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Reforme seu Coração e desperte para a vitória [2]
Edição 528 - Publicado em 11/Agosto/2012 - Página 21
Vençam! Em Kansai, o presidente Ikeda incentiva todos a vencer com base no princípio da vitória absoluta (novembro de 2007)
O critério para escolher um mestre
Como
mostra o exemplo anterior, por não conhecer o caminho, você não chegaria
a seu destino. Concluímos que um mestre da vida é fundamental.
Aquele que melhor aplica o princípio da vitória absoluta na própria vida é o mestre do Budismo.
O critério de escolha de um mestre da vida é a vitória absoluta, sendo esta a essência da Unicidade de Mestre e Discípulo.
O que é vitória absoluta?
Vitória absoluta significa a pessoa viver totalmente convicta de que, por meio da própria presença, é possível transformar tudo.
Essa convicção não corresponde a pensamentos positivos que conduzem a uma alienação da realidade.
Conquistar
a vitória absoluta é manifestar a grande energia vital do estado de
buda, que não envelhece nem morre. É uma condição conquistada por meio
da fé.
Certeza absoluta
Se a energia vital do estado de Buda
não envelhece nem morre, significa que nada pode superá-la. Nem mesmo
os desafios do cotidiano podem vencê-la.
Se empregar essa energia vital para resolver seus problemas, a vitória torna-se uma certeza absoluta em sua vida.
A palavra “absoluta” dá qualidade à vitória por dois motivos:
Primeiro
Ela é uma condição interior, que não sofre
os abalos do ambiente externo.
Segundo
Um estado de vida que vence o sofrimento da morte.
Em outras palavras, significa desfrutar da abundante
energia vital em meio à sua realidade.
Fé é a vitória material e espiritual
Para facilitar o entendimento, vamos reforçar alguns conceitos:
Aspectos materiais
Correspondem a ganhos de bens, dinheiro etc.
Aspectos espirituais
Referem-se aos ganhos tais como títulos acadêmicos, saúde, honra, reconhecimento social etc.
É importante destacar...
...esses conceitos porque a
fé, de acordo com o Budismo, não se limita somente aos aspectos
espirituais. Fé é o estado de vida que une e domina os aspectos
materiais e espirituais.
Quando limitamos a fé como algo espiritual,
estamos limitando os benefícios que ela produz. Em outras palavras, as
virtudes geradas pela fé permanecem invisíveis, sem manifestação no
exterior. Por essa razão, apegar-se à visão errônea de que vitória
absoluta corresponde somente ao aspecto espiritual é limitar e não
produzir nenhum resultado prático. É viver na abstração.
Em resumo, de acordo com a visão budista:
Aspectos materiais e espirituais não existem separados. Todos os fenômenos apresentam ambas as características.
Recompensa e punição
Como a fé corresponde a um estado de liberdade insuperável, ela é a própria vitória absoluta.
O
objetivo é desenvolver uma fé absoluta que supera até mesmo os
sofrimentos do nascimento, envelhecimento, doença e morte, comuns a
todos os seres.
A vitória absoluta é um vasto estado de vida que
abarca todo o universo e não deve ser confundido somente com recompensas
materiais ou espirituais.
Essa confusão ocorre muitas vezes porque a sociedade valoriza a reputação conquistada por meio da recompensa e punição.
Nitiren
Daishonin, com sua perspicaz sabedoria, alertava que definir a vitória
baseado no padrão de recompensa e punição da sociedade é um erro
terrível, pois o resultado é sempre a derrota e o aumento da miséria de
si mesmo e dos outros. Segundo Daishonin: “Seja tentado pelo bem ou
ameaçado pelo mal, aquele que abandonar o Sutra de Lótus [princípio da
vitória absoluta] terá o carma de inferno como destino” (END, v. 1, p.
167).
A decisão de recompensar e punir se baseia na vontade do
governante [dos detentores do poder] e tem como objetivo manipular as
pessoas.
A filosofia de Daishonin permanece atual quando observamos a
impunidade — triste característica de nossa sociedade. Ela é uma prova
de que muitas das decisões se baseiam em manobras movidas pela ambição
de quem governa e a inércia de quem é manipulado.
No ambiente de
trabalho, também existe a aplicação da “recompensa e punição”, ao
observamos como se desenvolvem as relações entre chefes e funcionários.
Num aspecto mais amplo, o princípio da recompensa e punição esclarece
sobre as relações de poder que existem em todas as esferas da vida —
seja no ambiente familiar, escolar, trabalho, governo etc.
