Restauração Kemmu

Estátua de Kusunoki Masashige em Tóquio, um samurai de suma importância nas guerras Nanbokuchō.
No início do século XIV o clã Hojo, que se encontrava em decadência, enfrentou uma tentativa de restauração imperial, agora sob a figura do Imperador Go-Daigo (1318-1339). Tendo então conhecimento de tais eventos políticos, o clã Hojo enviou um exército de Kamakura, para impedir o sucesso do imperador, contudo este havia fugido para Kasagi antes do exército chegar, levando as regalia imperial com ele.[66] O imperador Go-Daigo procurou refugio por entre os monges guerreiros que o acolheram e se prepararam para um possível ataque inimigo.[66]
Após tentativas de negociação entre os Hojo e o imperador para que este abdicasse do poder, e uma vez a sua recusa, decidiu-se então que outro membro da família imperial subisse ao trono. Contudo, visto que o imperador havia levado consigo a insígnia real, não foi possível realizar a tradicional cerimónia.[66] Kusunoki Masashige, um importante guerreiro samurai, que veio a tornar-se um modelo de referência para os futuros samurais da época,[67] combateu contra o imperador Go-Daigo num Yamashiro (castelo japonês). No entanto, o exército do imperador era mais numeroso e juntamente com o favorecimento da topografia do local, foi possível constituir uma eficaz defesa contra o ataque. Finalmente, em 1332, o castelo desmoronou, pelo que Masashige decidiu retirar-se para posteriormente continuar a batalha. O imperador foi capturado e levado para a sede do Hojo localizada em Quioto, tendo sido mais tarde exilado na ilha de Oki. Os Hojo tentaram exterminar o exército liderado por Masashige, que havia edificado outro castelo em Chihaya, o qual possuía uma defesa superior à da última, pelo que o clã foi imobilizado no ataque. A forte defesa de Masashige motivou o imperador Go-Daigo a retomar novamente a batalha em 1333.[68] Tomando conhecimento do regresso do imperador, os Hojo decidiram enviar um dos seus principais generais, Ashikaga Takauji. Ashikaga decidiu então que seria mais vantajoso tanto para ele como para o clã, aliar-se ao exército do imperador. Por este motivo, definiu o lançar de um ataque juntamente com o exército e o quartel-general dos Hojo em Rokuhara.[68]
O golpe recebido pela traição de Ashikaga trouxe graves consequências aos regentes, sendo que o seu exército do general foi dizimado. O golpe definitivo surgiu nesse mesmo ano de 1333,[69] quando um guerreiro chamado Nitta Yoshisada, se uniu aos partidários imperiais, aumentando as suas forças. Nitta juntamente com o seu exército partiram para Kamakura e venceram os Hojo.[70][71]

