página 66

UM JOVEM de futuro promissor e feliz, assim é Edmond Dantès — personagem do livro O conde de Monte Cristo. Repentinamente, aos 19 anos, é preso sob falsa acusação, vítima da traição de pessoas invejosas e das ações de um magistrado, que o considerava uma ameaça para seu futuro.
Na prisão, depois de esgotarem-se todas as esperanças, Dantès lembrou-se da oração. Infeliz, percebeu que deveria ter começado por ela. E orou não com fervor, mas com raiva.
Com o tempo, a ira se transformou num êxtase sublime. Rezava alto e via o brilho divino a cada palavra pronunciada. Com novo ânimo, recordou os fatos para aprender lições com o passado, e se propôs tarefas a cumprir. Ao final de cada prece, reafirmava seus objetivos, perdoava a si mesmo e todos que o ofenderam.
Apesar de suas orações, Dantès continuava preso.
Então, seu coração ficou sombrio. Era homem simples e sem cultura, e sentiu medo pela inexperiência — seu passado era breve, seu presente tenebroso e seu futuro duvidoso. O êxtase divino cedeu ao ódio, e a oração virou blasfêmia que fazia o carcereiro recuar horrorizado.
Seu jovem espírito, pronto para voar, estava preso como um pássaro na gaiola. Dantès estava na prisão mais terrível; nada mais podia ser feito.
Dantès emergiu da escuridão do desespero ao conhecer o abade Faria, também prisioneiro. O abade tornou-se seu mestre e compartilhou com ele seu espírito livre, seu vasto conhecimento e o segredo de um fabuloso tesouro escondido na Ilha de Monte Cristo.
Para que conhecimento ou tesouro, se ele continuava preso?
Aí está a genialidade desta história. A força espiritual compartilhada pelo mestre era a maior riqueza de Dantès. Ao fazer da determinação do mestre a sua, seu espírito se libertou.
Novamente sozinho , ele decidiu sobreviver ao desafio.
“Quero viver, lutarei até o fim!”
O espírito de Dantès o fez livre depois de catorze anos encarcerado. Com o imenso tesouro deixado pelo abade, Dantès adotou o nome de Conde de Monte Cristo para se vingar dos culpados, desmascarar os hipócritas e proteger seus amigos.
Até que todos os erros fossem reparados, ele não desistiu. A determinação de Dantès, herdada de seu mestre, o tornou forte e o levou à vitória absoluta.
Astolfo Valentim Vieira Martins
Da Redação

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