A vitória
absoluta supera a opressão do poder autoritário. É uma vitória que está
acima dos ganhos e das perdas, porque cria felicidade a partir de
qualquer acontecimento. Nessa condição, você não é mais manipulado pela
recompensa e punição impostas pela sociedade, e ainda se torna um modelo
para todos ao adquirir excelente reputação. Este é o princípio budista
da “vitória ou derrota”.
Sobre isso, o presidente Ikeda comenta: “Meu
mestre, Jossei Toda, costumava dizer: ‘A sociedade preocupa-se com a
reputação; o governo, com a recompensa e punição; e o Budismo, com a
vitória ou a derrota [princípio da vitória absoluta]’.
“Nem o modelo
da sociedade (a reputação) nem o do governo (recompensa e punição) são
suficientes para servir como base para nossa conduta, por não conter o
padrão essencial da vida. Em outras palavras, eles não dão certeza se
podemos ou não triunfar sobre as funções maléficas de nossa vida que nos
levam à miséria.
“Naturalmente, isso não significa que devemos
ignorar os padrões da sociedade e do governo. Eles estão inclusos no
padrão do Budismo [vitória ou derrota]. Porque ao evidenciar nosso
estado de buda [vitória absoluta] e mostrar a força de nosso caráter
para combater as funções maléficas e vencê-las atendemos ao padrão da
sociedade, obtendo excelente reputação, e somos capazes de tomar grandes
decisões e agir corretamente conforme cada situação exige.
“Um modo
de vida embasado no princípio de que ‘budismo é vitória ou derrota’
significa que nossos pensamentos, nossas palavras e ações não divergirão
da realidade e nem desrespeitarão a dignidade da vida.
“Daishonin
escreve: ‘Um buda é visto como o Supremo Líder do Mundo’. ‘Líder do
Mundo’ é uma pessoa que se empenha corajosamente em meio à realidade da
vida e da sociedade.
“Buda é aquele que, ao mesmo tempo em que luta
corajosamente contra as funções maléficas e manifesta a força vital do
estado de Buda, age de acordo com as normas e leis da sociedade” (BS,
ed. no 1.989, 30 de maio de 2009, p. A8).
Por que o padrão da recompensa e punição é perigoso?
O
padrão da recompensa e punição baseia-se em valores que mudam com uma
rapidez surpreendente. Por mais que se esforce honestamente, você jamais
é recompensado, pois ele depende da vontade de pessoas movidas por
instintos destrutivos de autopreservação. Esse padrão é perigoso porque
faz sua vida e a dos outros serem miseráveis. Portanto, seu resultado
nunca será a felicidade.
Uma pessoa que adota a recompensa e punição julga utilizando como base somente o critério da vantagem pessoal.
De
acordo com o Budismo, o padrão da vitória ou derrota corresponde ao
padrão universal do respeito à dignidade da vida, que engloba os demais
padrões. Adotá-lo como modelo trará a felicidade absoluta capaz de
vencer qualquer obstáculo.
Independentemente das recompensas e das
punições, conquistar a felicidade como ser humano é vitória; perder a fé
e desistir de lutar é derrota.
Recompensa não é vitória
Nitiren Daishonin levava
essa questão tão a sério que alertou seu discípulo Shijo Kingo, que na
época lutava contra a opressão do poder autoritário, com a seguinte
frase: “Mesmo que o senhor se torne o mais miserável dos mendigos,
jamais desonre o Sutra de Lótus” (END, v. IV, p. 200).
Desonrar o
Sutra de Lótus significa adotar a recompensa e punição, abrindo mão da
vitória ou derrota, como padrão da sua vida. honrar o sutra de lótus é a
vitória absoluta — a disposição de jamais desistir de lutar com base no
padrão da vitória ou derrota.
Darcy Ribeiro, famoso antropólogo,
escritor e político brasileiro, declarou: “Sou um homem de causas...
vivi sempre pregando, lutando, como um cruzado, pelas causas que
comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a escolarização
das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a
universidade necessária. Na verdade, somei mais fracassos que vitórias
em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado
dos que venceram nessas batalhas”.
No contexto da frase, os
vencedores das batalhas contribuíram para o aumento da miséria na
sociedade. De um ponto de vista mais amplo, são os verdadeiros
derrotados. A frase de Darcy Ribeiro expressa a miopia do padrão da
recompensa e punição que visa a vantagens pessoais em detrimento da vida
dos demais.
