O espírito de levantar-se só é a essência da SGI

Edição 532 - Publicado em 08/Dezembro/2012 - Página 42

[10] Os Benefícios do Sutra de Lótus (Carta a Myomitsu Shonin)

Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda

VAMOS VENCER Líderes da CRE decidem a vitória de 2013 (CCCamp, outubro de 2012)

VASTO E ILIMITADO Um gota é pequena e frágil até fazer parte do oceano. A partir daí não se conhece força mais poderosa. Isso é o estado de Buda

SORRISOS KAYO Membros do Grupo Cerejeira da DFJ se reúnem alegremente no Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda, em São Paulo, em 4 de outubro deste ano

“CORACIÓN LATINO” Jovens da América Latina dão o ‘grito de vitória’ no palco da Reunião Nacional de Líderes em Tóquio, em setembro de 2011

IMPONENTE O Monte Fuji, assim como todas as montanhas, também se iniciou de uma única partícula de pó, e agora, majestoso e imperturbável, observa a Universidade Soka do Japão

RAINHAS DA FELICIDADE As integrantes do Mamorukai celebram os 35 anos de fundação do grupo, no Auditório da Paz, no dia 11 de novembro deste ano

Trechos da carta
“Os Benefícios do Sutra de Lótus”

O primeiro dos cinco preceitos é não tirar a vida, e o dos seis paramita é o donativo. Os dez bons preceitos, os 250 preceitos, os dez preceitos principais, e todas as outras regras de conduta começam com a proibição contra o ato de tirar a vida.

Todo ser, do mais alto sábio ao menor mosquito ou piolho, mantém a vida como seu bem mais precioso. Privar um ser de viver é cometer o mais grave tipo de pecado.
Quando Aquele que Assim Chega [Buda] surgiu neste mundo, ele fez da benevolência por todas as coisas vivas a sua base. E, como uma expressão da benevolência por todas as coisas vivas, abster-se de tirar a vida e prover o sustento dos seres vivos são os preceitos mais importantes.

Ao proporcionar o sustento de outra pessoa, obtêm-se os três tipos de benefícios. Primeiro, a pessoa sustenta a própria vida. Segundo, traz cor à sua face. Terceiro, ganha-se força (END, v. V, p. 233).
***
Se investigarmos a origem do Monte Sumeru, descobriremos que ele começou com uma única partícula de poeira; igualmente, o grande oceano começou com uma única gota de orvalho. Um mais um são dois, dois tornam-se três e assim por diante, para então formar dez, cem, mil, dez mil, cem mil, ou um asamkhya. No entanto, “um” é a mãe do todo (END, v. V, p. 234). (...)

O Bodhisattva Práticas Superiores, a quem é confiado o Daimoku, o âmago do ensinamento fundamental, ainda não tinha aparecido no mundo. Mas agora ele surgirá nos Últimos Dias da Lei e propagará os cinco ideogramas do Myoho-rengue-kyo a todas as nações e a todos os povos de Jambudvipa [o mundo inteiro]. Certamente, ele [o Myoho-rengue-kyo] se propagará da mesma forma que a invocação do nome de Amida se difundiu por todo o Japão no momento presente.

Eu, Nitiren, não sou fundador de uma escola nem seguidor de qualquer velha escola nos Últimos Dias da Lei. Sou um sacerdote sem preceitos, nem os mantenho e nem os quebro. Sou um simples [ser], como um boi ou uma ovelha, que não é nem especialmente sábio nem ignorante.

Por que fui o primeiro a recitar da forma como faço? O Bodhisattva Práticas Superiores destina-se a cumprir seu advento neste mundo para propagar os cinco ideogramas do Myoho-rengue-kyo. Mas, mesmo antes de ele aparecer, comecei a recitar as palavras Nam-myoho-rengue-kyo, como se estivesse falando num sonho, mal sabia o que estava fazendo, e assim eu as recito agora (END, v. V, p. 236-237).

***
Contudo, sou diferente de tais pessoas. Defendo firmemente o ensinamento de que o Sutra de Lótus é supremo dentre os sutras que o Buda pregou, prega agora e pregará. Além disso, recito Daimoku, que é o coração do Sutra inteiro, e recomendo que os outros façam o mesmo. Embora a artemísia que cresce no campo de cânhamo ou a madeira marcada para o corte com uma linha de tinta de carpinteiro não se desenvolvam de forma linear no início, no tempo certo elas ficarão naturalmente retas. Do mesmo modo, quem recita Daimoku como o Sutra de Lótus ensina, jamais terá uma mente distorcida. O senhor deve saber que, a menos que a mente do Buda penetre em nossa vida, não podemos de fato recitar Daimoku (END, v. V, p. 238).
***
Em todo o Japão, sou o único que recita Nam-myoho-rengue-kyo. Sou como a única partícula de pó que marca o início do Monte Sumeru ou a gota de orvalho que anuncia o começo do grande oceano. Provavelmente, duas, três, dez, cem pessoas se unirão a essa recitação, até que se espalhe por uma, duas e todas as 66 províncias do Japão, e chegará até mesmo às duas ilhas de Iki e Tsushima. As pessoas que me caluniaram, quando chegar o tempo, recitarão da mesma forma, e todos, do governante à multidão comum, recitarão Nam-myoho-rengue-kyo em uma só voz, conforme descrito no capítulo “Os Poderes Místicos do Buda”, do Sutra de Lótus. Embora as árvores possam desejar permanecer quietas, o vento não deixa de soprar; embora possamos desejar que a primavera se prolongue, ela deve dar lugar ao verão (END, v. V, p. 241).
***
Em vista disso, sua sinceridade em enviar um presente de cinco cordões de moedas sempre que surge a oportunidade realmente o habilita a ser conhecido como alguém que propaga o Daimoku do Sutra de Lótus, no Japão. [Quando] a primeira pessoa, seguida por outras duas, por mil, por dez mil, por cem mil e depois todas as pessoas de todo o país vierem a recitar Daimoku, antes que perceba, os benefícios se acumularão em sua vida. Esses benefícios serão como as gotas de orvalho que se juntam para formar o grande oceano ou as partículas de poeira que se acumulam para tornar-se o Monte Sumeru. (...)

