Encontro com o Mestre
Como ser um excelente apresentador na reunião
Edição 2125 - Publicado em 31/Março/2012 - Página B1
Trechos do romance Nova Revolução Humana, volume 25, capítulo “Brisas Refrescantes” (partes 3 a 9), de autoria do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, publicados recentemente no jornal Seikyo Shimbun.
MÁXIMA ENERGIA. O apresentador deve manifestar sua máxima energia. Na ilustração acima, da Nova Revolução Humana, Shin-iti observa um jovem apresentando a reunião
Presidente Ikeda ensina a postura certa de um apresentador
Novamente como apresentador, e manifestando sua máxima energia contida dentro de si, Kiyomoto Ataka anunciou a próxima pessoa a falar.
Observando-o, Shin-iti Yamamoto assentiu com a cabeça em silêncio. Ataka havia lhe escrito uma carta após o término da reunião nacional de líderes desculpando-se de seu vexame e determinando tornar-se o melhor apresentador1 do Japão. Shin-iti ficou feliz com a disposição do rapaz e sua postura jovial.
É inevitável que uma pessoa cometa falhas. Isso não é vergonhoso. Vergonhoso é desanimar, ficar aborrecido e repetir a falha. Deve refletir profundamente e aprender com o erro para jamais repeti-lo, fazer dele uma mola propulsora para seu desenvolvimento e, então, a falha se transforma numa experiência preciosa.
Yoshiro Nakayo, escritor que tem forte relação com Kyushu, fez um dos personagens de seu romance falar sobre sua expectativa em relação aos jovens: “Desejo que caminhe conforme sua crença e se torne o precursor da próxima e melhor era e o pilar da humanidade”.2 Era também o sentimento de Shin-iti.
Numa reunião de diálogo no Centro Cultural de Kitakyushu, Shin-iti disse:
_ Hoje, falarei sobre o apresentador, a pessoa que preside o andamento da reunião, uma função de extrema importância. Em muitos aspectos, o sucesso ou não de uma reunião é decidido pela sua atuação. Portanto, um apresentador precisa ter a determinação de “eu assumirei toda a responsabilidade desta reunião”, “com a minha voz, transformarei o ambiente da reunião, e fazer deste um local de exposição do budismo repleto de espírito de procura e alegria”. Assim eu também vim fazendo.
Shin-iti atuou como apresentador em diversas atividades quando era jovem. Dentre elas, o inesquecível Debate de Otaru, no prédio público da cidade de Otaru, em 11 de março de 1955.
O Debate de Otaru aconteceu tendo como origem um incidente no qual reverendos da escola Minobu da Nitiren Shu estimularam um casal, que era desta seita e havia ingressado na Soka Gakkai, a devolver o Gohonzon e sair da organização. Isso se desenvolveu de tal modo que se decidiu realizar um debate religioso entre as seitas Nitiren Shu e Nitiren Shoshu acerca dos ensinos de cada uma.
O Departamento de Estudo de Budismo da Soka Gakkai, como representante da Nitiren Shoshu, assumiu o debate. Foi acertado que cada um dos lados – da Nitiren Shu e da Soka Gakkai – teria seu respectivo apresentador cuja função, sob suas convicções e conforme procedimento acordado, seria a de mediar e conduzir o debate.
Jossei Toda foi quem indicou Shin-iti Yamamoto para ser o apresentador desse debate, pois acreditava que ele teria o seu resultado definido em função de quem fosse escolhido para a tarefa.
Toda afirmou:
_ É impensável outra pessoa a não ser Shin-iti como apresentador!
Decidiu-se que Shin-iti, então com 27 anos, seria o apresentador desse histórico debate religioso que definiria o verdadeiro e o falso.
Shin-iti começou citando o fato de dezenas de milhares de pessoas da escola Minobu da Nitiren Shu do país terem se tornado membros da Soka Gakkai, e afirmou decididamente que só isso já comprovava quem seria correto e verdadeiro. Essas primeiras palavras sintetizavam a afirmação da Organização e foram proclamadas com grande convicção.
As pessoas da Minobu ficaram emudecidas, pressionadas pela fervorosa disposição tal qual o rugido do leão. Manifestou-se a condição de que “Quando o leão ruge, todos os outros animais silenciam” (END, v. III, p. 247). E ocorreu uma enorme aclamação por parte do público da Soka Gakkai. Os representantes que subiram ao púlpito também se encheram de coragem, com seu aspecto transbordante de espírito de luta e disposição. Assim foi aberto o caminho para a vitória.
