quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Os Encantos da Filosofia Budista - Para Iniciantes


O coração é o reino de um monarca

Edição 2140 - Publicado em 21/Julho/2012 - Página A4

Vença todas as batalhas

O coração é o reino de um
monarca


Em qualquer batalha, o que mais importa é seu coração. Ele é seu reino, seu lar, seu porto seguro. Aconteça o que acontecer, tenha o coração sempre a seu lado. Ele é a fonte da verdadeira força que garante a vitória absoluta. Viver com força e paixão é lutar com o coração.

Por que o coração é tão importante?


Porque é ele quem define você. A pessoa é o que está no seu coração e é ele quem cria sua realidade. A verdadeira batalha é travada no coração porque você vive nele.

Vitória ou derrota


A vitória ou a derrota são definidas pelo coração. Não importa se tenha perdido tudo, a derrota só acontece quando você desiste de lutar. A vitória absoluta existe na convicção daqueles que lutam as pequenas ou as grandes batalhas com a ferocidade do leão.

A ferocidade do leão


A pessoa que luta qualquer batalha com a ferocidade do leão faz da vitória pessoal a vitória de todos. Ela abre o caminho e incentiva todos ao seu redor.

O brilho da vitória


A vitória que brilha como um modelo para todos constrói a nova era. Quem vence de maneira brilhante é um monarca.

Torne-se um monarca


As sucessivas vitórias, das pequenas às grandes, fazem de você um monarca. Monarca é um ser humano imbatível, inigualável.

Dedicar a própria vida


Ser monarca não significa ser melhor que ninguém. Monarca é alguém que dedica a própria vida ao bem comum. Essa pessoa faz das soluções de seus problemas uma referência para todos.

Monarca do mundo


Podemos considerar o brado do mestre, “Brasil, Seja Monarca do Mundo!”, um clamor para cada um vencer na batalha do coração, fazendo de todo desafio, pequeno ou grande, rara oportunidade para conquistar uma vitória que brilhe como um modelo para o mundo.

Coração, o reino de um monarca


Isso é possível quando não recuamos um passo sequer na decisão de mantermos nosso coração como o único tesouro a ser conservado. Afinal, ele é o reino de um verdadeiro monarca.

FÉ É CONVICÇÃO INABALÁVEL


O coração é um território disputado pela maldade. Em qualquer situação, o alvo é sempre ele. Uma pessoa de fé é alguém que venceu a batalha do coração. É alguém que desfruta de uma convicção inabalável, imutável.

Fé é invencibilidade


Uma pessoa de fé é monarca, invencível, porque conquistou seu coração definitivamente.

Fé é vitória absoluta


Praticamos o budismo para adquirirmos essa fé. Ou seja, para nosso coração jamais ser tomado pela maldade, ou seja, pela negatividade. Uma vez alcançada essa condição, não há recuo. A fé são os louros de alguém que venceu absolutamente.

Determine a vitória


O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, disse que fé é uma luta entre o Buda e a maldade, e o Daimoku é o que determina a vitória do Buda.

Daimoku em primeiro lugar


Em qualquer situação, deve-se começar com a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo. Assim, você já inicia uma luta sendo vitorioso, porque a única batalha que importa foi vencida. Essa é a ação de um sábio que se alegra diante das dificuldades.

Força e paixão


Quais são as características de alguém que vence no coração? São a força e a paixão capazes de construir uma nova era. Isso é ser monarca.

O caminho da vitória


O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, ao afirmar ”O que constrói a nova era é a força paixão dos jovens” revelou que cada pessoa possui o poder para transformar o mundo. Uma nova história é criada quando uma única pessoa desperta para o caminho supremo da vitória. Esse caminho é viver com força e paixão.

A disposição de quem acabou de nascer


Para alguns, as palavras “força” e “paixão” podem evocar imagens de uma luta sacrificante, sangrenta e sofrida. Mas, considere o termo “jovens”. Juventude evoca a imagem de uma luta alegre, dinâmica, entusiasmada e criativa. Viver com força e paixão é jamais fugir das dificuldades; é vencer os obstáculos com a energia de alguém que acabou de renascer.

Paixão


Paixão é a disposição de agir consciente de que você é o único roteirista da sua vida. É tomar consciência de seu poder de mudar o mundo. Paixão é a genuína consciência de alguém que despertou para sua missão na vida.

Força


É a ferocidade de um leão no ataque. Força é a suprema vitalidade que emana na vida de quem iniciou sua luta vitorioso em sua batalha no coração. Força é energia vital, é felicidade absoluta.

Nova era


Uma nova era é construída quando a vitória de uma única pessoa brilha como um modelo para todas as outras.

Reforçando


Viver com força e paixão é vencer a batalha do coração antes mesmo de iniciar a luta. E esta vitória constrói uma nova era para si e para todas as pessoas. Saiba mais sobre como conquistar a vitória absoluta lendo a revista Terceira Civilização de agosto.

Editora Brasil Seikyo Ltda.

Budismo e islamismo [parte 3]