Período Muromachi

O Kinkakuji o "Templo do pavilhão dourado" é um símbolo da cidade de Kyoto. Foi construído por shōgun Ashikaga Yoshimitsu en 1397.
O período Muromachi (室町時代 Muromachi-jidai?) envolve a era do shogunato Ashikaga (足利幕府 Ashikaga bakufu?), sob o regime militar feudal que se encontrava em vigor desde 1336 até 1573. O referente período deve o seu nome à área onde o terceiro shogun Yoshimitsu havia estabelecido a sua residência. Depois de ter auxiliado o imperador Go-Daigo a conquistar novamente o seu trono, Ashikaga Takauji acreditava receber uma recompensa substancial pelos seus serviços. No entanto, por considerar que a retribuição não seria o suficiente e tendo em conta a insatisfação da classe samurai com este novo governo, decidiu então revoltar-se contra.[70][71] Descendente do clã Minamoto, Ashikaga podia aceder ao trono imperial. Por esta razão, o imperador decidiu agir rapidamente, enviando um exército contra Takauji, seguindo-o até à ilha Kyushu. Takauji não foi derrotado e regrassou ao trono em 1336. O imperador ordenou então Masashige enfrentar as tropas rebeldes em Minatogawa (agora Kobe), o que resultou na vitória decisiva para Takauji. Frente a esta situação, Masashige decidiu cometer seppuku.[72] Neste momento, o shogun nomeou o próprio príncipe imperial Yutahito, a imperador (Imperador Komyo), enquanto isso, o imperador Go-Daigo foi para a cidade Yoshino, sendo que durante os seguintes 50 anos, houve duas cortes imperiais: a Corte do Sul em Yoshino e a Corte do Norte em Kyoto.[72] Esta pendência ficou conhecida como período Nanboku-chō (南北朝時代 Nanbokuchō-jidai?, literalmente "Cortes do Norte e do Sul"). Mas foi até 1392 graças às habilidades diplomáticas de um dos maiores governantes da história do Japão, o shogun Ashikaga Yoshimitsu, que as duas linhagens se reconciliaram e a Corte do Sul cedeu.[71]
Com a divisão do governo imperial perdeu-se todo o poder político efetivo, uma vez que a Corte do Norte recebia o apoio do shogunato e a Corte do Sul controlava apenas alguns territórios. O shogunato Ashikaga erigiu enquanto governo central, contudo foi um governo bastante débil ao contrário do shogunato Kamakura.[71] O principal motivo baseou-se na grave situação de que o guardas das províncias do Japão não eram simples oficiais, sendo que haviam organizado grupos de samurais e formado exércitos baseados no conceito entre senhor e vassalo, progredindo para senhores feudais que detinham um controlo independente sobre várias regiões. Este novo tipo de líder foi chamado de daimió (大名? lit. "Senhor das Terras").[71][73]

Período Sengoku (1467-1568)

Takeda Shingen e Uesugi Kenshin, legendários rivais no período Sengoku. Esta estátua representa o seu encontro durante a Quarta Batalha de Kawanakajima.
Após um breve período de relativa estabilidade, desenvolveu-se uma certa abstinência política durante o shogunato de Ashikaga Yoshimasa, neto do famoso Yoshimitsu Ashikaga. Yoshimasa havia-se dedicado a longo prazo às questões artísticas e culturais, pelo que se encontrava completamente ignoto sobre a situação económica e política do país. Com isto, os proprietários aproveitaram-se deste oportuno momento e começaram com um disputa interna pelo poder e pelas terras, este acontecimento ficou conhecido como a Guerra de Ōnin (応仁の乱 Ōnin no Ran?).[74] De uma disputa entre Hosokawa Katsumoto e Sōzen Yamana, escalou para uma guerra que envolveu todo o país, tal como o shogunato Ashikaga e uma série de daimyo em muitas regiões do Japão. Este período da história que se estabeleceu entre 1467 e 1568, ficou conhecido como o período Sengoku (japonês: 戦国時代, sengoku jidai). É justamente neste clima de instabilidade e inúmeros conflitos que a participação dos samurais foi significativa.
Das figuras mais importantes deste período destacam-se Takeda Shingen e Uesugi Kenshin, cuja lendária rivalidade serviu de inspiração em várias obras literárias. Os exércitos de Shingen e Kenshin enfrentaram-se nas famosas batalhas de Kawanakajima (1553 - 1564). Apesar da maioria das batalhas não passarem de meras guerrilhas, a quarta batalha de Kawanakajima, em 1561, foi de grande importância quanto à aplicação de tácticas de combates, que resultou em grandes perdas para ambos os lados, como uma percentagem do total das forças,distinguindo-se de qualquer outra batalha no período Sengoku, em que o confronto corpo a corpo entre os dois líderes resultou num desfecho em igualdade de circunstâncias no final do combate.[75]
A guerra derrubou a ordem do estado antigo, assim como o sistema de territórios privados, contudo, esclareceu a capacidade da classe guerreira e camponesa perante tais eventualidades, uma vez que instituíram entidades locais autónomas. Da mesma forma, as cidades que haviam sido edificadas nas principais vias de circulação do Japão passaram a ser administradas por cidadãos armados. Os daimyo que conseguiram agrupar estas localidades autónomas ao seu poder político obtinham um maior estatuto e poder. Com o surgimento de novos centros políticos e económicos através do país, esta dinâmica fez com que a sociedade do período Sengoku se tornasse bastante diferente da que anteriormente existia, em que o poder estava antes concentrado apenas na capital do país.[76]
Com estes excessivos confrontos internos pelo desejo de mais poder e mais terras, era só uma questão de tempo até que um poderoso daimyo tentasse alcançar Kyoto, com o objetivo de derrubar o shogun, como aconteceu em 1560. Imagawa Yoshimoto (1519-1560), marchou em direcção à capital acompanhado por um imenso exército com a finalidade de derrubar o então líder.[76] No entanto, ele não contava em enfrentar as tropas de Oda Nobunaga, um daimyo secundário o qual superou Imagawa numa proporção de doze soldados para um. Yoshimoto, confiante do seu poder militar, havia celebrado a vitória antes mesmo da batalha terminar. Oda Nobunaga foi capaz de atacá-lo quando este se encontrava desprevenido durante uma das suas habituais celebrações na Batalha de Okehazama. Enquanto Yoshitomo saia da sua tenda justo à causa da agitação que ocorria no exterior, foi capturado e seguidamente morto nesse mesmo local. Nobunaga passou então de um simples daimyo para uma figura de destaque na conjuntura política e militar do país.[76]

