Relato


O imensurável valor que existe dentro de mim

Edição 2125 - Publicado em 31/Março/2012 - Página A6
“CADA UM DE NÓS possui sua própria e única missão na vida. Além disso, vocês encontraram a Lei Mística ainda jovens. Vocês têm uma missão que é sua e somente sua. Isso, também, é um fato incontestável do qual eu gostaria que tivessem convicção e orgulho.”1 — A maioria das pessoas que leem essas palavras do presidente Ikeda, geralmente, se sente inspirada e encorajada, porque lembra que sua vida tem um valor imenso e único. Sente uma nova força emergindo de dentro de si, que se transforma em um brado: “É isso mesmo! Existe uma missão que somente eu posso cumprir!” No entanto, para Elaine da Silva Neves, responsável pela DFJ de bloco, Área Realengo (CRJ), essas palavras somente ganharam sentido e força gradativamente, a cada passo de avanço gravado nessa jornada da prática budista que iniciou em 2006.
Uma luz
Miúda, desde pequena Elaine cultivava um complexo de inferioridade, achava-se feia, magrela, sem capacidade, sem força para mudar as circunstâncias de sua vida. Por mais que dissessem o contrário, sua mente imperava, irredutível.
Quando um tio lhe disse: “Elaine, encontrei uma religião que está mudando a minha vida. Ore a partir de hoje Nam-myoho-rengue-kyo para qualquer coisa que você quiser que, com certeza, vai obter resposta!”. Ela resolveu experimentar. Estava atravessando grandes dificuldades financeiras que ameaçavam a sua graduação em Pedagogia na UERJ e, interiormente, considerava-se a pessoa menos importante do mundo. Passou a frequentar as reuniões budistas e começou a recitar o Nam-myoho-rengue-kyo dia e noite, voltada para a parede, com a sensação de que alguma coisa iria mudar. Era uma pequena flor da esperança que nascia dentro de seu coração.
Engrenagens em movimento
“Na semana seguinte ao início da minha prática, fui surpreendida com um convite para trabalhar em um projeto da Prefeitura com o Estado junto com alguns outros universitários. Quase não acreditei! Além de começar a trabalhar, o meu posto ficava a 5 minutos de casa! Senti que algo em minha vida realmente estava começando a se movimentar. Fiquei entusiasmada e passei a não perder nenhuma reunião do bloco do meu tio e também ensinei o Nam-myoho-rengue-kyo para uma amiga da faculdade, a Gisele.”
Depois de algum tempo, passou a convidar também sua mãe para ir às reuniões do budismo.
Havia um problema que se arrastava por dez anos na Justiça: a aposentadoria de sua mãe tinha sido cassada. Todos desejavam muito solucionar essa questão.
Uma vez mais, comprovação: “Uma semana após minha mãe assistir a reunião e começar a recitar Daimoku em casa, seu advogado ligou e recebemos a resposta de que ela tinha sido absolvida no processo. Que alegria! Que alívio! Não tive mais dúvidas de que este era o caminho!”
Elaine recebeu seu Gohonzon no dia 28 de abril de 2008.
Descobrindo a missão
A nomeação como responsável pela DFJ de bloco foi uma oportunidade para começar a enxergar seus potenciais, acreditar em sua capacidade e iniciar seu desenvolvimento, tornar-se mais forte. A Convenção Cultural dos Jovens, realizada no dia 3 de maio de 2009, no Ginásio do Ibirapuera, foi um momento especial para Elaine: “Pude selar meu grande juramento Seigan junto com os jovens de todas as partes do Brasil. Foi realmente maravilhoso, marcante e eterno. Naquele dia compreendi a relação de mestre e discípulo e passei a senti-la dentro do meu coração, senti-me mais forte. Tomei a decisão de jamais abandonar a prática e concretizar meu Chakubuku!” Gisele decidiu receber o Gohonzon pouco depois. Vitória!
A época da construção do Bloco Monarca, em 2010, foi a escolhida por Elaine para ser também a época de fincar mais um passo em sua vida. Determinou que não sofreria com as dificuldades financeiras e conquistaria seu emprego no setor público. A motivação, ela encontrou nas linhas do BS: “Este é um ano para ousar e não ter receio. Um ano que dividirá o que foi e o que será. Cada segundo, cada ação e cada atitude contam. E muito”. E foi à luta.
“Ser” monarca