Edição 2142 - Publicado em 04/Agosto/2012 - Página A3

Se a fé é usada apenas para ganho pessoal, a sociedade não progride

Diálogo entre o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, e o Prof. Dr. Majid Tehranian, formado em Harvard e ex-professor da Universidade do Havaí
Tehranian: O fanatismo surge quando a confiança das pessoas na fé é abalada devido à rápida modernização ou outros fenômenos similares. Hafez comentou: “Devido à guerra das setenta e duas nações, falharam ao ver a verdade e seguiram a estrada das fantasias”.
Ikeda: Devido à orientação regional do Islã, os muçulmanos do mundo inteiro possuem diferentes características. O antropologista cultural americano Clifford Geertz tem mostrado a diferença dos muçulmanos de Marrocos dos muçulmanos da Indonésia. Qual é o ponto em comum que faz que estes muçulmanos tão diferentes ainda sejam considerados muçulmanos?
Tehranian: Todos os muçulmanos, considerando as condições, concordarão com os cinco itens que constituem a doutrina fundamental do Islã, os cinco pilares do Islã:
• Chahada (ou profissão de fé): significa o testemunho da fé islâmica ao se proferir “Só há um Deus e Maomé é o seu profeta”. Os muçulmanos xiitas complementam: “E Ali é seu representante”. Ali foi o primo favorito e genro do profeta Maomé.
• Salat (ritual de prece): orar cinco vezes ao dia em direção a Meca – no alvorecer, ao meio-dia, entre o meio-dia e o pôr do sol, ao entardecer e à noite.
• Zakat (caridade): ser caridoso com os pobres.
• Siyam (jejum): jejum durante o ramadã, nono mês do ano lunar. Os muçulmanos não devem comer nem beber do amanhecer até o fim da tarde e se absterem também de fumar e ter relações sexuais.
• Hadj (peregrinação): peregrinação a Meca, ao menos uma vez na vida.
Ikeda: Essas são as práticas básicas dos muçulmanos.
Se a religião atualmente permanecesse totalmente pessoal – a fim de curar todas as feridas psicológicas —, seria considerada um ato de egoísmo e nada mais que um meio de consolo para aliviar a mente das pessoas. Se a fé religiosa é usada simplesmente como uma maneira de se livrar das frustrações para que possam seguir em busca do lucro pessoal, então a sociedade não progredirá. Em contraste, no Islã, a fé deve ser praticada na vida diária —, há um aspecto social nisso.
Tehranian: Exatamente. E como discutimos anteriormente, essa também é uma característica do budismo.
Ikeda: Um dos cinco pilares que mencionou, o jejum no mês do ramadã é bem conhecido: não se pode beber nem sequer um copo de água do amanhecer até o fim da tarde, e não importa quão poderoso e rico você seja, ninguém pode se isentar dessa regra, e todos ficam igualmente famintos.
Tehranian: A regra se aplica a todos independentemente da posição social ou riqueza. Há uma igualdade perfeita a fim de purificar o sistema digestivo e de lembrar os ricos as dores da fome.
Ikeda: Certamente as pessoas doentes, feridas e as mulheres grávidas não são forçadas a respeitar essa regra. Desse modo, ela não é obrigatória, mas observada espontaneamente baseando-se na fé de cada pessoa. A peregrinação até Meca não é obrigatória. Como você mencionou “considerando as condições”, isso torna mais flexível, suponho.
Tehranian: Sim, torna. A propósito, já esteve em algum país islâmico durante o mês do ramadã?
Ikeda: Sim. Minha primeira visita ao Irã foi na verdade durante o ramadã. Do ponto de vista dos japoneses e dos americanos, que são workaholic1, isso seria um exemplo de pura incapacidade de trabalhar com o estômago vazio durante o dia. Entretanto, considero bastante significativo ter um “tempo sagrado” na vida e ter uma “vida de contenção” em uma sociedade controlada pela economia de mercado onde o desejo é dado como carta branca. Quando visitei os países islâmicos durante o mês do ramadã, temia que as pessoas fossem rudes e hostis, mas na verdade a atmosfera que senti foi bastante agradável.
continua na próxima edição

Editora Brasil Seikyo Ltda.

Diálogo


Budismo e islamismo [parte 4]

Edição 2143 - Publicado em 11/Agosto/2012 - Página A3

Diálogo entre o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, e o Prof. Dr. Majid Tehranian, formado em Harvard e ex-professor da Universidade do Havaí

Tehranian: Você se torna mais consciente de sua fé. Algumas pessoas dizem até que adquirem o sentimento de que sua missão foi cumprida. No dia a dia, podemos facilmente ser vítimas da inércia, mas o ramadã transmite uma sensação valiosa de ritmo. Recordo-me de que, quando tinha 15 anos, idade em que os meninos muçulmanos são considerados adultos, quão ansioso estava para me juntar a outros familiares e fazer o jejum. Acordávamos antes do nascer do sol, fazíamos nossa refeição da manhã e realizávamos as orações no início do dia. Havia muito entusiasmo no ritual.
Ikeda: Outra cena muito conhecida ligada ao Islã é a forma como os praticantes oferecem orações onde quer que estejam. Seja na mesquita, num edifício comercial moderno ou até mesmo num campus universitário, os muçulmanos – jovem ou velho, homem ou mulher – são vistos orando ajoelhados num carpete ou tapete.
Tehranian: Eles oram em direção à Kaaba, em Meca. No cristianismo e no budismo, os santuários e as capelas são locais em que seus praticantes oram em frente ao objeto de adoração. No Islã, no entanto, mesmo quando você está na mesquita, direciona suas orações à Meca voltado para a parede do prédio. A razão dessa prática representa a total negação pelo Islã na existência de um objeto de adoração, que é a grande diferença de outras religiões. Em qualquer mesquita você encontrará uma parede oca em direção à Meca.
Ikeda: É comum assistirmos em documentários, nos quais se aborda o islamismo mundial, a cena de uma mesquita majestosa numa manhã ainda nublada e ouvir o som solene do adhan dos minaretes com o chamado: “Levante-se para a oração e para o sucesso!”, “Orar é melhor que dormir!”. Essas palavras do chamado adhan ouvida por todos logo ao amanhecer me impressionaram de imediato. Permita-me fazer mais uma pergunta. O que vocês exatamente recitam em suas orações?
Tehranian: Recitamos “Alá é grande”, e logo em seguida “Só há um deus e Maomé é seu profeta”, tudo em árabe.
Ikeda: Então essas são as exatas palavras que vocês declaram ao professar sua fé e, tanto a oração do adhan como os professos da fé são em árabe?
Tehranian: Exatamente. O árabe é usado no mundo todo. Também cumprimentamos um ao outro dizendo “Salam Alaikum!” (Que a paz esteja sobre vós).
Ikeda: Se me lembro corretamente, vocês dizem “Salam Alaikum!” para as pessoas ao redor, olhando para a esquerda e então para a direita, estou certo?
Tehranian: Sim. Simbolizada em nossa oração, essa é uma orientação transcendental na qual se enfrenta o sagrado em uma relação de um para outro, e também é uma orientação social na qual, ao olhar para os outros, você os trata com cordialidade.
Ikeda: Falando em orações, lembro-me de um episódio interessante. Uma mulher japonesa, ao ver seu amigo muçulmano orar todos os dias por diversas vezes, queria saber o motivo de sua devoção. Ela imaginou que ele estivesse passando por sérios problemas, e finalmente perguntou: “O que você está pedindo para Alá? Sucesso nos exames?”. Sua resposta foi uma repreensão: “Você nunca pede um favor a Alá, pois isso não é oração”.
Tehranian: Oração em reverência a Alá e pela paz dos outros é chamada de salat, que não é o mesmo que uma súplica ou pedido de favor a ele. Porém, súplica não é totalmente desconsiderada. Conhecida como doa’a, a súplica é considerada útil, deixando os seres humanos mais próximos de Alá. Em todo caso, a oração é essencial para a veneração de Deus e da paz.
Ikeda: Entendi. O que acho muito interessante no episódio que citei é que os japoneses geralmente oram para alguma divindade pelo sucesso nos exames ou pela felicidade de suas famílias no ano-novo. O provérbio que diz “O homem se curva perante Deus apenas quando está em sofrimento” representa perfeitamente aquelas pessoas que esquecem a oração ou Deus uma vez que seu desejo é alcançado. Visitas a santuários e templos durante o ano-novo geralmente são rituais apenas formais e não uma oração sincera e fervorosa. Na sociedade, aqueles que oram diariamente são considerados como “pessoas fracas que buscam os outros para pedir ajuda”. Em meio a uma sociedade com tantos preconceitos, a Soka Gakkai vem liderando o movimento, por vários anos, em que os membros diariamente realizam suas orações como uma demonstração sincera de sua fé.
Tehranian: Compreendo claramente sua observação. Estar atento, sempre em vigília, é uma postura que vem das orações e nos torna conscientes de nossas bênçãos e das necessidades dos outros.
continua na próxima edição