Todos da escola Minobu ficaram atônitos e transtornados durante o debate. Por fim, dizendo sobre o tempo ter acabado, encerraram as discussões e tentaram sair às pressas. A grande vitória estava clara a todos.
O encerramento foi anunciado pelas palavras de Shin-iti, que se tornaram por si só a proclamação da vitória.
Shin-iti também foi quem exerceu a tarefa de apresentador naquela que se tornou a última grande atividade com Jossei Toda, a Cerimônia Comemorativa do Kossen-rufu do dia 16 de março de 1958.
No início estava programada a participação do primeiro-ministro japonês, que era amigo de Toda. Os seis mil participantes que se reuniram estavam entusiasmados em mostrar a disposição dos jovens Soka, os pilares que se incumbiriam do futuro do Japão. No entanto, o comparecimento do primeiro-ministro foi cancelado na última hora, e ficou definido que sua esposa e seu genro seriam seus representantes.
Toda pensava em tornar a atividade desse dia a cerimônia em que confiaria a missão do Kossen-rufu aos jovens, independentemente do comparecimento ou não do primeiro-ministro.
Shin-iti, que sabia do sentimento de Toda, anunciou suas primeiras palavras como apresentador decidido a dispersar o desapontamento e despertar em todos os laços do juramento de kuon ganjo – passado sem início –, onde Bodhisattvas da Terra juraram realizar o Kossen-rufu. Sua voz conseguiria fazer o coração das seis mil pessoas presentes se inflar de coragem e disposição? Era um momento decisivo de vida ou morte.
A cerimônia desse dia tornou-se também a solene cerimônia na qual ele recebeu de seu mestre, Jossei Toda, a bandeira do selo da sucessão do Kossen-rufu. Relembrando os saudosos acontecimentos, Shin-iti continuou a falar para os jovens de Kyushu:
_ O fundamental para um apresentador é, inicialmente, a vibração da voz. Deve ser agradável, forte e com energia vital. Suas palavras precisam ser nítidas e em voz alta, de forma muito bem audível por todos. Também é necessária atenção no semblante. Não pode ter um rosto pálido, que aparente estar esgotado. Portanto, uma vez assumido o papel, deve preparar-se, dormindo bem à noite da véspera, fazer muito Daimoku no dia da atividade, alimentar-se bem e, na reunião, ficar atento à postura. Deve manter o corpo bem ereto.
De início, Shin-iti falou sobre o aspecto psicológico, depois, ele abordou assuntos concretos. Uma orientação que não seja clara e objetiva acaba não associada à prática.
As palavras do presidente Yamamoto fizeram Kiyomoto Ataka refletir. Ele, que era o coordenador da Divisão Masculina de Jovens da província de Fukuoka, local onde aconteceria a reunião nacional de líderes, estava extremamente atarefado com os preparativos, e não dormiu direito por sucessivas noites. Também não conseguiu tempo para recitar suficientemente Daimoku, nem na véspera e nem no dia da reunião. Foi nessa situação que ele atuou. E se arrependeu profundamente pelo vexame que cometera: “É certo que eu estava atribulado... Mas será que foi a ponto de não ter tempo para as horas necessárias de sono e de Daimoku? Analisando serenamente, sinto que, apesar de ter tido a intenção de me esforçar dedicadamente, entrei na rotina e houve momentos em que acabei deixando o tempo passar desleixadamente. Além do mais, será que não surgiu em meu coração um sentimento leviano e irresponsável de que, por ser uma atividade do Kossen-rufu realizada com a presença do Sensei, seríamos protegidos em todos os aspectos?”
Ou seja, aconteceu o que se chama negligência. Isso gerou falta de sono e de Daimoku, e fez o apresentador atuar com fraca energia vital. No fim, ele subestimou a função de apresentador da reunião nacional de líderes, atividade considerada a fonte do avanço da Soka Gakkai.
