HISTÓRIA e Estados d
o BRASIL
(Resumo)
Bandeirantes e Extracção
de Minerais
Bandeiras e rebeliões
(da Restauração à Revolta de Vila
Franca)
1640 a 1720
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite
Ribeiro
gentilmente cedido à Só Karinho´s
Dezembro/2006
|
Durante o século XVI, algumas “entradas”,
expedições armadas ao interior, foram ordenadas pelas autoridades coloniais e
enviadas à procura de pedras e metais preciosos, que não foram
encontrados.
Todavia, as “entradas” abriram os caminhos que,
no século seguinte foram ampliadas pelas “bandeiras”. Estas, saídas em especial
de São Paulo, eram de iniciativa particular e tinham como objectivo primordial a
caça de índios, mão-de-obra mais barata que a dos negros, para trabalharem nas
fazendas.
Bandeirantes:
Dos 8.500.000 Km2 do território brasileiro,
nada menos de 5.000.000 devem-se à determinação de um grupo de exploradores que,
actuando por conta própria e quase secretamente, enfrentaram os inúmeros perigos
das selvas do recém-descoberto continente, em busca de riqueza.
A actuação continuada dos bandeirantes, e mesmo
a sua ferocidade em estabelecer zonas em que exerciam o seu domínio sobre os
índios, criou posteriormente o direito sobre as terras exploradas quando
Portugal e a Espanha definiram, em 1777, os limites de seus territórios. A
história desta epopeia é tão fascinante como uma lenda, pois, tal como nas
lendas, muitas passagens não se alicerçam em relatos oficiais. Mas a história
dos bandeirantes e das bandeiras, refere-se a um cometimento de tanta ousadia
que poucos outros feitos poderão suplantá-lo.
Foram os bandeirantes os responsáveis pela
ampliação do território brasileiro além do Tratado de Tordesilhas. Os
bandeirantes penetram no território brasileiro, procurando índios para
aprisionar e jazidas de ouro e diamantes. Foram os bandeirantes que encontraram
as primeiras minas de ouro nas regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso.
Dos 08,5 milhões de Km2
do território do Brasil, cerca de 5 milhões devem-se à determinação de um grupo
de exploradores que, actuando por própria conta e risco e, quase secretamente,
enfrentaram os inúmeros perigos das selvas do Brasil, em busca de riqueza – Os
“Bandeirantes” que saíram de São Paulo e de Belém do Pará.
Bandeirante é entendido
hoje em dia como um sinónimo de paulista, mas, as bandeiras foram um fenómeno
geral de expansão e ocupação de todo o território brasileiro na época colonial.
E, embora o fulcro principal do bandeirismo tenha sido o aglomerado que surgiu
em torno do Colégio dos Jesuítas, no planalto de Piratininga, e que o padre
Manuel da Nóbrega, seu fundador, dedicou ao apóstolo São Paulo, existiu, na
verdade, um outro núcleo importante em Belém, no Norte do Brasil. Houve,
portanto, um bandeirismo paulista e um bandeirismo amazónico. O de São Paulo foi
mais característico e estável; o do Pará, após a expansão inicial, frustrou-se.
O nome mais importante do bandeirismo paulista é, inegavelmente, António Raposo
Tavares, português de nascimento, ao contrário dos restantes, que eram mestiços.
