Caderno Nova Revolução Humana


Devotarei a minha vida para desenvolver os jovens

Edição 2157 - Publicado em 24/Novembro/2012 - Página C2

Volume 21, capítulo “Diplomacia do Povo”. Partes 25 a 32


ENCONTRO. Shin-iti Yamamoto e Zhao Puchu dialogam sobre o Sutra de Lótus: “O Sutra de Lótus pode ser considerado um conjunto de princípios que deixam clara a natureza da vida humana”

ELOS DE AMIZADE. Shin-iti conversa com os representantes da Associação pela Amizade Sino-Japonesa

GRANDE TESOURO. O presidente Yamamoto e a esposa, Mineko, observam o rolo de pintura Ao Longo do Rio. A obra foi pintada entre os anos 1085 e 1145 e é considerada um dos grandes tesouros da China

LIVROS. Shin-iti e Mineko conhecem a Biblioteca da Universidade de Pequim

SINCERIDADE. Shin-iti irradia felicidade ao conversar com os jovens

CONFIANÇA. Encontro do presidente Yamamoto com o vice-primeiro-ministro Deng Xiaoping

PONTOS DE VISTA. Shin-iti Yamamoto e Deng Xiaoping dialogam sobre vários assuntos

PARTE 25


Após o brinde, Shin-iti Yamamoto levantou-se para discursar. Primeiro, relatou quanto estava feliz em realizar sua terceira viagem à China desde a primeira visita no ano anterior (imagem da capa). Oferecendo sinceramente sua gratidão pela ótima recepção que teve em cada uma delas, determinou reforçar a ponte dourada de amizade e paz ligando o Japão e a China.
Ele informou que as relações acadêmicas bilaterais haviam avançado com a admissão de estudantes chineses na Universidade Soka naquela primavera. Esses estudantes sustentariam o futuro de seu país.
Shin-iti comentou:
– Encontrei-me com os alunos. São bons jovens que desempenharão importantes papéis no futuro da China. Sinto que eles são a esperança do futuro. Estou muito feliz de pensar nos fortes laços de amizade que se formarão entre esses estudantes chineses e japoneses à medida que viverem e estudarem juntos. Estou determinado a dar o meu melhor para corresponder à confiança e à amizade que a China tem depositado na Universidade Soka.
Entusiasmados, todos aplaudiram esse juramento pela amizade. Shin-iti agradeceu e disse:
– Devemos lutar para abrir o caminho pelo bem do futuro e dos jovens. Esses esforços produzirão gloriosos resultados no futuro. É com grande alegria que pretendo devotar a minha vida à criação de inumeráveis jovens que sustentarão a missão de promover a amizade sino-japonesa. Nesta viagem, visitarei as universidades Wuhan e Fudan em Xangai. Nas duas instituições, espero começar um programa de intercâmbio educacional e cultural como o que já usufruímos com a Universidade de Pequim. Quero usar toda a minha energia para assegurar a prosperidade e a paz de nossos dois países e o desenvolvimento dos jovens que nos sucederão.
No histórico clássico chinês Fundamentos do Governo na era Chen-Kuan consta a passagem: “A chave para criar uma nação pacífica está em encontrar indivíduos de talento”.
Para criar um mundo pacífico, Shin-iti estava decidido a fazer da educação o último e conclusivo empreendimento na vida. Seriamente, ele estava dando passos iniciais para ampliar o grande rio do intercâmbio educacional.