Desenvolvimento cultural e contacto com o ocidente

Grupo de Nanban portugueses.Biombo de Kano Domi (finais do século XVI).
Apesar do proeminente estado de guerra, o desenvolvimento de vários factores culturais no Japão foram neste período evidentes na arquitetura, pintura, música e poesia. O terceiro shogun, Yoshimitsu, foi um importante promotor das artes no Japão sendo que durante o seu reinado surgiu a cultura Kitayama que perdurou entre a segunda metade do séc. XIV e inícios do séc. XV. Neste período nasceram os teatros Noh e Kyogen, assim como a construção de Kinkaku-ji (em japonês 金閣寺, Templo do Pavilhão Dourado).[72][77] Mais tarde, na segunda metade do século XV, o oitavo shogun, Ashikaga Yoshimasa, promoveu a cultura Higashiyama,[78] em que o zen budismo e a estética wabi-sabi haviam influenciado a harmonização cultural entre a corte imperial e a classe samurai, assim como o florescimento de expressões artísticas como a cerimónia do chá (também designada de chadō ou sadō), a Ikebana, o Kōdō, o renga entre outras.[77]
Durante a fase final do período de Sengoku deu-se a chegada dos primeiros europeus, oriundos de Portugal, ao Japão. Foi em 1543, quando um navio com portugueses a bordo, aportou na costa da ilha de Tanegashima (a sul de Kyushu). Com a posse de armas de fogo por parte dos portugueses, estas foram as primeiras a serem introduzidas no Japão. Mais tarde, en 1549, o jesuíta espanhol Francisco Xavier chegou a Kyushu, difundindo o cristianismo no Japão.[77] Durante os anos seguintes, comerciantes portugueses, holandeses, ingleses e espanhóis chegaram ao Japão enquanto missionários jesuítas, franciscanos e dominicanos. Os japoneses denominaram os visitantes europeus de nanban (南蛮 literalmente: "bárbaros do Sul") uma vez que os europeus desembarcavam na região sul do arquipélago japonês, enquanto que os europeus consideraram os japoneses enquanto sociedade feudal, com uma grande desenvolvimento urbanístico no país e uma sofisticada tecnologia pré-industrial.
As armas de fogo trazidas pelos portugueses foram a mais significante inovação durante este período, sendo que a produção deste tipo de armas começou a ser efectiva em inúmeras áreas do Japão, tendo sido um factor decisivo com a utilização do Arcabuz na batalha de Nagashino em 1575. O cristianismo espalhou-se pelo país muito rapidamente sobretudo no oeste, e contou com a conversão religiosa por parte de alguns daimyos.[77] No entanto, as autoridades japonesas consideraram o cristianismo como uma eventual ameaça que poderia facilmente desencadear uma possível conquista europeia sobre o Japão, assim, proibiram a sua prática recorrendo à violência, cortando gradualmente as relações comerciais do Japão com o resto do mundo (excepto com a China e Países Baixos) nos começos do período Edo.