Quanto mais o ouro é aquecido pelas chamas, mais brilhante será sua cor; quanto mais uma espada for amolada, mais afiada se tornará. E quanto mais a pessoa louva os benefícios do Sutra de Lótus, os próprios benefícios aumentarão. Tenha em mente que os 28 capítulos do Sutra de Lótus contêm apenas algumas poucas passagens elucidando a verdade, mas uma grande quantidade de palavras de louvor (END, v. V, p. 242-243).

Explanação


Meu mestre, o segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, disse com profunda determinação: “Vou lutar pelo Kossen-rufu, mesmo que ninguém mais o faça ou que eu fique sozinho”. Como seu discípulo, dediquei-me com o mesmo espírito de levantar-se só, firmemente decidido a atuar pelo Kossen-rufu e abrir o caminho, não importando qual fosse a situação.

“Tudo começa comigo e começa agora!” Enquanto mantivermos o espírito do rei leão, de levantar-se só, triunfamos absolutamente sobre todas as adversidades.

O nobre empreendimento do Kossen-rufu nos Últimos Dias da Lei começou com a grandiosa luta de não poupar a própria vida, de Nitiren Daishonin, que se levantou sozinho com o juramento Seigan de lutar pela felicidade de toda a humanidade. Da mesma forma, o atual fluxo do Kossen-rufu que vemos hoje também começou com Tsunessaburo Makiguti e Jossei Toda, nosso primeiro e segundo presidentes, que se levantaram para praticar corretamente os ensinamentos de Daishonin e para estabelecer a Soka Gakkai. “Levantar-se só” é a própria essência do espírito de fundação da SGI.

Com isso em mente, gostaria de discutir sobre a “Os Benefícios do Sutra de Lótus”, uma escritura que capta com máxima vivacidade o espírito de Nitiren Daishonin contido em seu juramento de lutar pela felicidade da humanidade na era maléfica dos Últimos Dias da Lei.

Nitiren Daishonin escreveu esta carta em março de 1276 e a endereçou a um discípulo chamado Myomitsu,1 que, de acordo com o conteúdo da carta, enviava oferecimentos regularmente a Daishonin.
Neste escrito, ele explica que a luta para abrir o caminho para a felicidade de todas as pessoas dos dez mil anos e mais, dos Últimos Dias da Lei, começou com os seus solitários e pioneiros esforços. Ele também declara que o tempo do Kossen-rufu chegará — um tempo em que todas as pessoas, em todos os lugares, recitarão Nam-myoho-rengue-kyo. Além disso, Daishonin assegura a Myomitsu que ele e sua esposa receberão, sem dúvida, ilimitados benefícios pelo incondicional apoio que dedicavam a ele [Daishonin] e também pelo nascente movimento de ampla propagação da Lei Mística.
 O primeiro dos cinco preceitos2 é não tirar a vida, e o dos seis paramita3 é o donativo. Os dez bons preceitos,4 os 250 preceitos,5 os dez preceitos principais,6 e todas as outras regras de conduta começam com a proibição contra o ato de tirar a vida.
Todo ser, do mais alto sábio ao menor mosquito ou piolho, mantém a vida como seu bem mais precioso. Privar um ser de viver é cometer o mais grave tipo de pecado.
Quando Aquele que Assim Chega [Buda] surgiu neste mundo, ele fez da benevolência por todas as coisas vivas a sua base. E, como uma expressão da benevolência por todas as coisas vivas, abster-se de tirar a vida e prover o sustento dos seres vivos são os preceitos mais importantes.
Ao proporcionar o sustento de outra pessoa, obtêm-se os três tipos de benefícios. Primeiro, a pessoa sustenta a própria vida. Segundo, traz cor à sua face. Terceiro, ganha-se força (END, v. V, p. 233).

Os benefícios por proteger o devoto do Sutra de Lótus


O Budismo Nitiren ensina que todas as pessoas podem manifestar o sublime poder da Lei Mística contido na sua vida. É um ensinamento que elucida a dignidade fundamental e a inviolabilidade de toda forma de vida.

Daishonin inicia este escrito, afirmando que a vida é o mais precioso de todos os tesouros. Todos os seres vivos, até mesmo mosquitos e piolhos, observa ele, prezam sua vida. O próprio Buda Sakyamuni valorizava de forma especial todas as coisas vivas e tinha imensa benevolência por elas.

Nitiren Daishonin mostra que, por essas razões, a proibição de tirar a vida aparece em primeiro lugar em várias listas de preceitos e regras de condutas estabelecidas nos cânones budistas, incluindo os cinco preceitos. Fazer oferecimentos de alimentos, que sustentam a vida, acrescenta Daishonin, também é considerado igualmente importante.

Ao começar a carta dessa forma, Daishonin presta os maiores elogios a Myomitsu por seus oferecimentos de inestimável valor e por sustentar e proteger o devoto do Sutra Lótus, o que trará ao doador benefícios inimaginavelmente grandes.

Nitiren Daishonin observa que os oferecimentos de alimentos beneficiam o destinatário, sustentando sua vida, trazendo cor à sua face e aumentando sua força, e esses mesmos benefícios são também desfrutados por aquele que faz os oferecimentos (cf. END, v. V, p. 233). Em outras palavras, os oferecimentos sustentam e mantêm a vida, trazem brilho interior, e fortalecem a vitalidade e a energia vital.