PARTE 26


Ao término das palavras de abertura, os convidados da recepção começaram a conversar.
O presidente Yamamoto estava sentado na mesma mesa que Zhao Puchu (1907–2000), vice-presidente e líder da Associação Budista da China. Eles iniciaram uma discussão sobre o Sutra de Lótus.
Na primeira viagem de Shin-iti a Pequim, Zhao Puchu o acompanhou numa visita ao Palácio de Verão, ao jardim e ao complexo palaciano nos arredores da cidade que haviam sido usados pela imperatriz Cixi (1835–1908) da dinastia Qing.
Nessa ocasião, conversaram sobre o Sutra de Lótus. Agora, nessa recepção, parecia que haviam resgatado o diálogo de onde tinha parado.
Discutiram sobre a frase de abertura do segundo capítulo do sutra, “Meios”, a qual Shin-iti recitou em japonês como Niji Seson. O intérprete chinês que os acompanhava informou a Zhao a mesma frase em chinês como Ershi Shizun.
Ao escutar isso, Zhao imediatamente citou a frase seguinte em chinês, começando com as palavras Cong Sanmei. Era evidente que Zhao reconhecia o profundo significado do sutra e memorizou várias partes deste.
Shin-iti e Zhao falaram sobre a diferença entre os ensinamentos teóricos e práticos do sutra, o significado dos capítulos dois e dezesseis, e o conceito dos Dez Mundos.
Shin-iti explicou:
— O Sutra de Lótus pode ser considerado um conjunto de princípios que deixam clara a natureza da vida humana. Meu mestre, Jossei Toda, que foi encarcerado por suas crenças, durante a Segunda Guerra Mundial, pelas autoridades militares, leu o sutra com toda a dedicação. Enquanto estava na prisão, orou continuamente Daimoku, que é o título do sutra, e leu o sutra com toda a seriedade. Esses esforços o levaram a crer que buda é a própria vida. Baseado nesse discernimento, ele foi capaz de reviver o Budismo Nitiren como uma filosofia de vida contemporânea e universal. O fato de a Soka Gakkai ter se desenvolvido e se transformado na organização que conhecemos hoje é diretamente atribuído ao despertar que meu mestre viveu na prisão.
Ouvindo atentamente as palavras de Shin-iti, Zhao Puchu falou:
— A maior razão do crescimento da Soka Gakkai é que o senhor, como discípulo de Jossei Toda, desenvolveu o budismo de uma forma acessível às pessoas. Sempre sou surpreendido por perspectivas budistas que adquiro ouvindo suas visões da filosofia. Verdadeiramente, o budismo não é um assunto simples de interpretação de textos sagrados. Sem trazer os ensinamentos à realidade, ela não serve como uma filosofia viável para as pessoas de hoje.
Shin–iti disse:
— Sim. Esse tipo de desenvolvimento é essencial. É meu maior desejo direcionar a atenção do mundo à essência do Sutra de Lótus, um ensinamento habilmente sistematizado em seu país.
— Espero que você o faça, disse Zhao Puchu, olhando atento para Shin-iti.

PARTE 27


O diálogo pode ser comparado ao fluxo e refluxo das ondas. Assim como as ondas podem, eventualmente, alterar a forma das pedras, o processo de diálogo honesto e sincero transforma a desconfiança em confiança. A visita de Shin-iti Yamamoto à China foi uma viagem para promover o diálogo.
Na manhã do dia seguinte, quinze de abril, Shin-iti teve uma amigável discussão no Hotel Pequim com o vice-presidente Zhang Xiangshan e outros representantes da Associação pela Amizade Sino-Japonesa. Com seu foco definido em encontrar maneiras de construir uma paz duradoura e a amizade entre o Japão e a China, eles ativamente trocaram opiniões sobre uma série de assuntos, como questões bilaterais, as relações da China com a União Soviética e as preocupações vitais para a Ásia e para o mundo.
Shin-iti enfatizou que a China deveria avançar no caminho da paz e da amizade com a União Soviética e os Estados Unidos.
Os chineses compartilharam suas francas opiniões sobre várias situações nacionais e internacionais e afirmaram sua intenção de buscar a paz, por mais difícil que fosse.
Shin-iti acrescentou com insistência ainda maior:
– O ponto essencial é como evitar a guerra. Temos de nos concentrar em como podemos atingir a meta de paz, sem confundir os meios com os fins. Em outras palavras, em vez de pensar em termos abstratos, que medidas concretas podem levar a China a realizar este objetivo?
Enquanto as discussões permanecerem no nível de análise e crítica, ou resultarem em conclusões abstratas, não haverá progresso real na resolução de problemas. O importante é o que pode ser feito a partir de hoje, a partir de agora. Para Shin-iti, era um pensamento que sempre o acompanhava.
O tempo voa a uma velocidade incrível. O poeta italiano Petrarca (1304–1374) escreveu: “Veja como o tempo voa, e como a vida voa também”.
Shin-iti afirmou sua determinação e a ação a que se propôs:
– Como cidadão, pretendo estimular pessoa a pessoa a fim de criar uma onda para a paz mundial.
Especialmente a partir de agora, gostaria também de visitar países que possuem um triste histórico de invasão e opressão, e construir inumeráveis pontes de paz e amizade. A humanidade deve pôr fim aos ciclos repetitivos de conflito, antagonismo e guerra. Esse é o meu sincero desejo.
Duas horas e meia passaram num instante.