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Em Dia


Trabalho não é só salário

Edição 2143 - Publicado em 11/Agosto/2012 - Página A2

Trechos da Nova Revolução Humana, volume 24, capítulo “O Farol”, parte 14, publicados no jornal Seikyo Shimbun

“Mesmo que minha tarefa seja só servir chá ou dar apoio em algo, nunca crescerei se encarar meu trabalho apenas como temporário.”
Continuação da edição anterior
A integrante da DFJ Yuko Shirota recitava continuamente vibrante Daimoku e agia conforme a orientação de Shin-iti de que a prática budista implica também vencer no trabalho.
Certo dia, um dos seus superiores na galeria disse: “Alguns membros da realeza europeia cuidam e fazem o polimento dos objetos de arte pessoalmente; eles consideram essa tarefa como um passatempo agradável e não confiam esse trabalho a mais ninguém. Você está fazendo o mesmo”.
Quando observou as coisas dessa forma, ela sentiu satisfação e alegria pelo seu trabalho.
A atitude que temos com o trabalho pode mudar o nosso foco e a motivação. Ao encontrarmos um sentido, mesmo na tarefa aparentemente mais monótona e chata, o trabalho que realizamos começa a ter um grande valor.
À medida que se dedicava com alegria nas suas tarefas, Shirota assumiu uma postura bastante convicta:
“Não trabalho apenas por salário. O lugar em que estou é o onde vou me aprimorar, é aqui que vou me desenvolver como pessoa. Mesmo que minha tarefa seja simplesmente servir chá ou apoiar em algo, jamais crescerei como funcionária se encarar meu trabalho apenas como temporário até que me case. Todo trabalho é importante. Para ter um domínio em qualquer trabalho, faz-se necessário esforço, criatividade e engenhosidade. Se minha tarefa é preparar o chá, serei uma profissional no assunto. Ou se for simplesmente fazer cópias, então me destacarei nessa área”.
Ela ainda disse a si mesma, cada vez mais imbuída de sabedoria adquirida pelo Daimoku e pela atenção dada às orientações de seu mestre: “Ao se tirar apenas uma única cópia já revela a atitude da pessoa, e também reflete seu grau de sinceridade. Aqueles ao meu redor irão me ver com um olhar diferente, e estarão observando como age uma membro da SGI.
Uma pessoa deve se esforçar ao máximo, mesmo que seja para tirar uma simples cópia. E esse ato também é uma forma de contribuir para o Kossen-rufu. Esta é a maneira que um membro da Soka Gakkai deve agir para responder às orientações do presidente Yamamoto!”
Shirota continuou a limpeza e o polimento de objetos de arte e artesanato com cuidado e diligência, com todo o seu coração.
Depois de alguns anos, sem perceber, ela já havia adquirido a capacidade de julgar a qualidade de várias obras de arte. E seus superiores e colegas de trabalho de fato vinham observando e elogiando sua atitude.

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Capa


Reforme seu Coração e desperte para a vitória [2]

Edição 528 - Publicado em 11/Agosto/2012 - Página 21

Vençam! Em Kansai, o presidente Ikeda incentiva todos a vencer com base no princípio da vitória absoluta (novembro de 2007)

O critério para escolher um mestre


Como mostra o exemplo anterior, por não conhecer o caminho, você não chegaria a seu destino. Concluímos que um mestre da vida é fundamental.
Aquele que melhor aplica o princípio da vitória absoluta na própria vida é o mestre do Budismo.
O critério de escolha de um mestre da vida é a vitória absoluta, sendo esta a essência da Unicidade de Mestre e Discípulo.

O que é vitória absoluta?


Vitória absoluta significa a pessoa viver totalmente convicta de que, por meio da própria presença, é possível transformar tudo.
Essa convicção não corresponde a pensamentos positivos que conduzem a uma alienação da realidade.
Conquistar a vitória absoluta é manifestar a grande energia vital do estado de buda, que não envelhece nem morre. É uma condição conquistada por meio da fé.

Certeza absoluta


Se a energia vital do estado de Buda não envelhece nem morre, significa que nada pode superá-la. Nem mesmo os desafios do cotidiano podem vencê-la.
Se empregar essa energia vital para resolver seus problemas, a vitória torna-se uma certeza absoluta em sua vida.

A palavra “absoluta” dá qualidade à vitória por dois motivos:

Primeiro
Ela é uma condição interior, que não sofre
os abalos do ambiente externo.
Segundo
Um estado de vida que vence o sofrimento da morte.
Em outras palavras, significa desfrutar da abundante
energia vital em meio à sua realidade.

Fé é a vitória material e espiritual

Para facilitar o entendimento, vamos reforçar alguns conceitos:

Aspectos materiais
Correspondem a ganhos de bens, dinheiro etc.
Aspectos espirituais
Referem-se aos ganhos tais como títulos acadêmicos, saúde, honra, reconhecimento social etc.

É importante destacar...


...esses conceitos porque a fé, de acordo com o Budismo, não se limita somente aos aspectos espirituais. Fé é o estado de vida que une e domina os aspectos materiais e espirituais.
Quando limitamos a fé como algo espiritual, estamos limitando os benefícios que ela produz. Em outras palavras, as virtudes geradas pela fé permanecem invisíveis, sem manifestação no exterior. Por essa razão, apegar-se à visão errônea de que vitória absoluta corresponde somente ao aspecto espiritual é limitar e não produzir nenhum resultado prático. É viver na abstração.
Em resumo, de acordo com a visão budista:
Aspectos materiais e espirituais não existem separados. Todos os fenômenos apresentam ambas as características.

