Fatiamento foi decisivo para condenações no mensalão, admitem
advogados
Medida foi questionada no início do
julgamento pelo ministro Ricardo Lewandowski, mas ela facilitou postura
condenatória, conforme os próprios defensores
Wilson Lima- iG Brasília |
Questionado no início do julgamento por ministros como Ricardo Lewandowski, o “fatiamento” do julgamento do mensalão
tornou-se uma das medidas mais eficazes para a condenação de
praticamente todos os réus até o momento, inclusive os do núcleo
dirigente do PT, segundo advogados ouvidos pelo iG
. Placar: Veja como está a votação do julgamento do mensalão Decisão: STF conclui condenação do núcleo do PT e mais cinco por corrupção ativa
Antes do julgamento, acreditava-se que o ministro relator
do mensalão, Joaquim Barbosa, fosse ler seu voto contra todos os 37
réus da ação penal de uma vez só. Mas no momento da leitura, o ministro
surpreendeu toda a Corte afirmando que fez uma nova divisão e que leria
apenas capítulo por capítulo. Dessa forma, todo o Supremo foi obrigado a
votar também capítulo por capítulo. A medida foi questionada pelo
ministro revisor Ricardo Lewandowski, que alegou, na época, ter que
“alterar praticamente todo o seu voto” em virtude da mudança de última
hora. Barbosa: Aclamado pela opinião pública, novo presidente coleciona polêmicas Especial: Confira a cobertura completa do iG sobre o julgamento do mensalão
Com o fatiamento, o STF primeiramente se
pronunciou sobre os contratos fraudulentos entre a Câmara dos Deputados,
o Banco do Brasil e as empresas de publicidade de Marcos Valério.
Depois, o Supremo admitiu que houve gestão fraudulenta no momento de
concessão dos empréstimos do Banco Rural a Marcos Valério e ao PT e
também o crime de lavagem de dinheiro.
Divulgação/STF
Para advogados dos réus, 'fatiamento' de Barbosa influenciou o posicionamento dos demais ministros
No item seguinte, o Supremo fez um “fatiamento
do fatiamento”. Primeiro, condenou deputados por crime de corrupção
passiva por terem recebido propina dos dirigentes do partido para
votarem a favor das reformas da Previdência e Tributária e, em seguida,
confirmou o crime de corrupção ativa apontando o núcleo dirigente do PT
(o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu; o ex-presidente do PT
José Genoíno e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares) como
responsáveis pela cooptação de congressistas em 2003.
Advogados dos réus do mensalão acreditam que essa
metodologia influenciou o posicionamento dos demais ministros porque a
condenação de um item, automaticamente, dava indicativos para uma
sentença desfavorável aos réus no item seguinte. O maior exemplo ocorreu
nas últimas duas semanas: quando o STF afirmou que houve crime de
corrupção passiva e automaticamente já dava as bases para a condenação
do crime de corrupção ativa, conforme os advogados.
Esse raciocínio foi explorado até mesmo em plenário pelo
ministro Gilmar Mendes, na semana passada, quando criticou o voto do
ministro revisor Ricardo Lewandowski, que condenou deputados da base por
corrupção passiva e atribuiu os atos de corrupção ativa apenas ao
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Mendes afirmou: “No seu voto, o
senhor condena Delúbio por corrupção ativa, não parece que está havendo
alguma contradição?”. Após decisão: Supremo Tribunal Federal fez 'julgamento de exceção', dizem petistas Leia também: Oposição reage à condenação de Dirceu no julgamento do mensalão
O advogado do ex-deputado federal Paulo Rocha (PT), João
dos Santos Gomes Filho, afirmou que “em 28 anos de profissão, nunca viu
um julgamento desta maneira”. “Vamos reconhecer que é mais fácil ele
(ministro Joaquim Barbosa) defender a posição dele dessa maneira”, disse
Filho. “A culpa está formada, mas sem a pena”, pontuou. “A questão é
que esse ‘fatiamento’ empurrou uma condenação em massa, não tenho a
menor dúvida”, disse outro advogado dos réus sem se identificar. “Foi
sem dúvida uma estratégia bem inteligente, não temos como negar. Pode
ter influenciado, sim, os outros votos, mas não sei até que ponto foi
determinante”, complementou um outro advogado que também preferiu não se
identificar. Genoino ao iG: 'É uma noite escura na condenação de um inocente' Dirceu: 'Vou acatar a decisão, mas não me calarei'
A interlocutores, o ministro Joaquim Barbosa nega que
tenha “fatiado” o julgamento do mensalão apostando em uma condenação em
série dos réus. Ele afirma que o fatiamento foi uma forma didática de
apresentar a denúncia e que essa metodologia tornou o entendimento do
caso mais “didático” tanto para os advogados quanto para a população. A
assessores, Barbosa afirma que, com o fatiamento, pode explorar a
ocorrência do mensalão explicando “ponto a ponto” a participação de cada
um no escândalo.
Coincidência ou não, depois da condenação do núcleo
dirigente do PT, o ministro Joaquim Barbosa deve “desfatiar” os próximos
dois capítulos do julgamento do mensalão: lavagem de dinheiro
envolvendo o PT e o Ministério dos Transportes e evasão de
divisas/lavagem de dinheiro contra Duda Mendonça e Zilmar Fernandes.
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