PARTE 28


Naquela tarde, o membro do conselho da Associação pela Amizade Sino-Japonesa, Li Fude, acompanhou Shin-iti e comitiva numa visita ao Museu do Palácio, na Cidade Proibida.
Foi a segunda visita de Shin-iti ao museu. A primeira visita ao museu ocorreu em sua primeira viagem à China em maio de 1974.
Ao chegar ao museu, às quinze horas, eles foram recebidos por Wang Yeqiu, diretor do Gabinete de Gestão Empresarial de Relíquias Culturais do Estado (atual Administração Estatal do Patrimônio Cultural) e o curador do museu, Wu Zhongchao.
O encontro aconteceu entre Shin-iti e o diretor Wang Yeqiu, que ele conhecera durante a visita de Wang ao Japão no outono anterior.
Ao apresentar o diretor de gabinete, Li explica que Wang ocupa uma posição de grande responsabilidade no Conselho de Estado Chinês sobre assuntos relacionadas a artefatos históricos e obras de arte, sugerindo que a posição é equivalente à de um ministro de gabinete do governo japonês.
— Presidente Yamamoto, disse o diretor Wang. — Gostaria de lhe mostrar alguns objetos que normalmente não são vistos pelo público em geral.
O diretor Wang e o curador Wu guiaram pessoalmente Shin-iti e os membros de sua comitiva através do museu. Aqueles que acompanhavam o líder da SGI estavam impressionados pelo alto nível da recepção.
Entre os tesouros mostrados estavam artefatos no que se acredita ser o túmulo do príncipe Liu Sheng da Dinastia Han (202 a.C.–8 d.C.) e sua esposa, escavado em 1968 no Condado de Mancheng, província de Hebei.
Um dos descendentes do príncipe era Liu Bei (161–223 d.C.), que aparece como uma figura heroica no épico chinês O Romance dos Três Reinos. Shin-iti estava emocionado por esta aparente ligação com o romance histórico que ele havia estudado com seu mestre Jossei Toda quando jovem.
O diretor Wang ainda desenrolou o enorme rolo de pintura Ao Longo do Rio durante o Festival de Ch’ing-ming, que retrata o estilo de vida da dinastia Sung do Norte (960–1127), de modo que os visitantes apreciassem a obra de perto. Shin-iti estava profundamente comovido por essa consideração.
Quando chegou a hora de dizer adeus, Wang presenteou o presidente Yamamoto com um livro listando alguns dos objetos escavados em exposição, e Wu deu um volume para Mineko, esposa de Shin-iti.
O líder da SGI agradeceu gentilmente e perguntou se eles teriam a bondade de assinar as obras. Wang escreveu no livro de Shin-iti: “Viva a amizade sino-japonesa”, e Wu fez esta dedicatória para a Sra. Mineko: “Viva a amizade nipo-chinesa”.
— Isso é perfeito, disse Shin-iti. — A amizade é uma via de mão dupla. Tanto a China quanto o Japão devem ter o mesmo compromisso de promover a amizade, a fim de construir uma forte ponte de ouro. Obrigado!

PARTE 29


Shin-iti Yamamoto e o grupo que o acompanhava partiram do Museu do Palácio rumo a Universidade de Pequim, onde chegaram às dezessete horas.
Violetas, forsítias e muitas outras flores amarelas, brancas e cor-de-rosa desabrochavam pelo campus, anunciando a chegada da primavera. A cena lembrava um bonito jardim, em contraste com a visita anterior de Shin-iti em dezembro de 1974, quando as árvores estavam sem folhas e o jardim aparentava inverno.
Funcionários da Universidade de Pequim cumprimentaram Shin-iti e o levaram a um passeio pela nova biblioteca da instituição de ensino que estava prevista para ser inaugurada em primeiro de maio.
Eles o informaram que Shin-iti foi o primeiro visitante estrangeiro a ver as novas instalações e queriam mostrar a ele como os livros que doara seriam dispostos.
A área total da biblioteca tinha vinte e quatro mil metros quadrados, e o prédio, onze mil metros quadrados. O complexo da biblioteca era composto por duas asas, uma com dez andares e outra com oito, que acomodaria 3,6 milhões de livros.
Nas estantes, uma seção continha parte da coleção de livros que Shin-iti doara à biblioteca, cada obra com uma etiqueta de classificação. Orgulhosamente, o diretor da biblioteca contou a Shin-iti:
— Consideramos esses livros uma expressão de sua boa vontade e cuidaremos muito bem deles.
— Obrigado, disse Shin-iti. — Fico muito feliz. Estou profundamente impressionado pela sua sinceridade.
As pessoas que viajavam com Shin-iti sentiram que essa interação representava um lindo intercâmbio de amizade formado pela ressonante sinceridade de ambas as partes. Esta foi a terceira visita de Shin-iti à Universidade de Pequim. Ele foi tratado como um velho amigo e com o mais alto respeito.
Confiança é cultivada por meio de consistente cuidado. As mudas da amizade não crescerão grandes e fortes se forem negligenciadas depois de apenas um encontro. Assim como mudas precisam de água, fertilizante e cuidado paciente para crescer, a amizade é cultivada por meio da permanente sinceridade.
Após visitar a biblioteca, Shin-iti e comitiva foram acompanhados até o Lin Hu Xuan, o salão de recepção, para um jantar com os principais funcionários da universidade. O salão era rodeado por árvores e flores ao lado do lago Weiming do campus.
Mais tarde, Shin-iti encontrou-se com aproximadamente cem estudantes e membros do departamento de estudos japoneses. Ele os conhecera em suas visitas anteriores à instituição.
Encontrar-se com os outros é uma forma de abrir as portas da amizade e o diálogo é o meio para construir pontes entre o coração das pessoas.