Recompensa e punição


Como a fé corresponde a um estado de liberdade insuperável, ela é a própria vitória absoluta.
O objetivo é desenvolver uma fé absoluta que supera até mesmo os sofrimentos do nascimento, envelhecimento, doença e morte, comuns a todos os seres.
A vitória absoluta é um vasto estado de vida que abarca todo o universo e não deve ser confundido somente com recompensas materiais ou espirituais.
Essa confusão ocorre muitas vezes porque a sociedade valoriza a reputação conquistada por meio da recompensa e punição.
Nitiren Daishonin, com sua perspicaz sabedoria, alertava que definir a vitória baseado no padrão de recompensa e punição da sociedade é um erro terrível, pois o resultado é sempre a derrota e o aumento da miséria de si mesmo e dos outros. Segundo Daishonin: “Seja tentado pelo bem ou ameaçado pelo mal, aquele que abandonar o Sutra de Lótus [princípio da vitória absoluta] terá o carma de inferno como destino” (END, v. 1, p. 167).
A decisão de recompensar e punir se baseia na vontade do governante [dos detentores do poder] e tem como objetivo manipular as pessoas.
A filosofia de Daishonin permanece atual quando observamos a impunidade — triste característica de nossa sociedade. Ela é uma prova de que muitas das decisões se baseiam em manobras movidas pela ambição de quem governa e a inércia de quem é manipulado.
No ambiente de trabalho, também existe a aplicação da “recompensa e punição”, ao observamos como se desenvolvem as relações entre chefes e funcionários. Num aspecto mais amplo, o princípio da recompensa e punição esclarece sobre as relações de poder que existem em todas as esferas da vida — seja no ambiente familiar, escolar, trabalho, governo etc.
A vitória absoluta supera a opressão do poder autoritário. É uma vitória que está acima dos ganhos e das perdas, porque cria felicidade a partir de qualquer acontecimento. Nessa condição, você não é mais manipulado pela recompensa e punição impostas pela sociedade, e ainda se torna um modelo para todos ao adquirir excelente reputação. Este é o princípio budista da “vitória ou derrota”.
Sobre isso, o presidente Ikeda comenta: “Meu mestre, Jossei Toda, costumava dizer: ‘A sociedade preocupa-se com a reputação; o governo, com a recompensa e punição; e o Budismo, com a vitória ou a derrota [princípio da vitória absoluta]’.
“Nem o modelo da sociedade (a reputação) nem o do governo (recompensa e punição) são suficientes para servir como base para nossa conduta, por não conter o padrão essencial da vida. Em outras palavras, eles não dão certeza se podemos ou não triunfar sobre as funções maléficas de nossa vida que nos levam à miséria.
“Naturalmente, isso não significa que devemos ignorar os padrões da sociedade e do governo. Eles estão inclusos no padrão do Budismo [vitória ou derrota]. Porque ao evidenciar nosso estado de buda [vitória absoluta] e mostrar a força de nosso caráter para combater as funções maléficas e vencê-las atendemos ao padrão da sociedade, obtendo excelente reputação, e somos capazes de tomar grandes decisões e agir corretamente conforme cada situação exige.
“Um modo de vida embasado no princípio de que ‘budismo é vitória ou derrota’ significa que nossos pensamentos, nossas palavras e ações não divergirão da realidade e nem desrespeitarão a dignidade da vida.
“Daishonin escreve: ‘Um buda é visto como o Supremo Líder do Mundo’. ‘Líder do Mundo’ é uma pessoa que se empenha corajosamente em meio à realidade da vida e da sociedade.
“Buda é aquele que, ao mesmo tempo em que luta corajosamente contra as funções maléficas e manifesta a força vital do estado de Buda, age de acordo com as normas e leis da sociedade” (BS, ed. no 1.989, 30 de maio de 2009, p. A8).

Por que o padrão da recompensa e punição é perigoso?


O padrão da recompensa e punição baseia-se em valores que mudam com uma rapidez surpreendente. Por mais que se esforce honestamente, você jamais é recompensado, pois ele depende da vontade de pessoas movidas por instintos destrutivos de autopreservação. Esse padrão é perigoso porque faz sua vida e a dos outros serem miseráveis. Portanto, seu resultado nunca será a felicidade.
Uma pessoa que adota a recompensa e punição julga utilizando como base somente o critério da vantagem pessoal.
De acordo com o Budismo, o padrão da vitória ou derrota corresponde ao padrão universal do respeito à dignidade da vida, que engloba os demais padrões. Adotá-lo como modelo trará a felicidade absoluta capaz de vencer qualquer obstáculo.
Independentemente das recompensas e das punições, conquistar a felicidade como ser humano é vitória; perder a fé e desistir de lutar é derrota.

Recompensa não é vitória


Nitiren Daishonin levava essa questão tão a sério que alertou seu discípulo Shijo Kingo, que na época lutava contra a opressão do poder autoritário, com a seguinte frase: “Mesmo que o senhor se torne o mais miserável dos mendigos, jamais desonre o Sutra de Lótus” (END, v. IV, p. 200).
Desonrar o Sutra de Lótus significa adotar a recompensa e punição, abrindo mão da vitória ou derrota, como padrão da sua vida. honrar o sutra de lótus é a vitória absoluta — a disposição de jamais desistir de lutar com base no padrão da vitória ou derrota.
Darcy Ribeiro, famoso antropólogo, escritor e político brasileiro, declarou: “Sou um homem de causas... vivi sempre pregando, lutando, como um cruzado, pelas causas que comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária. Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que venceram nessas batalhas”.
No contexto da frase, os vencedores das batalhas contribuíram para o aumento da miséria na sociedade. De um ponto de vista mais amplo, são os verdadeiros derrotados. A frase de Darcy Ribeiro expressa a miopia do padrão da recompensa e punição que visa a vantagens pessoais em detrimento da vida dos demais.

A diferença dos padrões


Adotar o padrão da recompensa e punição é como conduzir seu carro por uma estrada esburacada. Algumas vezes, você cai e fica impedido de continuar a viagem; outras, sofre acidentes e se fere.
No entanto, experimentar a vitória absoluta adotando o padrão da vitória ou derrota é como dirigir um carro confortável, equipado com a mais alta tecnologia, viajando numa estrada totalmente plana e segura, ao mesmo tempo em que contempla a bela paisagem ao seu redor.
Você não alcançará a vitória absoluta se vacilar constantemente, oscilando entre a esperança e o medo daquilo que lhe aguarda no futuro, como um carro que desvia dos buracos da estrada.
Adotando uma postura serena diante da vida, num estado de vida elevado tal como o carro que viaja por uma estrada plana, você evidenciará o extraordinário poder para conquistar a vitória absoluta.