A diferença dos padrões
Adotar o padrão da recompensa
e punição é como conduzir seu carro por uma estrada esburacada. Algumas
vezes, você cai e fica impedido de continuar a viagem; outras, sofre
acidentes e se fere.
No entanto, experimentar a vitória absoluta
adotando o padrão da vitória ou derrota é como dirigir um carro
confortável, equipado com a mais alta tecnologia, viajando numa estrada
totalmente plana e segura, ao mesmo tempo em que contempla a bela
paisagem ao seu redor.
Você não alcançará a vitória absoluta se
vacilar constantemente, oscilando entre a esperança e o medo daquilo que
lhe aguarda no futuro, como um carro que desvia dos buracos da estrada.
Adotando
uma postura serena diante da vida, num estado de vida elevado tal como o
carro que viaja por uma estrada plana, você evidenciará o
extraordinário poder para conquistar a vitória absoluta.
A proposta do Budismo
O Budismo é vitória ou derrota e
sua filosofia têm como prioridade apresentar um caminho seguro para
cada ser humano experimentar a vitória absoluta em sua vida.
A vitória absoluta representa um comportamento, um estado de vida dotado com o máximo poder da fé. Este é o estado de Buda.
O
comportamento de um Buda em termos práticos é cultivar a força interior
capaz de dominar os problemas. É uma energia vital que se traduz em
ações concretas que mudam qualquer realidade.
A pessoa que possui uma fé absoluta desfruta da eterna alegria e avança continuamente.
O
presidente Ikeda afirma: “Com base na fé, estabelecemos um estado de
vida que, não importando o que aconteça, experimentamos total alegria,
esperança e convicção em nosso coração. Isso nos dá força para apoiarmos
os que sofrem e, juntos, conquistarmos a felicidade absoluta.
“Embora
seja difícil compreender o estado de vida de Nitiren Daishonin,
certamente percebemos sua profunda alegria expressa em suas cartas. O
presidente Toda certa ocasião descreveu o exílio de Daishonin à Ilha de
Sado: ‘Em condições atuais, o exílio em Sado é comparável a ser banido
para o Deserto do Saara’. E, mesmo assim, em meio a essa grande
perseguição, Daishonin disse: ‘Sinto infinita alegria’” (BS, ed. no
1.527, 9 de outubro de 1999, p. 4).
Nitiren Daishonin enfrentou o
extremo da recompensa e da punição, sendo punição o exílio e a sentença
de morte; e a recompensa, o oferecimento do governo de doações e
construção de templos.
Diante dessas situações, Nitiren Daishonin
alcançou a condição de máxima liberdade e iluminação, ao construir uma
fortaleza interior.
A fortaleza de mestre e discípulo
A fortaleza
interior é a fé embasada na unicidade de mestre e discípulo, capaz de
manifestar a vitória absoluta que vence qualquer obstáculo ou maldade.
O
Budismo se resume à unicidade de mestre e discípulo. O padrão da
vitória ou derrota é aprendido por meio da conduta de outro ser humano.
Por isso, Nitiren Daishonin estabeleceu as práticas do Chakubuku e da
recitação do nam-myoho-rengue-kyo diante do Gohonzon como a chave para
manifestar a mesma condição que a dele, isto é, o estado de Buda.
A
esse respeito, o presidente Ikeda ressalta: “Quando encontramos
dificuldades, recitamos Daimoku para solucionar nossos problemas. Quando
tristes, levamos nossa tristeza ao Gohonzon. Quando felizes, oramos com
um profundo sentimento de gratidão. À medida que assim fazemos,
continuamos a avançar, olhando para nossos problemas de um estado de
vida elevado. Orar ao Gohonzon é expandir nossa energia vital por todo o
universo. Essa condição nos permite sentir alegria ao observar
impassivelmente os sofrimentos que existem em nossa vida.
“Sentir
alegria não significa ausência de problemas. Justamente por termos
problemas, recitamos Daimoku, produzindo uma forte energia vital”
(Ibidem).
Mestre e discípulos unidos pela vitória absoluta
A
vitória absoluta de Daishonin é o caminho aberto por ele para cada ser
humano experimentar essa mesma condição de vida. E a vitória absoluta do
presidente Ikeda é propagar essa mesma filosofia para mais de 192
países e territórios, onde existem discípulos que conduzem outras
pessoas no mesmo caminho.