PARTE 30


Ao ver os estudantes, Shin-iti falou-lhes com uma voz amistosa:
— Estou tão feliz por encontrá-los novamente. Tenho boas lembranças de todos vocês.
Enquanto cumprimentava os estudantes, um deles disse-lhe em japonês:
— Sensei, como vai o senhor?
— Oh, isso é maravilhoso!, respondeu Shin-iti. — Seu japonês melhorou muito. Você deve ter estudado com afinco. Estou muito bem, obrigado. Sinto-me particularmente bem porque tive esta oportunidade de revê-los.
Os estudantes sorriram radiantes.
O primeiro-ministro chinês, Zhou Enlai, declarou certa vez quando jovem: “Nós, jovens, devemos não somente pensar no hoje, mas também no longínquo futuro”. Os jovens são os tesouros da humanidade e os guardiões do futuro. Falar com os jovens é dialogar com o futuro.
Shin-iti disse:
— Gostaria de tornar nossos laços de amizade mais fortes para que durem para sempre. Uma verdadeira e dourada ponte de amizade é construída por meio do sincero intercâmbio entre as novas gerações do Japão e da China. Espero que todos visitem o Japão e os aguardo lá. Antes de deixar meu país, visitei umas das escolas que fundei: a Escolas Femininas Soka de Ensino Fundamental e Médio Soka, em Osaka. As estudantes dessa escola me disseram que estão ansiosas para visitar a China. Estou otimista e encorajado por essas jovens sucessoras e por vocês. Desejo abrir-lhes ainda mais o caminho e vou devotar todas as minhas energias para isso. Vamos embarcar num novo e esperançoso futuro, um novo amanhã para o Japão e a China, juntos!
Naquela noite, Shin-iti enviou um telegrama à Escolas Femininas de Ensino Fundamental e Médio Soka. Sua mensagem dizia: “Obrigado por se despedirem de mim na minha visita à China. Fui à Universidade de Pequim hoje. Amanhã também estarei bastante atarefado. Por favor, tornem-se pessoas fortes e belas. Até logo, minhas queridas estudantes. Shin-iti Yamamoto, de Pequim”.
Shin-iti está sempre pensando nos estudantes de todas as Escolas Soka, pois acredita que eles são os sucessores a quem ele confia a tarefa de criar a paz mundial.