A proposta do Budismo


O Budismo é vitória ou derrota e sua filosofia têm como prioridade apresentar um caminho seguro para cada ser humano experimentar a vitória absoluta em sua vida.
A vitória absoluta representa um comportamento, um estado de vida dotado com o máximo poder da fé. Este é o estado de Buda.
O comportamento de um Buda em termos práticos é cultivar a força interior capaz de dominar os problemas. É uma energia vital que se traduz em ações concretas que mudam qualquer realidade.
A pessoa que possui uma fé absoluta desfruta da eterna alegria e avança continuamente.
O presidente Ikeda afirma: “Com base na fé, estabelecemos um estado de vida que, não importando o que aconteça, experimentamos total alegria, esperança e convicção em nosso coração. Isso nos dá força para apoiarmos os que sofrem e, juntos, conquistarmos a felicidade absoluta.
“Embora seja difícil compreender o estado de vida de Nitiren Daishonin, certamente percebemos sua profunda alegria expressa em suas cartas. O presidente Toda certa ocasião descreveu o exílio de Daishonin à Ilha de Sado: ‘Em condições atuais, o exílio em Sado é comparável a ser banido para o Deserto do Saara’. E, mesmo assim, em meio a essa grande perseguição, Daishonin disse: ‘Sinto infinita alegria’” (BS, ed. no 1.527, 9 de outubro de 1999, p. 4).
Nitiren Daishonin enfrentou o extremo da recompensa e da punição, sendo punição o exílio e a sentença de morte; e a recompensa, o oferecimento do governo de doações e construção de templos.
Diante dessas situações, Nitiren Daishonin alcançou a condição de máxima liberdade e iluminação, ao construir uma fortaleza interior.

A fortaleza de mestre e discípulo


A fortaleza interior é a fé embasada na unicidade de mestre e discípulo, capaz de manifestar a vitória absoluta que vence qualquer obstáculo ou maldade.
O Budismo se resume à unicidade de mestre e discípulo. O padrão da vitória ou derrota é aprendido por meio da conduta de outro ser humano. Por isso, Nitiren Daishonin estabeleceu as práticas do Chakubuku e da recitação do nam-myoho-rengue-kyo diante do Gohonzon como a chave para manifestar a mesma condição que a dele, isto é, o estado de Buda.
A esse respeito, o presidente Ikeda ressalta: “Quando encontramos dificuldades, recitamos Daimoku para solucionar nossos problemas. Quando tristes, levamos nossa tristeza ao Gohonzon. Quando felizes, oramos com um profundo sentimento de gratidão. À medida que assim fazemos, continuamos a avançar, olhando para nossos problemas de um estado de vida elevado. Orar ao Gohonzon é expandir nossa energia vital por todo o universo. Essa condição nos permite sentir alegria ao observar impassivelmente os sofrimentos que existem em nossa vida.
“Sentir alegria não significa ausência de problemas. Justamente por termos problemas, recitamos Daimoku, produzindo uma forte energia vital” (Ibidem).

Mestre e discípulos unidos pela vitória absoluta


A vitória absoluta de Daishonin é o caminho aberto por ele para cada ser humano experimentar essa mesma condição de vida. E a vitória absoluta do presidente Ikeda é propagar essa mesma filosofia para mais de 192 países e territórios, onde existem discípulos que conduzem outras pessoas no mesmo caminho.
Para vencer os desafios da vida, enfrente cada problema, grande ou pequeno, com o mesmo espírito de luta que daishonin. Portanto, os desafios cotidianos são oportunidades para aplicar a unicidade de mestre e discípulo.
“‘O Budismo é vitória’, esta não é apenas uma citação ou uma sentença. É a essência da unicidade de mestre e discípulo no Budismo Nitiren”, afirma o presidente Ikeda. Unicidade é quando o discípulo vence assim como seu mestre e junto com ele.
O presidente Ikeda é o mestre do Kossen-rufu Mundial, porque comprova na própria vida o princípio da vitória absoluta. Por isso, diante de cada desafio, aplique fielmente a orientação do mestre. Unicidade de mestre e discípulo é vitória absoluta
No que se refere à unicidade de mestre e discípulo, o presidente Ikeda salienta: “Atuo dialogando no meu coração, todos os dias, com meu mestre, Jossei Toda, onde ele está sempre presente. Minha base é o Gosho, e foi Toda Sensei quem o leu com seu corpo, por meio de suas ações. ‘Se fosse Sensei, o que faria nessa situação?’, ‘Minha ação de hoje está de acordo com o espírito de Sensei?’, ‘Se Sensei me visse agora, ficaria feliz ou triste comigo?’ — sempre me perguntava. E vim encorajando a mim mesmo determinando que realizaria sem falta uma luta vitoriosa para trazer alegria ao meu mestre. Esta é a fonte da minha coragem. É a força motriz da contínua vitória.
“Unicidade de mestre e discípulo é viver fazendo do coração do mestre o seu próprio, e começa com o mestre existindo solenemente no seu coração, em todos os momentos. Não importando quanto fale altivamente sobre o caminho de mestre e discípulo, se não tiver o mestre no coração, já não é mais Budismo.
“Se o mestre estiver fora do seu coração, o comportamento do mestre e suas orientações não se tornarão critérios e direcionamentos para a sua vida e não permitirão que a base das suas ações seja os olhos, a avaliação e a sabedoria do mestre. Quando isso acontece, sem falta você decairá, e, na primeira oportunidade, negligenciará por meio de ações que não correspondem a um praticante budista; você passará a fazer as coisas apenas por fazer. Uma pessoa como esta não aprofunda sua prática budista nem faz a revolução humana.
“Se os líderes agirem assim, o espírito do Budismo se perderá e o puro mundo da fé acabará se tornando um mundo cuja prática é a ação baseada em ganhos e interesses [recompensa e punição]. A propagação da Lei existe ao se construir solidamente o grande caminho de mestre e discípulo no próprio coração” (BS, ed. no 2.138, 7 de julho de 2012, p. B2).