Período Azuchi-Momoyama

Em 1573 Nobunaga marchou em direção a Kyoto, derrubando o shogun Ashikaga Yoshiaki. Este acontecimento marcou o início do que é denominado de período Azuchi-Momoyama (安土桃山時代, Azuchi Momoyama jidai?), com o nome de dois emblemáticos castelos da época: o castelo Azuchi-jō e o castelo Fushimi-Momoyama. Apenas uma semana depois de conseguir a retirada do shogun Yoshiaki, Oda Nobunaga (1534 - 1582) convenceu o imperador a alterar o nome da era para Tensho enquanto símbolo do estabelecimento de um novo sistema político. Da mesma forma, o imperador concedeu o título de Udaijin (太政大臣? lit. «Gran Ministro de Estado») tendo permanecido por quatro anos.[79]

Oda Nobunaga

Oda Nobunaga depôs al shogun Ashikaga Yoshiaki terminando assim o shogunato Ashikaga.
Nobunaga nasceu em 1534 na província de Owari e até 1560 havia sido um daimyo secundário. Em 1560, Nobunaga alcançou fama e reconhecimento ao vencer o vasto exército de Imagawa Yoshimoto durante a batalha de Okehazama. Depois de ajudar Yoshiaki a alcançar o shogunato, lançou uma campanha com o propósito de tomar o controlo da parte central do país. Em 1570 derrutou os clãs Azai e Asakura durante a batalha de Anegawa e em 1575 derrotou a lendária cavalaria do clã Takeda na batalha de Nagashino. Outros dos seus principais inimigos foram os monges guerreiros Ikko-ikki, membros da seita budista de Jōdo-Shinshu. Nobunaga manteve uma rivalidade com os Ikko-ikki durante doze anos, dez dos quais havia dedicado o assédio mais amplo da história: o cerco da fortaleza Ishiyama Hongan-ji.[80]
Em 1576, Nobunaga mandou construir o castelo de Azuchi, o qual se veio a tornar num seu local de operações. Em 1582 Nobunaga dominava quase toda a parte central do Japão, assim como as suas principais vias, tais como a estrada Tōkaidō e Nakasendo, decidindo então extender o seu domíni territorial para oeste. Dois dos seus principais generais, foram encarregues de completar esta tarefa; enquanto Toyotomi Hideyoshi pacificaria a parte sul da costa oeste do Mar Interior de Seto, em Honshu, Akechi Mitsuhide ira para o litoral norte do Mar do Japão. Durante o verão do mesmo ano, Hideyoshi encontrava-se detido durante o cerco do castelo de Takamatsu, controlado pelo clã Mōri. Hideyoshi solicitou reforços a Nobunaga, sendo que este ordenou a Mitsuhide seguir em frente e, posteriormente, juntar-se a eles. Mitsuhide, ao meio do caminho decidiu regressar para Kyoto, onde Nobunaga tinha decidido permanecer no templo Honnō-ji apenas para sua própria segurança. Mitsuhide atacou e incendiou o templo, no que é conhecido como Incidente de Honnō-ji onde Nobunaga havia cometido seppuku.[81]