Então, ele explica que os doadores de tais oferecimentos certamente receberão três tipos de recompensa cármica. Em primeiro lugar, nos mundos celestial e humano [estados de Alegria e Tranquilidade], o benefício de ter sustentado a vida do outro se manifestará em forma de longevidade; o benefício de fortalecer o outro se manifestará na forma de virtude, influência e conquista da confiança e do respeito de muitas pes­soas; e o benefício de trazer cor à face de outra pessoa se manifestará como a dotação das trinta e duas características7 e manifestação da graciosidade e dignidade como as da flor de lótus (cf. END, v. V, p. 233).
Daishonin também descreve as recompensas cármicas de tais ofertas no mundo do estado de Buda, as quais surgem como “os três corpos do Buda”8 [incorporação da verdade última, sabedoria e benevolência]. Esses benefícios consistem, respectivamente, na manifestação do corpo do Dharma, que é tão vasto e ilimitado quanto o espaço; manifestação do corpo da recompensa, que emana uma luz pura e brilhante de suprema sabedoria; e manifestação do corpo manifesto, cheio de benevolência como Sakyamuni (cf. END, v. V, p. 233).

Assim, como o ato de proteger a vida corresponde à essência da prática budista, o benefício de oferecer alimentos manifesta-se como uma grandiosa boa sorte, mesmo nos mundos celestial e humano [estados de Alegria e Tranquilidade]; e, mais ainda, se manifesta no mundo do estado de Buda com a vida se tornando perfeitamente dotada dos três corpos do Buda em um único corpo.9

O ato de fazer oferecimentos contém o benefício de fazer com que a pessoa alcance o bem, inclusive a sua mais elevada expressão que é a iluminação. Aqui, um ponto importante é para quem você faz oferecimentos. Os sutras Hinayana ensinam que, se fizer oferecimentos a um sábio, você renascerá nos mundos celestial e humano. Em contrapartida, se fizer oferecimentos ao Sutra de Lótus, o ensinamento para atingir a iluminação, você manifestará os três corpos do Buda em sua própria vida. É por isso que o ato de sustentar e proteger o devoto do Sutra de Lótus, que expõe e propaga o ensinamento último para atingir a iluminação, é extraordinariamente louvável.

Na parte seguinte deste escrito, Daishonin explana sobre sua luta de levantar-se só como a primeira pessoa dos Últimos Dias da Lei a proclamar o Nam-myoho-rengue-kyo, o ensinamento que abre o caminho para todas as pessoas atingirem a iluminação.
 Se investigarmos a origem do Monte Sumeru,10 descobriremos que ele começou com uma única partícula de poeira; igualmente, o grande oceano começou com uma única gota de orvalho. Um mais um são dois, dois tornam-se três e assim por diante, para então formar dez, cem, mil, dez mil, cem mil, ou um asamkhya.11 No entanto, “um” é a mãe do todo (END, v. V, p. 234). (...)
O Bodhisattva Práticas Superiores,12 a quem é confiado o Daimoku, o âmago do ensinamento fundamental, ainda não tinha aparecido no mundo. Mas agora ele surgirá nos Últimos Dias da Lei e propagará os cinco ideogramas do Myoho-rengue-kyo13 a todas as nações e a todos os povos de Jambudvipa [o mundo inteiro]. Certamente, ele [o Myoho-rengue-kyo] se propagará da mesma forma que a invocação do nome de Amida se difundiu por todo o Japão no momento presente.
Eu, Nitiren, não sou fundador de uma escola nem seguidor de qualquer velha escola nos Últimos Dias da Lei. Sou um sacerdote sem preceitos, nem os mantenho e nem os quebro. Sou um simples [ser], como um boi ou uma ovelha, que não é nem especialmente sábio nem ignorante.
Por que fui o primeiro a recitar da forma como faço? O Bodhisattva Práticas Superiores destina-se a cumprir seu advento neste mundo para propagar os cinco ideogramas do Myoho-rengue-kyo. Mas, mesmo antes de ele aparecer, comecei a recitar as palavras Nam-myoho-rengue-kyo, como se estivesse falando num sonho, mal sabia o que estava fazendo, e assim eu as recito agora (END, v. V, p. 236-237).

A missão do Bodhisattva Práticas Superiores na propagação do Daimoku
do Sutra de Lótus nos Últimos Dias da Lei

Mesmo o imponente Monte Sumeru começou a se formar de uma única partícula de pó, e o vasto oceano começou a partir de uma única gota de orvalho. Todas as coisas começam com pequenos passos. Esse é o tema central de “Os Benefícios do Sutra de Lótus”. Um velho provérbio diz: “Um é mãe de dez mil” (END, v. V, p. 233). Neste escrito, encontramos também as seguintes palavras: “Um mais um são dois, dois tornam-se três e assim por diante, para então formar dez, cem, mil, dez mil, cem mil, ou um asamkhya. No entanto, ‘um’ é a mãe do todo” (END, v. V, p. 234). Da mesma maneira, a ampla propagação da Lei Mística nos Últimos Dias da Lei começou unicamente com Nitiren Daishonin.

A fim de esclarecer essa questão, Daishonin primeiro apresenta um breve resumo da história do Budismo no Japão, destacando a propagação do Sutra de Lótus. Na época de Nitiren Daishonin — 700 anos após a introdução do Budismo no Japão —, vários mestres budistas estimavam altamente o Sutra de Lótus, mas nenhum deles havia propagado o Daimoku do Sutra de Lótus, o Nam-myoho-rengue-kyo. Enquanto a prática de invocar o nome do Buda Amida,14 do Buda Mahavairochana,15 e do Buda Sakyamuni16 se tornava generalizada, Daishonin afirmou que “Nunca houve ninguém que pedisse a eles [o povo] para recitar Nam-myoho-rengue-kyo, o Daimoku, ou o título do Sutra de Lótus” (END, v. V, p. 235).

Isso indicava o fato de que, enquanto muitas pessoas depositavam sua fé em ganhar o renascimento na Terra Pura por meio do poder benevolente do juramento do Buda Amida, ou procuravam a salvação por meio do Buda Mahavairochana, ou mesmo reverenciavam o Buda Sakyamuni, poucos mostravam o mesmo tipo de fé, veneração ou devoção com o Sutra de Lótus.