Conclusão


A VITÓRIA ABSOLUTA é a essência da unicidade de mestre e discípulo. Ela é a manifestação da energia vital do estado de Buda.
Essa energia vital é a força motriz da vitória, a disposição de jamais recuar. Quanto maior a dificuldade, mais forte a determinação.
Ao desfrutar da força do estado de Buda, naturalmente seu coração se torna dotado de BENEVOLÊNCIA pelo sofrimento dos outros. E nele brota o desejo sincero de COMPARTILHAR essa mesma força com as demais pessoas.
O presidente Toda costumava dizer: “Praticamos o Budismo Nitiren para conquistar a vitória absoluta. É de extrema importância que triunfemos em nossos trabalhos e em todas as áreas da nossa vida com esta determinação”. Ele também disse: “Budismo significa ser vitorioso. Se vamos nos empenhar numa luta, devemos fazê-lo com uma preparação cautelosa, com determinação e paixão; e vencer, sem falhas” (TC, ed. no 528, agosto de 2012, p. 63).
Na vida, existem muitos desafios. A chave para solucionar todos os problemas é a fé — aquela que eleva seu estado de vida e torna seu coração inabalável. Assim, você sempre encontra solução para tudo.
É fundamental, portanto, possuir a fé que dá abertura para a energia vital do estado de Buda. É dessa forma que se conquista a felicidade prometida pelo Budismo. Mesmo que lute contra a mais rigorosa das dificuldades ou diante das mais fascinantes tentações, jamais abandone a fé que é a própria vitória absoluta. Você viverá convicto de que a “boa sorte sou eu”.

Editora Brasil Seikyo Ltda.

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Reforme seu Coração e desperte para a vitória [1]

Edição 528 - Publicado em 11/Agosto/2012 - Página 16
A maior vitória para um ser humano é ele mesmo ser o roteirista e o protagonista do próprio destino. Ao assumir as rédeas da sua vida, você vence em tudo, dos pequenos aos grandes desafios. Ser feliz não é apenas enfrentar desafios; ser feliz é vencê-los. Nesta matéria, aprenda a reconhecer que a vitória absoluta é a fé — um estado de vida de absoluta felicidade e liberdade. E vença sempre!

Coração é a mente. A reforma interior nos capacita a manifestar o poder necessário para conquistar a vitória absoluta

Poeta do povo. Walt Whitman: revolucionário, de espírito forte e sem preconceitos

Reconstruir o coração


A felicidade absoluta nasce e é sustentada pelo coração. O coração é a mente que molda sua realidade. Ele é seu verdadeiro lar. Se deseja mudar sua realidade, não busque a felicidade fora de si mesmo. Ela existe dentro de você, e é aí que se encontra o poder necessário para conquistar a vitória absoluta. Por isso, construir um sólido e bonito coração é o propósito da prática budista.
Num diálogo, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, disse: “Se alguém que não possui dinheiro suficiente se hospeda num hotel cinco estrelas, recorrendo a medidas irracionais, mesmo que desfrute o luxo por um tempo, no final, sua realidade retornará e, então, ele terá de voltar à sua ‘humilde moradia’. Usando a mesma analogia, poderíamos dizer que o propósito da prática budista é, em vez de hospedar-se num hotel cinco estrelas, reformar a própria casa. Por meio de nossa prática, desenvolvemos um ser tal qual um esplêndido palácio” (BS, ed. no 1.501, 27 de março de 1999, p. A3).

Budismo, ciência e a felicidade


De acordo com o Budismo Nitiren, a felicidade não é absoluta quando se baseia no sucesso profissional, na saúde, no dinheiro, nos bens de consumo etc. A psicologia indica esse mesmo ponto de vista em alguns estudos. Segundo o psicólogo Daniel Kahneman, Prêmio Nobel de Economia de 2002, “a ideia de que o aumento de renda seja fonte de felicidade é uma perfeita ilusão. Toda vez que consideramos um aspecto de nossa vida — seja saúde, seja dinheiro, sucesso, amor etc. — manifestamos a tendência de lhe atribuir excessiva importância. É preciso considerar também que a avaliação da felicidade varia conforme o momento em que é realizada. Muitas pessoas acreditam que riqueza, sucesso no trabalho e harmonia conjugal nos tornam mais felizes. Na rea­lidade, se medíssemos constantemente o bem-estar de uma pessoa, o peso desses fatores seria muito diferente a cada momento. Ou seja: mesmo que desejemos fortemente alguma coisa, algum tempo após obtê-la descobrimos que não somos nem minimamente felizes do que éramos antes de consegui-la” (Revista Scientific American Mente e Cérebro, ed. no 30, p. 13).
Ao constatar que os fatores externos não são garantia de felicidade, a psicologia cognitiva tem buscado respostas sobre o que seria a fonte da felicidade absoluta cujos estudos ainda não chegaram a uma conclusão.
Por outro lado, foram encontrados elementos capazes de torná-la real como mostra o trecho a seguir: “Em linhas gerais, é possível afirmar que a felicidade não se resume a ter, nem a ser — está associada à experiência de sentir e vivenciar relacionamentos [relações sociais, diversão e trabalho]” (Ibidem, p. 17).
Esses tipos de relacionamentos não são suficientes para a felicidade absoluta, porque não são duradouros, portanto, não são absolutos.
No entanto, segundo o Budismo Nitiren, há um tipo de relacionamento que é eterno: a unicidade de mestre e discípulo.
Mestre e discípulo se unem e compartilham da missão de despertar as pessoas para a condição humana iluminada. E essa condição supera o tempo, pois não é vencida pelo ciclo vital do nascimento, envelhecimento, doença e morte.
Um exemplo claro disso é a SGI, que mantém vivo o espírito dos grandes mestres do Budismo na vida de pessoas em 192 países e territórios.
O presidente Ikeda afirma: “Certa vez, perguntei ao meu mestre, Jossei Toda, por que é importante dedicarmos a nossa vida à prática budista. Ele respondeu: ‘Em nosso planeta, as pessoas se matam em guerras; nossa economia está baseada na sobrevivência do mais apto, e não necessariamente conduz à felicidade humana. Além disso, muitos dos líderes da sociedade, que por direito deveriam ajudar os outros, desprezam e exploram as pessoas. O mesmo tipo de situação se encontra nas esferas da política, ciência, educação e religião. Você pode imaginar que este é o carma da humanidade, mas a sociedade é complexa e cheia de contradições. Em nenhum lugar encontramos um caminho fundamental pela felicidade para todas as pessoas como no Budismo. Somente Nitiren Daishonin estabeleceu o meio para transformar nosso carma. Ele ensinou o caminho da eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza de eterna realização e satisfação. Não há caminho mais elevado na vida do que este. Por isso, aqueles que dedicam inteiramente à sua prática budista, nunca se arrependerão” (TC, ed. no 498, fevereiro de 2010, p. 49).