Toyotomi Hideyoshi

Retrato de Toyotomi Hideyoshi.
Toyotomi Hideyoshi (1536 - 1598)[81] nasceu numa humilde família em que o seu pai era um fazendeiro que havia lutado no exército de Nobunaga enquanto soldado ashigaru, até ter sofrido um disparo de uma arcabuz que o obrigou a aposentar-se.[81] Hideyoshi seguiu os passos do seu pai e graças à sua destreza no campo de batalha, foi rapidamente promovido em várias ocasiões, acabando por se tornar num dos principais generais do clã Oda.[82]
Durante o "Incidente de Honnō-ji", Hideyoshi encontrava-se no castelo Takamatsu quando depressa recebeu a notícia da morte do seu mestre, sendo que fez de imediato uma trégua com o clã Mori, regressando para Kyoto numa marcha forçada. Os exércitos do recém autonomeado shogun Akechi Mitsuhide e o de Hideyoshi encontraram-se nas margens do rio Yodo, perto do pequeno povoado designado Yamazaki, onde o confronto recebeu o seu nome. Hideyoshi saiu vitorioso e Mitsuhide foi obrigado a fugir. Durante a sua fuga, um grupo de camponeses assassinaram-no, pondo fim ao seu governo de apenas 13 dias.[82]
O facto de ter vingado a morte do seu antigo mestre, concedeu-lhe a previsível oportunidade de se tornar a mais alta autoridade militar do país, enfrentando e derrotando durante os dois anos seguintes todos os rivais que contra ele se opuseram. Em 1585, e depois de ter garantido o controlo sobre o centro do país, começou a mover-se em direção a oeste, conquistando território para além do escopo que Nobunaga havia conseguido.[83] Em 1591, Hideyoshi unificou do país, decidindo então uma tentativa de conquistar a China.[84] O regente solicitou portanto ajuda da dinastia Joseon da Coreia com o propósito de atacar a dinastia Ming, garantindo uma passagem segura até ao país, contudo o governo coreano havia negado tal assistência. A Corea foi então palco de duas das invasões massivas por parte das tropas japonesas entre 1592 e 1598, originando na morte de Hideyoshi, que durante todo esse tempo havia permanecido no Japão.[84]
Uma vez que Hideyoshi não possuía descendência real e nem sequer provinha de qualquer um dos históricos clãs japoneses, não lhe foi nunca concedido o título de shogun. Em troca, recebeu uma designação de menor importância: a de Kanpaku (関白? regente) em 1595, a de Daijō Daijin (太政大臣?) em 1586 sendo que por fim, adoptou o título de Taikō (太閤? «Kanpaku retirado»).[85]

