PROPOSTA DE PAZ/2012 7ª PARTE



Restaurar o coração


    Dos três aspectos da Tese de Nitiren Daishonin que discutimos, creio que o do empoderamento é fundamental para a recuperação do equilíbrio psíquico e físico, a “restauração do coração”. A reconstrução mental e espiritual é um dos desafios mais difíceis e demorados que enfrentamos.


    Como já fiz antes, lembro a afirmação da Comissão da ONU que trata desta importante questão, quando considera que a segurança humana deva ser “construída com a força das pessoas e suas aspirações”. É um desafio difícil, senão impossível, para que o indivíduo dê o primeiro passo sozinho; e muito mais para sustentar até o ponto onde toda a vida será iluminada pela luz da sua esperança. Metaforicamente, as pessoas precisam de cordas seguras ligando coração a coração e dos ganchos do encorajamento para que continuem sua escalada pelos íngremes caminhos da vida.


    Exemplos luminosos são a vida de três figuras históricas, Emerson, Saint-Exupéry e Tada.


    Além da trágica perda do seu filho, a vida de Emerson foi marcada pela morte da sua primeira esposa e dos seus dois irmãos. Tempos depois, ele reflete sobre estas perdas e conclui que assumiram “o aspecto de um guia ou de um gênio”, dando-lhe o ímpeto para transformar o seu modo de viver.
Saint-Exupéry escreveria mais tarde: "O que salva um homem é dar um passo e depois outro. É sempre o mesmo passo, mas você tem de dar... O que assusta o homem é o desconhe­cido. Mas, quando tem de enfrentar o desconhecido, passa a conhecê-lo e perde o  medo."


    Tomio Tada, imunologista, finalmente foi capaz de voltar a escrever e, citando a Divina Comédia de Dante, gravou estas palavras: “Se estou numa condição infernal, então me deixe descrever o meu inferno”. E acrescentou: “Não sei o que me espera, mas estou aqui pelo que eu passei”. Ele estava preparado para recuperar o sentido da sua vida.


    Em cada um desses momentos dramáticos, foi indispensável o apoio dos outros. O filósofo William James (1842-1910), ao estudar a situa­ção dos sobreviventes do terremoto de São Francisco em 1906, concluiu que as pessoas que trocam experiências sentem uma mudança perceptível no senso de sofrimento e de perda. Mesmo que esta troca não leve a um avanço imediato, incentiva pessoas mergulhadas na dor a olhar o futuro sem esperança.


    Devemos dar atenção às palavras que fluem de outra alma. Nosso coração estremece com o sofrimento do outro e, pacientemente, sopra vida nas pequenas brasas que ainda restam no outro coração.


    O filósofo alemão Karl Jaspers (1883-1969) reconhece que o conjunto de ensinamentos deixado por Sakyamuni — os sutras que contêm 80 mil ensinamentos — nasceu de diálogos que ele manteve com uma pessoa ou com pequenos grupos. Sakyamuni acreditava que, “para falar com todos, é preciso falar com cada um”.  Seus ensinamentos são respostas às preocupações e aos sofrimentos das pessoas.


    Chamando os outros de “amigo”, Sakyamuni se esforçava para penetrar no coração e na mente de cada um deles, esclarecer a natureza real do sofrimento e ajudá-los a despertar a forma de superá-los. A parábola da flecha envenenada — na qual um homem é morto ao ser atingido por ela — conduz ao entendimento da sabedoria do Budismo de não se ater a conceitos metafísicos ou a debates filosóficos. Em vez disso, o Budismo aprofunda o desejo de aliviar o sofrimento de toda pessoa.


    Este cuidado se vê nos ensinamentos de Nitiren Daishonin. Nas cartas que enviou aos seus discípulos, ele abraça cada um deles, lamentando-lhe as dificuldades como se fossem suas. As palavras de Daishonin nos chegam até hoje como diretrizes para a vida porque são a cristalização de sua oração solidária e determinação para orientar os discípulos a superar as provações.


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Muito bom né?


Só lembrando de uma parte que me tocou profundamente:


"O filósofo William James (1842-1910) (...) concluiu que: as pessoas que trocam experiências sentem uma mudança perceptível no senso de sofrimento e de perda. Mesmo que esta troca não leve a um avanço imediato, incentiva pessoas mergulhadas na dor a olhar o futuro sem esperança."


Vamos pensar nisso quando estivermos realizando uma atividade, um incentivo, um diálogo, uma ligação telefônica.


Fechou gente?
Abração à todos!!
Sayonara!


Kouiti Kikuta

(66) 9998-4645 / 8101-1663



"Tudo que existe guarda um resplandecente diamante que, se for polido, torna-se brilhante."
(Thomas Alva Edson)

  “Nunca mais quero ver a palavra ‘miséria’ usada para se referir ao mundo, a um país ou a qualquer indivíduo."
(Jossei Toda)

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