O Sutra de Lótus foi valorizado e estudado como um ensinamento para a proteção da nação e como um sutra que elucidava a profunda doutrina do veículo único do estado de Buda17 mas não tinha se tornado realmente o ponto central da fé das pessoas comuns.

Nitiren Daishonin refere-se à história do Budismo na Índia e na China, citando a existência de grandes mestres como Tient’ai, Miao-lo e outros, que esclareceram profundos princípios do Sutra de Lótus. Ele observa que, enquanto alguns deles possam ter recitado por eles mesmos o Daimoku, ou título do Sutra de Lótus, eles não compartilharam nem divulgaram essa prática para as pessoas em geral (cf. END, v. V, p. 235). Mesmo durante os dois milênios dos Primeiros e Médios Dias da Lei, após a morte do Buda, as pessoas depositavam sua fé em recitar o nome de vários budas e bodhisattvas que apareciam em diferentes sutras, incluindo o Buda Amida, o Buda Mahavairochana, o Buda Sakyamuni, o Bodhisattva Percebedor dos Sons do Mundo,18 e o Buda Rei dos Remédios.19

Então, por que o Daimoku do Sutra de Lótus não foi propagado nos Primeiros e Médios Dias da Lei? Neste escrito, Nitiren Daishonin atribui esse fato a dois principais motivos: o tempo ainda não havia chegado, e a pessoa encarregada de propagar o Daimoku ainda não havia aparecido no mundo (cf. END, v. V, p. 236).

Daishonin observa que, nesses períodos anteriores, a “doença dos desejos mundanos” que afeta as pessoas ainda não se tornara crítica (END, v. V, p. 236). Portanto, recitar o nome dos budas e bodhisattvas dos ensinamentos provisórios, dos ensinamentos pré-Sutra de Lótus e dos ensinamentos teóricos (a primeira metade do Sutra de Lótus) — do Buda Amida, do Buda Mahavairochana e do Bodhisattva Percebedor dos Sons do Mundo — poderia servir para aliviar essa aflição espiritual.

Essa é a primeira razão pela qual Nitiren Daishonin afirma que o tempo ainda não havia chegado para o Daimoku do Sutra de Lótus se propagar. No entanto, ele declara que a “grave doença” de caluniar a Lei que aflige as pessoas dos Últimos Dias da Lei só é curada por completo pelo remédio benéfico dos cinco ideogramas do Myoho-rengue-kyo (o Daimoku do Sutra de Lótus) (cf. END, v. V, p. 236).

Não importa quanto as pessoas dos Últimos Dias da Lei — poderosamente guiadas por impulsos e ilusão decorrentes dos três venenos da avareza, ira e estupidez20 — clamem o nome de vários budas, isso só aumentaria sua dependência em relação aos budas para a sua salvação e as impediria de realizar a própria transformação espiritual. Não importa quanto chamem o nome de algum buda externo, elas não serão capazes de realizar uma mudança interior nem de atingir a iluminação.

Ao contrário, o Nam-myoho-rengue-kyo, o Daimoku do Sutra de Lótus, é a Lei suprema, que é a semente ou a causa para a iluminação de todos os budas, incluindo Sakyamuni. Só essa Lei pode aliviar por completo os sofrimentos das pessoas nos Últimos Dias da Lei. Assim, Daishonin ensina que recitar somente o Nam-myoho-rengue-kyo, e não o nome dos budas provisórios ou bodhisattvas, abrirá o caminho para o estado de Buda nesta era impura.

Em seguida, coloca-se a questão da transferência da Lei. No Sutra de Lótus, o Buda Sakyamuni confia ao Bodhisattva Práticas Superiores, o líder dos Bodhisattvas da Terra, a propagação futura da Lei nos Últimos Dias. As pessoas desta era maligna — consideradas como possuidoras de uma capacidade adversa para entender os ensinamentos do Buda — só podem atingir a iluminação pelo ato de abraçar os cinco caracteres do Myoho-rengue-kyo, a semente fundamental do estado de Buda. Os Bodhisattvas da Terra são discípulos de Sakyamuni desde o passado distante e, junto com o Bodhisattva Práticas Superiores, são as pes­soas a quem “foi confiada a Lei” (cf. WND, v. 1, p. 372). Eles são bodhisattvas que surgiram já possuindo a Lei do Nam-myoho-rengue-kyo, o “ensinamento da semeadura”.21

Embora em suas ações e práticas eles sejam bodhisattvas, possuem a Lei suprema pela qual todos os budas atingem a iluminação. É por isso que são capazes de conduzir corretamente as pessoas desta era maléfica dos Últimos Dias da Lei.

Desde o passado, muitos leram o Sutra de Lótus, mas Nitiren Daishonin foi a única pessoa que compreendeu o papel a ser cumprido pelo Bodhisattva Práticas Superiores, e se levantou para propagar o Daimoku do Sutra de Lótus em meio ao povo.

Neste escrito, Daishonin explica sua posição, dizendo: “Eu, Nitiren, não sou fundador de uma escola nem seguidor de qualquer velha escola nos Últimos Dias da Lei” (END, v. V, p. 237). E deixa claro que não pertence a nenhuma das correntes budistas estabelecidas que surgiram durante os dois mil anos dos Primeiros e Médios Dias da Lei.

Essa passagem descreve honestamente sua posição como pessoa comum dos Últimos Dias da Lei que, sem contar com a autoridade de qualquer escola budista e sem o patrocínio de qualquer figura secular poderosa, lê o Sutra de Lótus fiel à verdadeira intenção do Buda e se engaja na luta do Bodhisattva Práticas Superiores de propagar a Lei Mística.

Daishonin declara ainda que é “um sacerdote sem preceitos, nem os mantenho e nem os quebro” e que “não é nem especialmente sábio nem ignorante” (END, v. V, p. 237), ou seja, é uma pessoa que não se encaixa em nenhuma categoria preestabelecida das escolas budistas de sua época.
Nitiren Daishonin está livre dos limites e das restrições das convenções ou das autoridades religiosas existentes em seu tempo. Como uma pessoa comum da era maligna dos Últimos Dias da Lei, concentrou sua atenção no Sutra de Lótus e no Buda Sakyamuni e trabalhou incansavelmente para estabelecer um budismo centrado nas pessoas dos Últimos Dias da Lei, como ensinado no Sutra de Lótus.

