Após selar a paz, maior desafio da Colômbia será reintegrar ex-guerrilheiros

 

Em meio ao início das negociações pela paz entre as Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo colombiano, surgem perguntas, dentro e fora do país, sobre como os ex-guerrilheiros serão reintegrados caso decidam depor as armas.

Momento é propício para as Farc negociarem paz

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  •   "As Farc estão em um bom momento histórico e devem aproveitar isso. O Equador e a Venezuela não reconhecem o grupo como terrorista, e sim como guerrilheiro, a mesma postura do Brasil. As Farc nunca tiveram sinais de compreensão como têm agora. O céu está azul para os dois lados", diz Argemiro Procópio, professor titular de Relações Internacionais da UnB (Universidade de Brasília) e especialista em segurança em países amazônicos
 
 
O desafio é trazer de volta à sociedade entre oito a dez mil pessoas que integram as Farc, sem deixar que a Justiça seja aplicada na reparação dos crimes cometidos, e ao mesmo tempo abrir oportunidades de trabalho e reinserção social.

O país já tem um programa para apoiar ex-guerrilheiros desmobilizados. Segundo a Agência Colombiana para a Reintegração (ACR), são quase 55 mil colombianos desmobilizados desde 2004 (quando a agência foi criada) até hoje.

Do total, 35 mil são ex-paramilitares das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), que começaram a se desmobilizar em 2004, após um acordo firmado com o governo do ex-presidente Álvaro Uribe. Os paramilitares surgiram justamente para combater as guerrilhas de esquerda.

Os outros 20 mil são desmobilizados das Farc e do Exército de Libertação Nacional da Colômbia (ELN) que deixaram as armas individualmente.

Ao guerrilheiro que decide se desmobilizar, o governo colombiano concede uma bolsa de 480 mil pesos colombianos (R$ 541) por mês durante dois anos, enquanto o "desmobilizado" faz cursos e procura se readaptar.

Do paramilitarismo ao artesanato

Existem alguns casos bem sucedidos de desmobilizações, tanto coletivos quanto individuais. Um deles é César Augusto Flórez, ex-paramilitar que trocou as armas pelo artesanato e pelo serviço voluntário, para ensinar crianças portadoras de necessidades especiais.

Hoje, aos 40 anos, ele mora com a esposa e os três filhos em Bogotá. Antes, Flórez vivia no Departamento (Província) de Antioquia, onde lutou em prol da AUC por quatro anos.

Flórez diz que não queria fazer parte do paramilitarismo, mas que, no campo, "a pressão é grande". Ali, ou "virava paramilitar ou virava guerrilheiro das Farc", conta.

Casado e pais de três filhos, Flórez diz que prefere esquecer esta época, porque sabia que estava vivendo ilegalmente. "Eu sei que era errado andar armado e ter ligações com o narcotráfico. Ainda bem que saí disso", afirma.

FONTE: BBC BRASIL.

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