PARTE 31


A voz do vice-primeiro-ministro Deng Xiaoping ecoou no Grande Salão do Povo:
— Bem-vindo! Obrigado por vir. Estou muito feliz por encontrá-lo novamente.
Shin-iti Yamamoto reuniu-se com o vice-primeiro-ministro em 16 de abril, quatro meses após o encontro anterior. Na frente da sala onde a reunião aconteceria, Deng sorriu calorosamente e abraçou Shin-iti.
No Quarto Congresso Nacional do Povo que aconteceu em janeiro de 1975, Deng foi selecionado entre os doze vice-primeiros-ministros que auxiliavam o primeiro-ministro, Zhou Enlai, a assumir o posto de vice-primeiro-ministro.
Era uma posição que abrangia tarefas de grande responsabilidade, incluindo reuniões com dignitários estrangeiros no lugar de Zhou Enlai, que estava sob tratamento médico.
Além dos representantes da delegação da Soka Gakkai, o chefe do Ministério das Relações Exteriores Japonês da Secretaria de Assuntos da Ásia também estava presente à reunião.
Shin-iti começou o encontro com um toque de humor:
— Hoje, vim como um cidadão japonês buscando provocar ampla discussão. Pretendo continuar falando por horas ou mesmo por dias até que me mande embora. Mas tenho certeza que você é tão sábio, vice-primeiro-ministro Deng, que responderá a todas as minhas perguntas complexas em apenas uma ou duas horas.
Shin-iti estava muito ansioso para ver as relações sino-soviéticas, que mostravam fissuras profundas, se moverem numa direção mais positiva. Ele também queria alcançar um entendimento mais claro das razões da insistência da China em incluir a cláusula anti-hegemônica num potencial tratado de paz e amizade entre o Japão e a China.
O vice-primeiro-ministro respondeu:
— Sei que você viajou muito até aqui, mas o presidente Mao é muito idoso e o primeiro-ministro Zhou não está bem de saúde. Se este último se sentisse melhor, tenho certeza de que gostaria de encontrá-lo, mas isso não parece ser possível agora.
— Sim, entendo, disse Shin-iti. Não esqueci que durante nosso encontro, no ano passado, ele me disse que tinha deixado o Japão há mais de cinquenta anos quando as cerejeiras estavam florescendo. Trouxe para ele uma foto das cerejeiras floridas que gostaria de presenteá-lo mais tarde por meio da Associação pela Amizade Sino-Japonesa.
Sinceridade e integridade são os fios em que a estrutura da amizade é tecida. Esses fios são torcidos, um a um, a partir da consideração e sinceridade profunda e formam os laços mais fortes que existem entre as pessoas.

PARTE 32


Como representante do idoso presidente Mao Tsé-Tung (1893–
–1976) e do primeiro-ministro, Zhou Enlai, que lutava contra a doença, o vice-primeiro-ministro Deng era de fato o governante da China. Ele estava certo de assumir responsabilidades ainda maiores no futuro.
Shin-iti estava consciente da tensão sob a qual Deng vivia. E comentou:
– A China é um país muito grande e a Soka Gakkai é uma organização pequena. Embora nossas posições sejam muito diferentes, entendo como é difícil para um líder reunir as pessoas e alcançar um novo crescimento em meio a circunstâncias adversas. Para sua nação superar os inúmeros desafios à sua frente e avançar rumo ao futuro, é muito importante que você cuide de sua saúde. Por favor, cuide bem de si mesmo.
Somos todos seres humanos. Fundamentalmente, somos todos iguais. Sinceros votos de incentivo e consideração, oferecidos de um coração para outro, são as chaves para formar ligações verdadeiras entre as pessoas, transcendendo as diferenças sociais, de geração ou ideológica.
Humanismo genuíno é encontrado no impulso natural para oferecer palavras de incentivo a outro ser humano, não importando quem seja.
A mensagem de Shin-iti parecia ter chegado a Deng, que balançou a cabeça em silêncio. Deng arregalou os olhos e falou:
– Vocês todos triunfaram sobre grandes dificuldades e crises e seu movimento avançou de forma notável. Tenho certeza de que não foi fácil.
A conversa mudou para assuntos internacionais e sobre a possibilidade de uma terceira guerra mundial. Deng salientou que a União Soviética e os Estados Unidos, com seus arsenais de armas nucleares e convencionais, representavam uma grande ameaça para o mundo. Ele acrescentou que a China teria de tomar medidas adequadas para responder plenamente a essa situação.
Particularmente, quando se falava da União Soviética, Deng levantava a voz e estridentemente denunciava os conflitos ideológicos e combates de fronteiras que tinham ocorrido entre eles, acusando a URSS de buscar a hegemonia.
Entretanto, Shin-iti não acreditava que esta era a verdadeira opinião do vice-primeiro-ministro. A Gangue dos Quatro ainda exercia poder na China e tinha acabado de articular uma posição antagônica em relação à União Soviética no recente Quarto Congresso Popular Nacional. Sem dúvida, o vice-primeiro-ministro Deng não tinha escolha a não ser aderir à linha do partido quando ele falou.
 
Na próxima edição:
Shin-iti e Xiaoping dialogam sobre a intenção da China em solidificar a amizade com os Estados Unidos e a União Soviética.

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