Um Bloco Monarca é formado por membros “monarcas”, assim entendia Elaine. Isso significava ser alguém exemplar, vitorioso. Tinha conseguido ingressar em um grupo de pesquisa da pós-graduação da faculdade no qual recebia uma bolsa-auxílio. No entanto, para ser bolsista, era preciso estar cursando a graduação, e estava com a monografia atrasada havia quase um ano. Refletiu o que precisava transformar para ser monarca, e decidiu acabar com essa pendência. Ligou para a orientadora, enviou o que tinha escrito, e foi diante do Gohonzon orar mais Daimoku: precisava que ela compreendesse seu texto. “Quando recebi a ligação da orientadora confirmando a conclusão da minha monografia, fiquei muito feliz! Era mais uma vitória e comprovação! Agora sim, podia dizer que eu era monarca!”, conta.
Nessa mesma época, um obstáculo. Elaine foi diagnosticada com ”transtorno de ansiedade”. É quase uma síndrome do pânico, mas não precisa ser encaminhada para a psiquiatria, analisou a psicóloga. Elaine passava mal nos meios de transporte. Evitava de sair, pois tinha medo de causar incômodo para as pessoas à sua volta. A única atividade que a alimentava de coragem e força era a participação nas reuniões do budismo. Foi exatamente por meio dela que conseguiu vencer. Ao ser transferida para um bloco mais distante, compreendeu que este era o caminho para sua transformação: “Depois de uma visita para três jovens, netas de um membro desse bloco, comprovei o resultado: voltei para casa de ônibus sem passar mal! Venci! Cheguei em casa e fiz meu Daimoku de agradecimento pela vitória”.
A vitória pode ser observada também na Convenção Comemorativa realizada em Manaus. Ela e mais 13 companheiros representaram a Subcoordenadoria Bangu (CRJ) e ela conseguiu pagar a viagem com o sorteio de um bolão familiar e não passou mal em nenhum dos trajetos. “Tudo ocorreu da melhor forma possível e foi simplesmente maravilhoso!”, lembra Elaine.
Conquista
Nível superior concluído, Chakubuku concretizado, selo de “Bloco Monarca” e desafios em um novo bloco. Faltava o resultado no campo do trabalho. Apesar das dificuldades, Elaine, agora mais confiante, não desanimou. Sabia que logo obteria uma resposta. E obteve o 68o lugar na classificação para 300 vagas do concurso para a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Elaine relata: “Depois dos testes físicos, médicos e psicotécnicos, precisava preparar a família, que aceitou, mas com certo medo. Iniciei o curso preparatório, que era bastante árduo. Cheguei a perder três quilos em uma semana, passava mal todos os dias na corrida e até sofri a ruptura do menisco. Passei a ser pressionada por parte do curso, que colocavam em dúvida se conseguiria me formar, e da família, que diziam que a profissão era muito perigosa e não era para mim. Estava começando a ficar desanimada, então intensifiquei a recitação do Daimoku”.
Foi com a visita e o incentivo de duas companheiras que Elaine encontrou forças para não desistir e comprovar em cada dia dos nove meses de curso quanto era forte e capaz de superar os limites e ultrapassar todos obstáculos. Então, no dia 6 de setembro de 2011, formou-se no Centro de Formação de Praças “31 de Voluntários”, junto com outros 480 soldados. Agora, faz parte do grupo de soldados femininos lotado em uma Unidade da Polícia Pacificadora na qual realiza trabalhos internos, para tranquilidade de todos os familiares, pode desenvolver seus conhecimentos de pedagogia e aplicar sua filosofia de vida.
Juramento Kayo
No livro O Juramento Kayo, consta: “Todos os problemas e todas as dificuldades são de fato valiosas oportunidades para o crescimento, de vocês. Tais situações vão ajuda-las a se tornarem especialistas na arte da felicidade, a serem capazes de incentivar e direcionar as pessoas. Quando oram sinceramente para vencer os desafios e quando agem, dando um passo de cada vez, vocês se desenvolvem e crescem como pessoas, expandindo assim a própria condição de vida. No budismo, nada é desperdiçado”.
“Eu venci! Minha mãe tornou-se membro da BSGI. Consigo pagar meus jornais e minhas revistas, fazer o meu Kofu. Comprei meu instrumento para atuar dignamente como ‘anjo da paz’ na Nova Era Kotekitai. E apresentei o budismo a vários amigos do trabalho. Sei que tudo ainda é só o começo, mas sei também que estou no caminho certo. O que seria de mim sem o Mestre? Com o budismo, passei a reconhecer o valor que existe dentro de mim e entender que tenho uma missão pelo Kossen-rufu, tenho força, capacidade e posso transformar meu destino e o das pessoas que eu amo para o bem e a felicidade. Não vou perder nenhuma oportunidade para isso!” Elaine sorri, olhando para o futuro.

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