O que é a fé para o Budismo Nitiren?


A fé é o que dá a abertura para a energia vital do estado de Buda se manifestar na vida diária.
O Buda Nitiren Daishonin esclarece sobre o que é a fé budista em “Abertura dos Olhos”: “Mesmo que os deuses me abandonem e todas as espécies de dificuldades me ocorram, ainda assim dedicarei minha vida em prol da Lei” (END, v. 1, p. 166). Nesta carta, Daishonin registrou sua determinação interior para despertar os discípulos que mantinham uma visão distorcida de que fé é esperar apenas a proteção dos deuses e a tranquilidade na vida diária. No poema Canto da Estrada Aberta, o poeta Walt Whitman resumiu em sua obra-prima a ideia que concorda com a visão do Budismo sobre a fé:
A pé e de coração leve
Eu enveredo pela estrada aberta,
Saudável, livre,
o mundo à minha frente.
...
Daqui em diante
Não peço mais boa sorte,
Boa sorte sou eu.

A convicção expressa no trecho “boa sorte sou eu” representa a fé absoluta, capaz de superar quaisquer provações e conquistar tudo aquilo que se deseja.
Essa fé é a própria felicidade absoluta, uma condição de vida que não depende de nenhum fator externo. Por isso, a felicidade, aquela que vem de dentro, é desfrutada agora. Conquistar essa condição no presente é vitória absoluta.

Quais são os primeiros passos para desfrutar da fé absoluta?


A resposta a esta questão é dada por meio de um exemplo simples.
Imagine que queira visitar a nova casa de um amigo. Como será a primeira vez, você sente certa insegurança, porque não quer errar o caminho. Ao olhar num mapa, fica sabendo que o bairro cresceu e diversas obras deixaram o percurso diferente do que está no papel. O medo de se perder é tanto que você desiste de ir.
Ao ligar para avisar seu amigo, ele se oferece para ir buscá-lo, pois faz questão de sua visita. Você confia nele, então surge a coragem para ir e a disposição se renova. Essa confiança brota porque seu amigo conhece bem o trajeto, por tê-lo percorrido diversas vezes.
Durante o percurso, mesmo que existam alguns contratempos que possam atrasar a viagem, seu coração está leve, pois você está acompanhado por alguém que conhece o caminho.
Agora que aprendeu o trajeto, é capaz de retornar várias vezes, servindo até mesmo de guia para outras pessoas.
No contexto desse exemplo, o amigo que conhece o trajeto porque o percorreu diversas vezes antes é o mestre. E você é o discípulo que trilha junto com ele para que na próxima vez retorne guiando novas pessoas.
A sensação de segurança, representada pelo coração leve, é a fé que nasce da certeza de que está no caminho certo.
Portanto, o primeiro passo para desfrutar da fé budista é ter um mestre e o segundo é aprender com ele o caminho. O terceiro passo é rea­lizar o trabalho igual ao dele, ou seja, conduzir outras pessoas pelo mesmo trajeto, despertando nelas a mesma sensação de segurança.
O presidente Ikeda afirma que “quando se levanta com o juramento do Buda, surge a mesma sabedoria e força que ele, e você passa a lutar como um buda. Não há existência mais honrosa e poderosa que essa!” (BS, ed. no 2.129, 28 de abril de 2012, p. 3).
Ao empreender as mesmas ações que o Mestre, você adquire a fé que corresponde à vitória absoluta.

Artigos


Conquiste saúde e longevidade!

Edição 528 - Publicado em 11/Agosto/2012 - Página 4

Traduzido do editorial do Dr. Daisaku Ikeda, presidente da SGI, publicado na revista Daibyakurengue, edição de agosto de 2012


Presidente Ikeda e sua esposa, Kaneko, encontram-se e conversam com a artista russa Natalia Satz, em 1990, na Rússia