Para vencer os desafios da vida, enfrente
cada problema, grande ou pequeno, com o mesmo espírito de luta que
daishonin. Portanto, os desafios cotidianos são oportunidades para
aplicar a unicidade de mestre e discípulo.
“‘O Budismo é vitória’,
esta não é apenas uma citação ou uma sentença. É a essência da unicidade
de mestre e discípulo no Budismo Nitiren”, afirma o presidente Ikeda.
Unicidade é quando o discípulo vence assim como seu mestre e junto com
ele.
O presidente Ikeda é o mestre do Kossen-rufu Mundial, porque
comprova na própria vida o princípio da vitória absoluta. Por isso,
diante de cada desafio, aplique fielmente a orientação do mestre.
Unicidade de mestre e discípulo é vitória absoluta
No que se refere à unicidade de mestre e discípulo, o presidente
Ikeda salienta: “Atuo dialogando no meu coração, todos os dias, com meu
mestre, Jossei Toda, onde ele está sempre presente. Minha base é o
Gosho, e foi Toda Sensei quem o leu com seu corpo, por meio de suas
ações. ‘Se fosse Sensei, o que faria nessa situação?’, ‘Minha ação de
hoje está de acordo com o espírito de Sensei?’, ‘Se Sensei me visse
agora, ficaria feliz ou triste comigo?’ — sempre me perguntava. E vim
encorajando a mim mesmo determinando que realizaria sem falta uma luta
vitoriosa para trazer alegria ao meu mestre. Esta é a fonte da minha
coragem. É a força motriz da contínua vitória.
“Unicidade de mestre e
discípulo é viver fazendo do coração do mestre o seu próprio, e começa
com o mestre existindo solenemente no seu coração, em todos os momentos.
Não importando quanto fale altivamente sobre o caminho de mestre e
discípulo, se não tiver o mestre no coração, já não é mais Budismo.
“Se
o mestre estiver fora do seu coração, o comportamento do mestre e suas
orientações não se tornarão critérios e direcionamentos para a sua vida e
não permitirão que a base das suas ações seja os olhos, a avaliação e a
sabedoria do mestre. Quando isso acontece, sem falta você decairá, e,
na primeira oportunidade, negligenciará por meio de ações que não
correspondem a um praticante budista; você passará a fazer as coisas
apenas por fazer. Uma pessoa como esta não aprofunda sua prática budista
nem faz a revolução humana.
“Se os líderes agirem assim, o espírito
do Budismo se perderá e o puro mundo da fé acabará se tornando um mundo
cuja prática é a ação baseada em ganhos e interesses [recompensa e
punição]. A propagação da Lei existe ao se construir solidamente o
grande caminho de mestre e discípulo no próprio coração” (BS, ed. no
2.138, 7 de julho de 2012, p. B2).
Conclusão
A VITÓRIA ABSOLUTA é a essência da unicidade de mestre e discípulo. Ela é a manifestação da energia vital do estado de Buda.
Essa
energia vital é a força motriz da vitória, a disposição de jamais
recuar. Quanto maior a dificuldade, mais forte a determinação.
Ao
desfrutar da força do estado de Buda, naturalmente seu coração se torna
dotado de BENEVOLÊNCIA pelo sofrimento dos outros. E nele brota o desejo
sincero de COMPARTILHAR essa mesma força com as demais pessoas.
O
presidente Toda costumava dizer: “Praticamos o Budismo Nitiren para
conquistar a vitória absoluta. É de extrema importância que triunfemos
em nossos trabalhos e em todas as áreas da nossa vida com esta
determinação”. Ele também disse: “Budismo significa ser vitorioso. Se
vamos nos empenhar numa luta, devemos fazê-lo com uma preparação
cautelosa, com determinação e paixão; e vencer, sem falhas” (TC, ed. no
528, agosto de 2012, p. 63).
Na vida, existem muitos desafios. A
chave para solucionar todos os problemas é a fé — aquela que eleva seu
estado de vida e torna seu coração inabalável. Assim, você sempre
encontra solução para tudo.
É fundamental, portanto, possuir a fé
que dá abertura para a energia vital do estado de Buda. É dessa forma
que se conquista a felicidade prometida pelo Budismo. Mesmo que lute
contra a mais rigorosa das dificuldades ou diante das mais fascinantes
tentações, jamais abandone a fé que é a própria vitória absoluta. Você
viverá convicto de que a “boa sorte sou eu”.
Editora Brasil Seikyo Ltda.