Tokugawa leyasu

Retrato de Tokugawa Ieyasu.
Tokugawa Ieyasu (1542-1616)[86] passou a maior parte da sua infância como refém na corte de Imagawa Yoshimoto, uma vez que o seu clã era feudatário dos Imagawa. Após a vitória de Oda Nobunaga sobre Yoshimoto, inúmeros daimyo fugiram, sendo que outros tornaram-se independentes ou declararam-se aliados do clã Oda, como o ocorrido com o próprio Ieyasu.[87]
Sob as ordens de Nobunaga, em 1564 leyasu combateu contra os Ikko-Ikki da província de Mikawa, sendo que em 1570 lutou na batalha de Anegawa ao lado das forças de Nobunaga.[87] Em 1572 foi obrigado a enfrentar um dos seus maiores desafios da sua vida militar: a [[batalha de Mikatagahara, onde o seu exército foi derrotado pela cavalaria de Takeda Shingen, este que viria a morrer no ano seguinte ao ter sofrido um tiro de uma arcabuz.[87] Em 1575, Tokugawa Ieyasu esteve presente na batalha de Nagashino onde o clã Takeda foi derrotado e desde então, concentrou-se na consolidação da sua posição militar, mesmo depois de Toyotomi Hideyoshi adquirir o controle do país.[88]
Uma vez que o feudo de Ieyasu ocorria no centro do país, este evitou assistir a campanhas de pacificação em Shikoku e Kyushu, contudo foi forçado a enfrentar o clã Hōjō tardio (後北条氏 Go-Hōjō-shi?) no cerco de Odawara.[89] Devido à vitória sobre os Hōjō, Hideyoshi concedeu-lhe as terras penhoradas, pelo que transferiu a capital para Edo actual Tóquio).[89] A sua nova localização em Kyūshū, possibilitou-o antes demais, de evitar a responsabilidade em combater durante as invasões japonesas na Coreia, guerra esta que exauriu significativamente os exércitos dos seus principais rivais.[89]
Batalha de Sekigahara
Após a morte de Hideyoshi, Tokugawa Ieyasu começou a estabelecer uma série de alianças com importantes figuras do país através de casamentos combinados, sendo que Ishida Mitsunari, um dos cinco bugyō (奉行? magistrado), começou portanto a aliar todos estes contra Ieyasu.[90]
A 22 de agosto de 1599, enquanto Ieyasu organizava o seu exército com intento em enfrentar o clã de um rebelde daimyo chamado Uesugi Kagekatsu, Mitsunari decidiu agir sob a ajuda de vários apoiantes, incluindo outros bugyō e três dos quatro tairō (大老? lit. «Grande ancião»). Este, apoderou-se da oportunidade e levantou-se em resposta, criando uma aliança para desafiar Ieyasu. Assim, haviam criado uma suposta conspiração contra Ieyasu para o assassinarem, acusando-o de 13 distintas funções.[91] Entre as acusações destacam-se acções ilícitas dando em matrimónio filhos e filhas com poder político e também de este ter tomado posse do castelo Osaka, antiga residência de Hideyoshi, como se a ele pertencesse.[92] Ieyasu interpretou a carta a ele enviada, como uma declaração de guerra, pelo que praticamente todos os daimyo do país se alistaram, tanto no "Exército do Oeste" de Mitsunari como no "Exército do Leste" de Ieyasu.[92]
Os dois exércitos enfrentaram-se naquela que é conhecida a Batalha de Sekigahara (関ヶ原の戦い Sekigahara no tatakai?), que teve lugar na vila Sekigahara (da província de Gifu) a 21 de outubro (15 de setembro) no antigo calendário chinês.[93] Neste confronto, Ieyasu saiu vitorioso depois de vários generais do "Exército do Leste" decidirem mudar de lado no decorrer do conflito. Ishida Mitsunari foi forçado a fugir, no entanto foi posteriormente capturado e decapitado em Kyoto.[94] Com esta vitória, Ieyasu tornou-se a maior figura política e militar do país.
Vitória de Ieyasu durante a Batalha de Sekigahara dando início ao shogunato Tokugawa, que permaneceu mais de 250 anos no poder.

Princípio da monarquia

A família imperial japonesa mantém-se de forma contínua no trono desde o princípio do período monárquico, no século VI d.C.. Segundo o ponto de vista religioso, os imperadores traçam sua ancestralidade até o reinado dos deuses sobre a terra, dos quais seriam descendentes e o Imperador Jinmu.

Feudalismo Incorporado

A acumulação de grandes extensões de terra e plantação em mãos de particulares possibilitou a ascensão dos administradores locais, os Daimyo. À medida que suas terras eram removidas das listas de impostos, aumentava a renda dessa classe social. Gradualmente, os administradores começaram a repelir a interferência de funcionários provinciais e centrais, e criaram forças próprias para manter a ordem em suas áreas. Assim, o século X foi de completa desordem. Os aristocratas de Kyoto não tinham poder algum para fazer cumprir as ordens fora da capital e do estado, já que os antigos exércitos haviam degenerado e os novos tinham-se tornado uma espécie de asilo onde os nobres bem relacionados ocupavam sinecuras. Em alguns lugares, o próprio povo armava-se para proteger-se. Os "oficiais de pacificação" designados pelo poder central pouco podiam fazer, pois não contavam com o apoio local. Acelerou-se a fragmentação do poder. Em 1156 uma disputa sucessória trouxe os guerreiros rurais para a capital, onde se estabeleceram.
As grandes ligas de guerreiros eram chefiadas por famílias que se consideravam de ascendência imperial. Era prática enviar os filhos mais novos do imperador ao campo, quando não havia mais lugar para eles na corte; por determinação dos códigos, deviam mudar de nome após seis gerações; assim, no século X, os guerreiros se afiliaram a duas grandes ligas, lideradas pelas famílias Minamoto e Taira, que se diziam imperiais. A luta irrompeu em Kyoto em 1156 e 1159. A primeira guerra - a da era Hogen - foi provocada por uma disputa sucessória, após a morte do Imperador Toba, que tentou levar ao trono seu quarto filho Goshirakawa em vez de permitir que seu filho mais velho, Konoe, permanecesse como imperador. Venceram os partidários de Goshirakawa e os líderes da oposição foram executados. Goshirakawa reinou até 1158, quando se retirou, começando a segunda guerra.