O presidente Ikeda incentiva uma veterana da Soka Gakkai dizendo: “Por favor, tenha uma longa vida” (Okinawa, fevereiro de 1991)
Conquiste absolutamente
A vitória de sua saúde.
Sua vida é grandiosa
Por ser ela
Dedicada à missão.
Natalia Satz (1903–1993), fundadora do Teatro Estatal de Música para Crianças de Moscou, disse sorridente: “O ser humano é eternamente jovem quando empenha toda a sua alma e avança para realizar o ideal de sua vida”.1 Essa artista russa tinha grande admiração pela transbordante energia jovial das nossas integrantes da Divisão Feminina.2
A juventude é definida pelo “coração”. A idade pode chegar e o corpo envelhecer, mas o coração de quem luta em prol do Kossen-rufu se energiza junto dos companheiros e jamais envelhece.
No Registro dos Ensinos Orais, do Buda Nitiren Daishonin, consta: “Podemos afirmar que nossa cabeça corresponde a myo, nossa garganta a ho, nosso peito a ren, nosso estômago a gue e nossas pernas a kyo. Assim, esse nosso corpo de cinco pés [equivalente a 1,5 metro] constitui os cinco caracteres do Myoho-rengue-kyo” (GZ, p. 716). A essência do Budismo não está distante de nós, ou seja, não está separada da nossa vida. O corpo que recebemos de nossos pais é a mais preciosa entidade do Myoho-rengue-kyo.
Portanto, quando recitamos o Daimoku com todo o nosso ser — ­­com nossa cabeça e mente, nosso corpo e nossa voz — e nos dedicamos pela felicidade dos outros e pela realização da paz com base nos princípios humanistas do Budismo Nitiren, a suprema sabedoria e o poder ilimitado do Buda infalivelmente vão transbordar de nossa vida.
A fé na Lei Mística é a melhor e insuperável maneira de ter saúde. Por essa razão, devemos avançar diariamente com uma jovem e refrescante energia vital, determinando ter uma inabalável saúde, com base na prática do Gongyo como força de tração.
Como membros da SGI, todos nós trabalhamos para cumprir a missão do Kossen-rufu. Como resultado, às vezes estamos mais atarefados que a maioria das pessoas. Por isso, devemos usar nosso tempo com sabedoria e evitar desperdiçá-lo, aproveitando-o também para dormir o suficiente. Se acumularmos cansaço por exagero constante, abriremos as portas para a maldade da doença.
“A vida é o maior dos tesouros” (WND, v. 1, p. 1125), escreveu Nitiren Daishonin. Desejo que tenham a mais plena consciência sobre uma alimentação ideal, constituindo sua saúde física sem descuidos e tornando-se seu próprio médico e enfermeiro.
Nascimento, envelhecimento, doença e morte fazem parte da condição humana. Ninguém pode se livrar da doença em algum momento da vida.
Numa carta, Daishonin encoraja a monja leiga Myoshin, compartilhando o sofrimento de seu marido que lutava contra uma doença. Ele afirma que, por meio de sua longa batalha contra a enfermidade, o esposo de Myoshin havia sido motivado a buscar o caminho do Buda dia e noite sem cessar (cf. WND, v. 1, p. 938).
A doença não é sinal de uma fé fraca. A verdadeira função da doença é fortalecer a prática da fé ainda mais, ser o ponto crucial para a revolução humana e aprofundar nossa condição de vida para manifestarmos o estado de Buda neste momento. Por isso, quando a pessoa encara a maldade da doença sem medo, desperta para sua realidade e percebe como sua vida é digna. No coração da pessoa que está determinada a viver sempre com a Lei Mística, encontra-se a eterna vida de um buda.
Em outra carta, desta vez para Shijo Kingo e sua esposa, que batalhavam contra a doença de sua pequenina filha, Nitiren Daishonin bradou: “Se considerarmos o poder do Sutra de Lótus, veremos a juventude e a vida eternas diante de nossos olhos” (WND, v. 1, p. 413).
Não importa qual doença ou adversidade aconteça com você ou com um ente querido. Vença absolutamente todos os sofrimentos recitando um poderoso Daimoku que ressoa em toda a sua família, tal como o rugido do leão. Incentive e sirva de exemplo para os outros por meio de uma vida brilhante de vitórias, dotada das quatro virtudes da eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.
Jamais esqueço de uma senhora, mãe do Kossen-rufu de Nagasaki, que conquistou extraordinária vitória sobre um tumor no cérebro no início de sua prática. Ela não mediu esforços para manter constante proteção aos companheiros contra a perseguição dos reverendos perversos em várias ilhas de sua região.
Atualmente, esta admirável integrante da DF, aos 87 anos, continua a orar fervorosamente e afirma: “Jamais posso perdoar os Três Obstáculos e as Quatro Maldades que provocam o sofrimento dos companheiros!” E diz ainda: “O segredo da minha boa saúde é dialogar e incentivar os jovens para ampliar os diálogos de paz”. Ela é muito querida pelos amigos que dizem que só de ouvir a voz dela já melhora a disposição de todos.
Meu mestre, o segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, bradava: “Daishonin diz que a voz executa o trabalho do Buda. Portanto, a energia do Buda aumenta quando a pessoa expressa sua corajosa voz. E ainda evidencia a energia vital que revigora a vida da outra pessoa!”
Hoje, mais uma vez, vamos lutar e dialogar alegremente com uma voz que ressoe a coragem capaz de dispersar qualquer maldade da doença!
Oro pela saúde e
Longevidade de
Meus companheiros
E faço meu juramento pela
Vitoriosa conclusão do
Castelo Soka.
Notas:
1. Traduzido do japonês. Artigo do jornal Seikyo Shimbun, de 2 de dezembro de 1990.
2. Ibidem.

Editora Brasil Seikyo Ltda.

Iniciantes


Fé absoluta é vitória absoluta

Edição 528 - Publicado em 11/Agosto/2012 - Página 44
A fé é a vitória absoluta. Por isso, desperte essa fé absoluta em sua vida. O caminho é definir qual é o propósito da sua vida e da prática budista.

Faça a escolha certa


A escolha mais importante para uma pessoa é a forma como ela pretende viver. Existem várias maneiras: com alegria ou com tristeza, cheia de amarguras e infortúnios ou com entusiasmo e vitórias.

Você define a alegria ou a tristeza


Você pode imaginar que existem diversos motivos que determinam cada situação, que, aparentemente, estão fora do seu controle. Por exemplo, a situação econômica do país. Mas, mesmo em meio a uma crise social, quem define a alegria e a tristeza, o sucesso e o fracasso é você.

Vencer com a prática budista


O desejo pela felicidade você tem. E esse desejo pode se fortalecer a ponto de vencer as diversas circunstâncias que o impedem de realizá-lo. A prática budista existe para que você ative na sua vida o grande poder da Lei Mística capaz de fazê-lo triunfar.

Decisão e oração


Pratique o Budismo com propósitos positivos e claramente definidos. O primeiro passo é recitar o Nam-myoho-rengue-kyo com a certeza de que sua vida será cheia de alegrias e realizações admiráveis. A prática da fé funciona na medida em que você determina a forma como os resultados se manifestam. Assegure-se de que esse resultado seja a iluminação.

Nobreza nas ações


Tendo um estado de vida iluminado como ponto de partida, suas ações tornam-se corretas e cheias de entusiasmo. Um nobre coração traz nobreza para suas ações.

Vença tudo


A prática budista garante que sua fé se torne absoluta, porque sua vida entra na órbita da Lei Mística. Viver nessa órbita é desfrutar internamente de uma ilimitada energia vital capaz de vencer tudo, ou seja, a vitória absoluta.

Lei da vitória absoluta


O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, afirma: “O Nam-myoho-rengue-kyo é certamente a Lei da vitória absoluta. É o Budismo que nos possibilita conquistar uma vida serena e afortunada, possuidora das quatro virtudes iluminadas da eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.”

Riqueza incalculável


“Abraçar o Nam-myoho-rengue-kyo significa possuir uma imensurável riqueza, muito maior que uma gigantesca mansão e todos os tipos de tesouro.”

Lei do universo


“O Nam-myoho-rengue-kyo são a vida e a Lei básica do grande universo. Não há com o que se preo­cupar desde que recite o Nam-myoho-rengue-kyo. (...) A fé e a prática budista existem para a nossa felicidade e vitória.”

Estrada da felicidade


“Vamos viver com base no grandioso Budismo, conquistando serenamente vitórias e mais vitórias. Junto com seus familiares e amigos, avancem radiante e destemidamente pela estrada da felicidade chamada Budismo.”

Conclusão


“A vida existe para ser desfrutada plenamente. Jamais façam dela um turbilhão de infelicidade, tristezas, sofrimentos e derrotas. Ela não será assim desde que mantenham a prática da Lei Mística. Esse é o ensinamento do Buda Nitiren Daishonin. Como isso é extraordinário! Vamos, todos nós, desfrutar uma vida de contí­nuas vitórias, de alegria, de grande satisfação e valor! A prática da fé budista existe exatamente para isso!” Dr. Daisaku Ikeda
Fonte: BS, ed. no 2.024, 27 de fevereiro de 2010, p. A2.