Também podemos concluir que Daishonin sempre enfatizou sua condição de ser humano comum, para demonstrar quão magnificamente o espírito humano pode brilhar quando o indivíduo se esforça incansavelmente de acordo com a intenção do Buda de conduzir todas as pessoas à iluminação. Pois é somente por meio de dedicados esforços que um budismo acessível às pessoas comuns pode ser concretizado.

No Budismo Nitiren, a ação é fundamental. Num antigo escrito budista, encontramos estas palavras imortais de Sakyamuni: “Um pessoa não nasce como um pária nem como um brâmane. Por suas ações, torna-se um pária ou um brâmane”.22 Essa declaração de que as pessoas não são definidas pelas circunstâncias de seu nascimento, mas sim por suas ações, é uma declaração do Budismo pela igualdade entre os seres humanos que brilha mesmo na época atual.

Daishonin alcançou pessoalmente o grande empreendimento ao qual o Bodhisattva Práticas Superiores havia sido destinado a realizar. Ele se deparou com muitos obstáculos desafiadores e perseguições ao longo do caminho, assim como previsto no Sutra de Lótus. Uma vez que seus esforços validam afirmações do Sutra, Daishonin declara que certamente “[ele] deve ser igual os sábios Tient’ai e Dengyo”23 (END, v. V, p. 240). Ele proclama que suas lutas são equivalentes às dos verdadeiros sábios. Em outras palavras, ele queria mostrar para nós, pessoas comuns dos Últimos Dias da Lei, que quando indivíduos dispostos se levantam com o juramento pessoal de cumprir sua verdadeira missão, realizam o grandioso e nobre empreendimento de conduzir todas as pessoas à felicidade.

Contudo, sou diferente de tais pessoas [isto é, os fundadores de várias escolas budistas que leem o Sutra de Lótus com base nos outros sutras que fundamentam os seus próprios ensinamentos]. Defendo firmemente o ensinamento de que o Sutra de Lótus é supremo dentre os sutras que o Buda pregou, prega agora e pregará.24 Além disso, recito Daimoku, que é o coração do Sutra inteiro, e recomendo que os outros façam o mesmo. Embora a artemísia que cresce no campo de cânhamo ou a madeira marcada para o corte com uma linha de tinta de carpinteiro não se desenvolvam de forma linear no início, no tempo certo elas ficarão naturalmente retas.25 Do mesmo modo, quem recita Daimoku como o Sutra de Lótus ensina, jamais terá uma mente distorcida. O senhor deve saber que, a menos que a mente do Buda penetre em nossa vida, não podemos de fato recitar Daimoku (END, v. V, p. 238).

Praticar com base no Sutra de Lótus


Como Daishonin se tornou a primeira pessoa nos Últimos Dias da Lei a reconhecer o tempo e a Lei, e iniciar a propagação do Daimoku do Sutra de Lótus por si próprio? Nesta passagem, ele oferece uma resposta na qual ressalta a importância de praticar os ensinamentos do Buda, exatamente como exposto no Sutra.

Ele exemplifica esse compromisso com suas próprias ações, sempre se baseando no Sutra de Lótus e não nas interpretações de vários mestres e estudiosos do Budismo. Em contraste, os fundadores de diferentes escolas budistas — exceto os Grandes Mestres Tient’ai e Dengyo, que protegeram o Sutra de Lótus — divergiram do verdadeiro espírito do Sutra, por terem lido o texto baseando-se nos sutras particulares de suas próprias doutrinas. Em outras palavras, tentaram entender o Sutra de Lótus do ponto de vista dos ensinamentos pré-Sutra de Lótus, e não conseguiram compreender a essência do Sutra de Lótus como um ensinamento da Iluminação Universal fundamentada nas doutrinas da “Possessão Mútua dos Dez Mundos”26 e nos “Três Mil Mundos num Único Momento da Vida”.27 Por essa razão, foi como se absolutamente não tivessem lido o Sutra de Lótus.

Ao afirmar que ele é diferente desses fundadores das outras escolas budistas, Daishonin escreve: “Defendo firmemente o ensinamento de que o Sutra de Lótus é supremo dentre os sutras que o Buda pregou, prega agora e pregará” (END, v. V, p. 238). Ele indica que recitou Nam-myoho-rengue-kyo por conta própria e ensinou os outros a fazer o mesmo, exatamente de acordo com o Sutra de Lótus, que compreende a essência dos ensinamentos eternos do Buda.

Nesse trecho, Daishonin enfatiza a importância de crer e seguir os ensinamentos do Sutra de Lótus. Assim como as hastes sinuosas da artemísia crescem em linha reta num campo de cânhamo ou como a madeira é cortada em linha reta quando se usa o mecanismo da linha de tinta, quando recitamos Daimoku “exatamente como o Sutra de Lótus ensina”, nossa mente jamais deturpará ou distorcerá a verdadeira intenção do Buda Sakyamuni (cf. END, v. V, p. 238). Daishonin ainda afirma: “O senhor deve saber que, a menos que a mente do Buda penetre em nossa vida, não podemos de fato recitar Daimoku” (END, v. V, p. 238). Trata-se de uma passagem extremamente importante.

