Hamas diz que continua respeitando trégua apesar da morte de palestino
Grupo que governa a Palestina apresentará ao Egito uma queixa contra Israel pela morte de Anwar Abdul Hadi Qudai
23 de novembro de 2012 | 15h 43
estadão.com.br
Ibraheem Abu Mustafa/Reuters
Palestinos carregam o corpo do jovem Anwar Abdul Hadi Qudai
"Depois do fato, dezenas de moradores organizaram uma passeata em direção à fronteira, e um dos manifestantes que levava uma bandeira palestina correu rumo à 'zona de segurança' e os soldados o mataram", explicaram. A chamada "zona de segurança", que em alguns trechos chega a ter 500 metros, é uma faixa delimitada há anos por Israel que impede o acesso aos palestinos de Gaza, apesar de se encontrar de seu lado da fronteira. A Jihad Islâmica, o segundo movimento em importância na Faixa de Gaza depois do Hamas, afirmou que o ataque se trata de uma "violação" ao acordo, porque o cessar-fogo inclui também a zona contígua à fronteira, segundo o xeque Nafez Azam, um de seus dirigentes.
Após uma investigação, o Exército israelense confirmou que seus soldados abriram fogo contra "cerca de 300 manifestantes que provocaram desordens, tentaram entrar em Israel e causaram danos na cerca". "Os soldados (...) dispararam para o ar em sinal de advertência e quando viram que os manifestantes não se afastavam dispararam em suas pernas", acrescentou.
Israel negou que as pessoas fossem agricultores e sustenta que um dos palestinos que participou dos protestos conseguiu inclusive "abrir passagem através da cerca e entrar em Israel", onde foi detido e pouco tempo depois devolvido a Gaza.
O Egito ainda não se pronunciou sobre o fato. O presidente Mohamed Morsi conseguiu na quarta-feira, após oito dias de hostilidades, um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Pelo acordo, uma primeira fase consiste em as partes se comprometerem a não realizar atividades de caráter ofensivo e uma segunda, "após 24 horas", seria negociado o alívio do bloqueio à Faixa de Gaza, além da liberdade de movimentação de pessoas e mercadorias.
Um negociador israelense viajou nesta sexta-feira ao Cairo para acompanhar as negociações, informou a edição digital do jornal Yedioth Ahronoth. Enquanto se ativa a segunda fase, o número de mortos na faixa como consequência da operação militar voltou a subir com a morte de dois feridos em um bombardeio israelense na terça-feira à noite.
Ashraf Al Qedra, porta-voz do ministério da Saúde do Hamas, informou que, por enquanto, o número de mortos chega a 166 - sem incluir os de hoje - e os feridos a cerca de 1.300. Em Israel, onde o balanço de vítimas é de seis mortos e meia centena de feridos, a imprensa local fez estimativas do impacto que a ofensiva pode chegar a ter nas eleições do dia 22 de janeiro.
Eleições em Israel
Uma pesquisa do jornal Maariv reflete que a coalizão Likud Beiteinu, aliança formada pelo primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e o titular das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, mantém a ampla vantagem em intenção de votos que tinha há duas semanas.
Segundo a pesquisa realizada pelo instituto Maagar Mohot, esta aliança política obteria 37 das 120 cadeiras do Parlamento israelense (Knesset), e governaria o país à frente de um bloco de direitas de 70 deputados, frente aos 50 da centro-esquerda.
Com Efe e Reuters
Comentários
Postar um comentário