Unificação

No século XVI ainda perdurava a desordem e a desfragmentação no Japão, que chegou a ter, de 1335 a 1392, duas cortes imperiais. Mas, ao final do século XVI, alcançara substancial unificação, ou pelo menos a pacificação. Isso foi obra de três grandes generais: Oda Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi e Tokugawa Ieyasu. Homens de grande capacidade militar criaram uma base estável para o exército da administração Tokugawa, que durou até 1867.
Do século XVII ao século XIX, o Japão permaneceu isolado do resto do mundo. O país passava por uma política de isolamento chamada Sakoku ("País fechado"). Durante esse tempo foi governado pelo clã Tokugawa.
Devido a esse isolamento, o Japão não se industrializou junto com o resto do mundo e permaneceu na sociedade feudal do regime de Xogunato.(Ver Xogunato Tokugawa). Nesse período, a capital era Edo, a Tóquio de hoje. (Período Edo é o período que vai de 1603 a 1867, que caracteriza o governo Tokugawa).

Motivos do isolamento

Não podemos deixar de citar as relações comerciais mantidas com os Países Baixos. Ao contrário dos portugueses, que queriam também catequizar os japoneses, os neerlandeses tinham apenas intenção comercial com o país do sol nascente.
O Japão, além de ter sido governado por uma ditadura feudal que adotou uma política de isolamento, também teve outro motivo crucial para ter permanecido isolado até a década de 1850:
Interesses econômicos mundiais: O Japão só sofreu sua modernização no período em que ela aconteceu por causa da intervenção dos Estados Unidos. O interesse dos Estados Unidos em criar laços com o Japão estava ligado a necessidade de hegemonia dos EUA: Eles queriam aliados em pontos estratégicos da Ásia e do Pacífico.
Antes disso, no contexto econômico do mundo, o que movimentava o comércio eram as especiarias, matérias primas, produtos vegetais tropicais e terras virgens. O Japão, sendo um país de território pequeno, formado por montanhas e planícies estreitas e com poucas terras cultiváveis, não atraía os comerciantes nem as potências colonialistas como os países tropicais.(Havia sim certa pressão para o comércio, pois o Japão era um ponto estratégico, com mercado consumidor em potencial).
Outro motivo dele ter se isolado e do governo Tokugawa ter fechado o país foi para proteger a hegemonia que o clã (Tokugawa) tinha e para manter a estabilidade que o Japão havia alcançado. Como assim? As potências europeias, em suas conquistas pelo mundo (de ordem religiosa, política, econômica, etc) estavam envolvendo a Ásia nesses conflitos. Lutavam para alcançar o "monopólio de relação comercial" (numa espécie de pacto colonial) com países como o Japão.
Com o Japão já unificado e "em paz", os Tokugawa precisavam acabar com a vulnerabilidade do Japão, ou seja, tirá-lo do meio desse campo de batalha. Assim, expulsavam comerciantes e catequizadores e até proibiram a prática do cristianismo (que ameaçava a ordem vigente).
Por isso, mais ou menos de 1637 a 1868, a Terra do Sol Nascente ficou isolada do resto do mundo. No período em que voltou a se abrir, o governo do clã Tokugawa acabou, e o Japão deixou de ter o Xogunato para voltar aos moldes de Império. Essa transição em que o Japão se modernizou e houve um choque entre a cultura feudal japonesa e a cultura capitalista ocidental ficou conhecida como Revolução Meiji.