No segundo capítulo do Sutra de Lótus, “Meios”, encontramos as palavras “rejeitar honestamente os meios” (LSOC, cap. 2, p. 79 [LS, cap. 2, p. 44]).28 O Sutra de Lótus é, desse modo, um ensinamento no qual Sakyamuni rejeita honestamente os ensinamentos dos meios e prega diretamente o verdadeiro caminho para alcançar a iluminação. E no 16º capítulo do Sutra de Lótus, “Revelação da Vida Eterna do Buda”, Sakyamuni fala sobre as pessoas “[tornarem-se] honestas e justas, gentis em sua intenção, / desejando unicamente ver o Buda / não hesitando mesmo que isso lhes custe a vida” (LSOC, cap. 16, p. 271 [LS, cap. 16, p. 230]).29
Assim, mesmo nos Últimos Dias da Lei, a “mente do Buda” (END, v. V, p. 238) agirá na vida daqueles que acreditam no Sutra de Lótus — que deixam de lado suas ligações com as visões arbitrárias e concepções errôneas, e sinceramente aceitam o ensinamento do Buda com um coração suave e gentil, e buscam unicamente o Buda com incansável devoção.

Daishonin aceitou plena e sinceramente o Sutra de Lótus, que elucida de forma direta o coração e a intenção do Buda. Como resultado disso, por ele mesmo, naturalmente percebeu a importância do ensinamento dos cinco ideogramas do Myoho-rengue-kyo e do significado do tempo dos Últimos Dias da Lei como a época para a ampla propagação da Lei Mística. Foi o mesmo tipo de compreensão que o Bodhisattva Práticas Superiores teve quando ouviu o “maravilhoso ensinamento pregado diretamente da boca dourada do Buda Sakyamuni” (END, v. V, p. 237) durante a Cerimônia no Ar30 e lhe foi confiada a missão de propagar esse ensinamento na era maléfica após a morte do Buda.

O Sutra de Lótus previne que os que praticam exatamente como ele ensina, invariavelmente enfrentam grandes obstáculos e perseguições. O décimo capítulo do Sutra de Lótus, “Mestre da Lei”, afirma: “Como o ódio e a inveja em relação a este sutra abundam mesmo quando o Aquele que Assim Chega [Buda] está no mundo, quanto mais assim será após a sua morte?” (LSOC, cap. 10, p. 203 [LS, cap. 10, p. 164]). O 14º capítulo do Sutra de Lótus, “Práticas Pacíficas”, diz: “[Este Sutra] enfrentará muita hostilidade no mundo e será difícil de ser acreditado” (LSOC, cap. 14, p. 246 [LS, cap. 14, p. 207]). E o 13º capítulo do mesmo Sutra, “Devoção Encorajadora”, descreve em detalhes os “Três Poderosos Inimigos”31 que atacam os praticantes do Sutra de Lótus nos Últimos Dias da Lei (LSOC, cap. 13, p. 232-234 [LS, cap. 13, p. 193-195]).

Nitiren Daishonin enfrentou dificuldades e perseguições, tal como o Sutra descreve, e assim provou a verdade dos ensinamentos de Sakyamuni. Nesse contexto, ele escreve: “Se eu, Nitiren, não tivesse nascido no Japão, então essas passagens do Sutra teriam sido meras palavras proferidas pelo Buda, vazias de qualquer significado” (END, v. V, p. 240).

E é a Soka Gakkai que dá continuidade à linhagem direta de Nitiren Daishonin e comprova a validade de seus ensinamentos. Nas últimas oito décadas desde a sua fundação, a Soka Gakkai tem firmemente combatido e vencido por meio da fé diretamente ligada a Daishonin e com base em seus escritos. Como resultado, conseguimos compartilhar o ensinamento correto do Budismo Nitiren com as pessoas ao redor do mundo, e desenvolver a nossa organização para um total de 192 países e territórios.

Tsunessaburo Makiguti, o primeiro presidente, fundador da Soka Gakkai, estava determinado a não deixar que o Budismo Nitiren permanecesse enterrado como uma religião na qual as pessoas apenas participam de cerimônias formais nos templos, uma situação decorrente do sistema clerical Danka,32 que fora introduzido no Japão em meados do século 17.

Resgatando o espírito original de Dai­shonin, Makiguti Sensei jurou tornar os ensinamentos de Nitiren Daishonin acessíveis às pessoas comuns de todo o mundo. Ele não só revitalizou o Budismo como uma filosofia prática para conduzir uma vida de criação de valor, mas também reavivou a prática budista voltada para a realização do Kossen-rufu, salientando a importância de mostrar a prova real do poder benéfico da fé na Lei Mística.

Além disso, Makiguti Sensei praticou o Budismo Nitiren com uma atitude de grande rigor contra as calúnias à Lei. Quando os clérigos da Nitiren Shoshu exigiram que os membros da Soka Gakkai aceitassem o talismã xintoísta, cumprindo a ordem das autoridades militaristas durante a guerra, ele, ao contrário, se recusou terminantemente a cumprir tal ordem. Sua postura digna e decisiva foi a de um verdadeiro herdeiro da linhagem de fé no Budismo Nitiren.

Jossei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, também gravou os escritos de Nitiren Daishonin em sua vida. Despertando para a sua missão como Bodhisattva da Terra, jurou realizar o Kossen-rufu e lutou incansavelmente para conduzir as pessoas à genuína felicidade.

E, eu também, como discípulo do Toda Sensei, assumi total responsabilidade pelo Kossen-rufu, levantando-me junto com os meus sinceros e nobres companheiros do Japão e do mundo. E, conforme declarado por Daishonin em seus escritos, enfrentamos os Três Obstáculos e as Quatro Maldades33 — incluindo as ações insidiosas do Rei Demônio do Sexto Céu34 — e triunfamos sobre os Três Poderosos Inimigos. Vencemos em todas as batalhas.