Shin-iti continuou a falar, envolvendo Ataka com um sorriso:
_ Ao atuar como apresentador, o importante é a noção de tempo. Há situações em que se deve falar de imediato, e há outras em que se deve esperar um pouco. Se errar esse timing, poderá acabar com o bom ambiente da reunião. Por exemplo, o que aconteceria se dissesse: “As pessoas que estão sentindo calor tirem o casaco, por favor”, e enquanto todos o estiverem tirando, anunciasse a próxima pessoa a falar? Ninguém conseguiria aplaudir, mesmo que quisessem, e essa pessoa teria de começar suas palavras em meio a esse ambiente agitado. Nesse caso, deve-se esperar as pessoas terminarem de tirar o casaco, dar mais um tempo, restabelecer a atenção dos participantes e, somente então, prosseguir a reunião. A noção de tempo é a chave do sucesso não apenas nas reuniões, mas também no teatro, na dança e na música.
Os participantes da reunião de diálogo estavam com o olhar fixo no presidente Yamamoto. Era a primeira vez que ouviam tão minuciosamente a respeito do que é ser um apresentador.
Ele prosseguiu:
_ É necessário desenvolver a capacidade de reagir adequadamente perante os acontecimentos. Se a sala de reunião tiver lugares disponíveis na frente e atrás estiver cheio, com pessoas lotando o corredor, deve-se observar o momento propício e pedir que preencham os lugares vazios. Passado um longo tempo do início da reunião, se parecer que a maioria está com as costas doendo, o melhor é solicitar para as pessoas fazerem um leve exercício. E ainda, em caso de calor, é necessário pedir para que se tire o casaco. Devemos atuar conforme a reunião. Se for uma atividade como um seminário, onde se reúnem muitos amigos, é importante a forma de se expressar e ter a preocupação de tirar a tensão do ambiente, possibilitando a todos ouvirem descontraidamente o que está sendo dito. O budismo ensina o princípio da verdadeira e eterna sabedoria que se manifesta conforme a relação contida no itinen – mente e coração – dos seres vivos. Ou seja, um apresentador deve evidenciar ao máximo esse princípio. Para tanto, é imprescindível orar Daimoku com a forte determinação de “vou tornar a atividade em que atuarei como apresentador um grande sucesso”.
As reuniões da Soka Gakkai são em prol o Kossen-rufu, e podemos dizer que são a cerimônia do Sutra de Lótus da atualidade. Assim sendo, atuar como apresentador, que conduz essa atividade, conforme a frase do Gosho “A voz executa o trabalho do Buda” (GZ, p. 798), é unir-se a essa tarefa do Buda. Um apresentador deve ter consciência disso.
Os jovens ficaram deslumbrados com a orientação, percebendo, um pouco envergonhados, que até então não haviam compreendido a importância do apresentador.
Os jovens ouviam Shin-iti atentamente, sem deixar passar despercebida uma única palavra. Ele apreciou essa sincera e séria postura, e desejou ensinar-lhes o máximo possível.
_ Falarei também hoje sobre quem auxilia o líder na recitação do Sutra (o fuku-doshi do Gongyo). Nessa função, deve-se ouvir atentamente a voz de quem está liderando o Gongyo e acompanhá-lo. Não pode ignorar o doshi e ficar se adiantando ou acabar se atrasando. É preciso orar o Gongyo num ritmo leve e agradável como o galope de um corcel branco no vasto céu. E quando se faz Gongyo com muitas pessoas, a tendência é que a recitação do Sutra e a do Daimoku fiquem cada vez mais lentas.
O fuku-doshi não pode ser arrastado por isso, ele deve liderar a todos numa cadência. A pronúncia deve ser audível, clara e nítida, mas para isso deve, durante o seu Gongyo individual diário, ficar bem atento se suas palavras não são pronunciadas erradamente e se a pausa para a respiração está na sílaba adequada. O ponto básico é esforçar para realizar um Gongyo perfeito, sempre vigoroso e vibrante, com voz sonora E REVIGORANTE. Eu realizarei o treinamento para fuku-doshi nesta visita a Kyushu.
Dicas para ser um bom apresentador
- Voz agradável, forte e com energia vital;
- Palavras nítidas de forma audível a todos;
- Semblante sempre radiante; Não deve ter um rosto pálido ou que aparente estar esgotado;
- Deve preparar-se, dormindo bem à noite da véspera da reunião, e alimentar-se bem;
- Recitar Daimoku antes e no dia da atividade;
- Durante a reunião, deve ficar atento à postura, mantendo o corpo ereto.
Comentários
Postar um comentário