Imperialismo Japonês

Em 1868 foi restaurado o poder imperial no Japão, subtraindo aos xoguns o poder feudal que existia desde o século XII. Subiu ao trono o jovem imperador Mitsuhito, conhecido pelo nome de Meiji. A Era Meiji (1868-1912), como ficou conhecida, representou um período de grandes mudanças na história do Japão.
Completadas as reformas internas, o governo decidiu-se a alcançar uma condição de igualdade com as potências ocidentais. Uma reforma dos tratados, com vistas a extinguir os privilégios judiciais e econômicos desfrutados pelos estrangeiros, foi tentada desde o início, mas as potências envolvidas recusaram-se a tratar do assunto até que as instituições legais japonesas se equiparassem às ocidentais. Os assuntos asiáticos ocuparam lugar secundário da política externa dos primeiros anos, mas já no início da década de 90 tornava-se clara a preponderância chinesa na Coreia, o que alarmava Tóquio. Em 1894, uma rebelião na Coreia foi esmagada com apoio dos chineses. O Japão enviou tropas ao país vizinho e, cessada a crise, recusou-se a retirá-las. As hostilidades sino-japonesas começaram no mar, e depois a luta transferiu-se para a Coreia. Vitorioso em todas as batalhas, o Japão impôs um tratado humilhante ao adversário, mas as potências europeias se recusaram a aceitar Tóquio como sócio na partilha das riquezas da China. Alemanha, França e Rússia forçaram os japoneses a devolver a península de Liaotung, tomada à China, em troca de uma indenização. Em 1889, a Rússia forçou a China a ceder-lhe a referida península, com sua importante base naval de Port Arthur.

Segunda Guerra e rendição

Em 1937, o chamado “incidente chinês” praticamente colocou o poder no Japão em mãos dos militares. O incidente começou com o ataque japonês a unidades chinesas na Ponte Marco Polo, perto de Pequim. A seguir, as tropas japonesas ocuparam Nanquim, Hangchow e Cantão. A essa altura, o Japão já fazia parte do chamado Eixo, através do Pacto Anti-Komintern com a Alemanha e mais tarde com a Itália. Esses acordos foram substituídos pelo Pacto Tripartite de setembro de 1940, pelo qual as potências do Eixo reconheciam o Japão como líder de uma nova ordem na Ásia.
O Exército Vermelho é obrigado a ir buscar diversos comandantes nos campos de concentração, onde estão confinados por ordem de Stalin. Indústrias são transferidas para os montes Urais e os Aliados prestam importante auxílio marítimo e aéreo às forças soviéticas. Ataque a Pearl Harbor - O ataque japonês à base norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941, leva os Estados Unidos a declararem guerra ao Eixo e alastra o conflito a quase todo o mundo. Em junho de 1942 o Japão já ocupa a Indochina Francesa e detém a supremacia naval no Pacífico. Em seguida, toma Hong-Kong, Malásia, Singapura, Índias Orientais Holandesas, Bornéu, Filipinas, Andamão e Birmânia. As duas facções beligerantes estão definidas: os países do Pacto Anticomintern (o Eixo) Alemanha, Itália e Japão contra a União Soviética, a China e os Aliados (Inglaterra, Estados Unidos, entre outros).
Um kamikaze era um piloto que pilotava seu avião totalmente carregado de explosivos para que, em última instância, pudesse atirar-se contra os inimigos, dando sua vida como arma final. Kamikazes são erroneamente confundidos com os aviões japoneses pilotados por um piloto suicida que com ele se atira sobre o alvo inimigo. Na verdade, Kamikaze (Kami = deus, Kaze = vento) é o nome japonês para as duas tempestades que, em 1274 e 1281 destruíram frotas de invasores mongóis, livrando o país da guerra e recebendo o nome de "ventos divinos" pela ajuda que deram.
Em agosto de 1945, as bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki e a entrada da URSS na guerra asiática forçaram a rendição. O ato formal foi assinado a 2 de setembro de 1945, na Baía de Tóquio, a bordo do couraçado norte-americano “Missouri” e deixava claro qual seria as intenções americanas em relação ao Japão: a rendição incondicional, o que significava a perda da soberania e da sua própria independência.


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