Somos nós da Soka Gakkai que vivenciamos os escritos de Nitiren Daishonin e provamos sua relevância e validade na época atual. Somente a nossa organização herdou o verdadeiro espírito do Budismo Nitiren e cumpre com fidelidade o decreto do Buda. Nossa história — uma história de oitenta anos de prática de acordo com os ensinamentos do Buda sem poupar a própria vida — é uma prova inequívoca da legitimidade da Soka Gakkai como uma organização do Kossen-rufu.
 Em todo o Japão, sou o único que recita Nam-myoho-rengue-kyo. Sou como a única partícula de pó que marca o início do Monte Sumeru ou a gota de orvalho que anuncia o começo do grande oceano. Provavelmente, duas, três, dez, cem pessoas se unirão a essa recitação, até que se espalhe por uma, duas e todas as 66 províncias do Japão,35 e chegará até mesmo às duas ilhas de Iki e Tsushima. As pessoas que me caluniaram, quando chegar o tempo, recitarão da mesma forma, e todos, do governante à multidão comum, recitarão Nam-myoho-rengue-kyo em uma só voz, conforme descrito no capítulo “Os Poderes Místicos do Buda”, do Sutra de Lótus. 36 Embora as árvores possam desejar permanecer quietas, o vento não deixa de soprar; embora possamos desejar que a primavera se prolongue, ela deve dar lugar ao verão (END, v. V, p. 241).

Tudo se inicia a partir de uma única partícula de pó ou de uma gota de orvalho


Nitiren Daishonin levantou-se sozinho e iniciou o movimento da propagação da Lei Mística nos Últimos Dias da Lei. A esse respeito, Daishonin afirmou que ele é “como a única partícula de pó que marca o início do Monte Sumeru ou a gota de orvalho que anuncia o começo do grande oceano” (END, v. V, p. 241).

Por meio das batalhas que enfrentou desde que proclamou o estabelecimento de seu ensinamento (em 1253), o número de pessoas que recitam Nam-myoho-rengue-kyo cresceu constantemente para duas, três, dez e cem pessoas.

A onda de propagação da Lei Mística se espalhou de uma província a outra e, eventualmente, para todas as 66 províncias do Japão e até mesmo para Iki e Tsushima [duas ilhas ao longo da costa de Kyushu, ao sul do Japão, que sofreram o ataque mongol em 1274] (cf. END, v. V, p. 241).

Aparentemente, quando as duas calamidades da invasão estrangeira e dos conflitos internos, previstas por Nitiren Daishonin, se sucederam,37 mesmo aqueles que inicialmente o haviam criticado e caluniado mudaram sua atitude com ele. Numa expressão de sua firme convicção de que o Kossen-rufu será definitivamente alcançado, Daishonin declara: “Embora as árvores possam desejar permanecer quietas, o vento não deixa de soprar; embora possamos desejar que a primavera se prolongue, ela deve dar lugar ao verão” (END, v. V, p. 241).

Uma importante lição deste escrito é o fato de que o Kossen-rufu se realiza através do compartilhamento do ensinamento correto de uma pessoa para outra, sucessivamente, como indicado na passagem “duas, três, dez, cem pessoas se unirão a essa recitação [do Nam-myoho-rengue-kyo]” (END, v. V, p. 241). Isso porque o Kossen-rufu é um movimento para despertar a vida de cada pessoa, uma após outra, em sucessão.

Seguindo fielmente estas palavras de Daishonin, nós, da SGI, viemos propagando o ensinamento correto, dialogando com as pessoas e contando-lhes sobre a nossa prática budista. Os pilares do nosso movimento são os diálogos de vida a vida e as reuniões de palestra.

Foi Makiguti Sensei quem iniciou essa tradição das reuniões de palestra. Para um jovem que lhe sugeriu que a realização de uma grande reunião de discursos e de explanações pudesse ser mais eficaz que reuniões de palestra, o Sr. Makiguti respondeu com afiado discernimento: “Não, não seria. O diálogo é o único meio para se comunicar com o outro sobre os problemas da vida. Em uma conferência, os ouvintes do discurso sentem como se fosse para outra pessoa. Na reunião de palestra, os ouvintes se sentem inevitavelmente envolvidos. Até mesmo Nitiren Daishonin escreveu sua “Tese sobre o Estabelecimento do Ensino Correto para a Paz da Nação” em forma de perguntas e respostas, sabia?”.

Toda Sensei disse repetidas vezes: “O Kossen-rufu começa com o diálogo individual, face a face”. Com essa mesma convicção, tenho me esforçado constantemente para me empenhar em diálogos de pessoa a pessoa.
O mais importante é incentivar cada pessoa, uma a uma, com cordialidade e humanismo, inspirando-as na fé. Enquanto essa tradição permanecer viva, o contínuo desenvolvimento da SGI está garantido.
 Em vista disso, sua sinceridade em enviar um presente de cinco cordões de moedas38 sempre que surge a oportunidade realmente o habilita a ser conhecido como alguém que propaga o Daimoku do Sutra de Lótus, no Japão. [Quando] a primeira pessoa, seguida por outras duas, por mil, por dez mil, por cem mil e depois todas as pessoas de todo o país vierem a recitar Daimoku, antes que perceba, os benefícios se acumularão em sua vida. Esses benefícios serão como as gotas de orvalho que se juntam para formar o grande oceano ou as partículas de poeira que se acumulam para tornar-se o Monte Sumeru. (...)
Quanto mais o ouro é aquecido pelas chamas, mais brilhante será sua cor; quanto mais uma espada for amolada, mais afiada se tornará. E quanto mais a pessoa louva os benefícios do Sutra de Lótus, os próprios benefícios aumentarão. Tenha em mente que os 28 capítulos do Sutra de Lótus contêm apenas algumas poucas passagens elucidando a verdade, mas uma grande quantidade de palavras de louvor (END, v. V, p. 242-243).

Louvando os que defendem a Lei Mística


Nessa parte final de “Os Benefícios do Sutra de Lótus”, Nitiren Daishonin incentiva Myomitsu e sua esposa, que apoiaram seus esforços pelo Kossen-rufu, enviando-lhe oferecimentos de “cinco cordões de moedas” em diversas ocasiões. Ele afirma que o ato de Myomitsu de fazer sinceros oferecimentos é o mesmo que propagar o Daimoku do Sutra de Lótus pelo Japão. Assim, quando as pessoas de todos os cantos da Terra estiverem recitando Nam-myoho-rengue-kyo, todos os seus grandiosos benefícios serão, com certeza, revertidos para Myomitsu. Não só ele desfrutará de imensos benefícios tão vastos como o grande oceano ou o Monte Sumeru, mas também receberá a proteção absoluta das divindades celestiais (cf. END, v. V, p. 242).

Daishonin incentiva ainda a esposa de Myomitsu, que apoiou seu marido. Perseverar na fé na Lei Mística nos Últimos Dias da Lei é um feito realmente louvável. Nitiren Daishonin sempre estimou profundamente seus discípulos que se esforçavam ao seu lado pelo Kossen-rufu. Podemos facilmente imaginar como os sinceros incentivos dele inspiraram o casal a redobrar seu empenho com renovada determinação.

“Quanto mais o ouro é aquecido pelas chamas, mais brilhante será sua cor; quanto mais uma espada for amolada, mais afiada se tornará” (END, v. V, p. 242), afirma Daishonin. Quanto mais o ouro é purificado pelo fogo, mais luminoso se torna. Quanto mais a espada é afiada, mais fino será seu fio. Quanto mais se louva os benefícios do Sutra de Lótus, mais aumentam os próprios benefícios.

No Sutra de Lótus em si, há apenas algumas páginas que elucidam a essência da Lei. No geral, pode-se dizer que os 28 capítulos do Sutra de Lótus são dedicados quase inteiramente à descrição de uma multidão de seres vivos louvando os benefícios da Lei da Iluminação Universal. A começar pelo Buda Sakyamuni, Muitos Tesouros e todos os Budas das Dez Direções, todos os seres vivos louvam em uníssono e direcionam toda a humanidade a aceitar e abraçar a Lei Mística. Quando lido em termos do significado oculto na profundidade de seu texto, todo o Sutra de Lótus exalta o poder benéfico do Nam-myoho-rengue-kyo.

Enaltecer a Lei Mística enche a vida de benefícios, e elogiar aqueles que protegem e propagam a Lei Mística aumenta, ainda mais, esses benefícios.

O nobre potencial de si próprio e dos outros


Nós, que protegemos a Lei Mística, acreditamos que todas as pessoas — tanto nós mesmos como os outros — possuem naturalmente o supremo estado de Buda. Quando nos esforçamos como emissários e discípulos do Buda, recitando o Daimoku do Sutra de Lótus por nós mesmos e incentivando os outros a fazer o mesmo, expandimos a filosofia do genuíno respeito pela dignidade da vida por todo o mundo e enriquecemos o planeta com a benevolência budista.

O que o nosso mundo precisa hoje é de mais e mais valores humanos genuinamente comprometidos e que personificam o ideal de afirmação de vida do Sutra de Lótus. Em outras palavras, são indivíduos capazes de transmitir aos outros por meio de suas ações e experiências pessoais que todos são igualmente dotados de um nobre potencial. Ao despertar para esse potencial interior, podemos derrotar a discriminação, fonte fundamental de todo o mal, que surge da escuridão fundamental da humanidade. Além disso, ao reconhecer profundamente a dignidade inerente à vida de todos os seres humanos, podemos triunfar na luta para superar, fundamentalmente, a guerra que assola a humanidade.

Nitiren Daishonin surgiu cerca de 700 anos após o Budismo ter sido introduzido no Japão. Numa era obscura quando a Lei pura de Sakyamuni estava à beira de desaparecer, Daishonin apareceu e estabeleceu o Budismo do Sol para iluminar a humanidade. E como narrado neste escrito, ele se empenhou na propagação do Daimoku do Sutra de Lótus por todo o país.

E, 700 anos mais tarde, num momento em que o puro fluxo do Budismo Nitiren corria o risco de se perder totalmente, de forma mística, surgiu a Soka Gakkai. Makiguti Sensei e Toda Sensei se esforçaram para que o maior número de pessoas abraçasse a fé no Gohonzon (a personificação do Nam-myoho-rengue-kyo), de modo que cada um despertasse para a suprema dignidade da própria vida.

Mostrando a prova real do poder benéfico da fé no Gohonzon e desejando compartilhar a alegria da fé com os outros, nossos membros propagam ativamente o Budismo Nitiren e ajudam inúmeras pessoas a receber o Gohonzon. A propagação do Gohonzon só começou verdadeiramente com os esforços da Soka Gakkai.

Hoje, nós, da SGI, temos garantido as bases para o Kossen-rufu e a transferência do Budismo para o Oeste, e, de fato, “todas as nações e todos os povos do mundo inteiro” (cf. END, v. V, p. 236) têm elevadas aspirações com o humanismo do Budismo Nitiren. O reconhecimento e o elogio às atividades de nossos membros, que incorporam os ideais em prol da vida do Sutra de Lótus, estão aumentando a cada dia. Enfim, estamos recebendo a época em que se inicia verdadeiramente o grande avanço do Kossen-rufu Mundial.

Os personagens mais importantes são os nossos preciosos membros que estão polindo a sua vida, dia após dia, por meio das atividades da SGI. O espírito do Kossen-rufu de Nitiren Daishonin como também a história e a tradição dos 80 anos da Soka Gakkai [atualmente 82 anos], está sendo inteiramente herdado no íntimo de cada um dos senhores. Não há a menor dúvida de que Daishonin esteja louvando a todos. Eu também, junto com a minha esposa, estou orando diariamente pela boa saúde e pelos esforços de cada uma das mais importantes e valorosas pessoas.

O número oito significa abrir. Agora é o momento de uma nova partida [o presidente Ikeda explanou esta matéria no final de 2010, ocasião do 80o aniversário de fundação da Soka Gakkai]. Neste verdadeiro palco do Kossen-rufu Mundial que engloba toda a humanidade, estamos diante de um novo desafio, tornando-nos uma nova primeira partícula de pó do Monte Sumeru e uma nova primeira gota de orvalho do grande oceano (cf. END, v. V, p. 242).

O espírito de levantar-se só, junto com o mestre — “tudo começa comigo e tudo começa a partir de agora” —, eis o espírito de fundação da Soka Gakkai. (Daibyakurengue,
edição de novembro de 2010.)

Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI

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