No bandeirismo amazónico, a figura mais impressionante e quase única é Pedro
Teixeira, que subiu o Rio Amazonas até ao Marañon, no Peru. Aos bandeirantes
paulistas deve-se a descoberta de ouro em Mato Grosso e Minas Gerais, a ocupação
das terras situadas na bacia do Rio São Francisco, a destruição de um Estado
formado por escravos fugidos, o Quilombo dos Palmares, em Alagoas e Pernambuco,
o desbravamento e ocupação das terras interiores do Nordeste brasileiro até ao
Piauí. Ambos os ciclos bandeirantes expandiram os limites do território
brasileiro para além dos fixados pelo Tratado de Tordesilhas, de 07 de Junho de
1494, no qual Portugal e a Espanha dividiam entre si as terras situadas no
Atlântico Sul. Nos termos deste tratado, a linha de fronteira luso- espanhola
passava pelas proximidades das cidades de Cananeia, no Sul e, Belém, no Norte,
deixando à Espanha praticamente toda a bacia amazónica, além da totalidade do
território do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, dois
terços do território de São Paulo, Goiás e nove décimos do Pará e todo o
Amazonas, e grande parte de Minas Gerais, totalizando de 5,5 a 6 milhões de
quilómetros quadrados. Esta grande extensão de terra foi incorporada ao
território brasileiro pelo esforço gigantesco das bandeiras paulistas e
amazónica. No Norte, os bandeirantes amazónicos utilizaram exclusivamente o
sistema fluvial, guiados pelos índios arauaques. No Sul, os bandeirantes
paulistas percorreram as trilhas e caminhos indígenas, guiados pelos índios
tupis e tribos tupinizadas. O principal caminho, o Piabiru, estendia-se por
cerca de 200 léguas de sesmaria pelo interior do continente, por aproximadamente
1.400 Km, ligando São Paulo, no litoral, ao Paraguai. Este foi o caminho
desbravado primeiramente pelos jesuítas do Colégio de São Paulo para alcançar o
Peru, e, depois, o caminho de internamento das bandeiras que buscavam guaranis
pacificados das missões dos Jesuítas e os índios das tribos guaranizadas para
vendê-los como escravos. Os índios arauaques, aliados dos bandeirantes na
Amazónia, ocupavam uma extensa área que ia desde o Orenoco, pelo vale dos rios
Amazonas, Madeira-Mamoré e Guaporé, até ao Alto e Médio Paraguai. Os
Tupis-Guaranis adensavam-se na bacia do Rio da Prata e estendiam-se,
aparentemente sem solução de continuidade, até à vasta zona geográfica das
florestas tropicais húmidas, alcançando já em tempos históricos, a Ilha de
Tupinabarana, em águas amazónicas. Essa grande extensão geográfica das culturas
tupi-guaranis acarretava relações muito intensas entre as tribos, das quais a
colonização portuguesa soube sabiamente tirar partido. A expansão bandeirante
não pode ser explicada sem a constatação do aproveitamento das relações
intertribais das culturas tupi-guarani e arauaque. Os Índios forneceram o
conhecimento dos caminhos por terra da navegação pelos rios, desvendando ao
colonizador a rede fluvial do Rio da Prata e do Amazona.
Os dois núcleos
principais das bandeiras – São Paulo e Belém do Pará – não constituíam centros
económicos importantes na vida da Colónia. Ambas as localidades se
caracterizavam por uma economia de colecta e apresamento de mão-de-obra, vivia
da bateia de ouro nos rios, constituindo esse ouro aluvial, depois dos escravos
índios, a sua principal riqueza.
O pequeno povoado
paulista, apertado pela Serra do Mar, via os seus rios nascerem a pequena
distância do litoral, porém com o curso dirigido para o interior do sertão. Ao
invés de descerem serra abaixo e desaguarem no mar, eles corriam sertão adentro,
como o Rio Tietê, indicando, deste modo, a direcção às bandeiras paulistas.
Atravessando o sertão selvagem, esses rios iam desaguar na bacia do Rio da
Prata. Este papel geográfico dos rios paulistas, indicando aos bandeirantes o
sertão de índios e riquezas fabulosos, foi a condição natural para o desempenho
histórico das bandeiras, que conduziram a fronteira política do Império
Português na América aos limites da bacia pratina. Nos fins do século XVl, os
índios do planalto paulista e da costa do lagamar santista foram vencidos pela
superioridade da colonização lusitana, escravizados ou posto em fuga,
internando-se no sertão. Partiram de São Paulo as chamadas protobandeiras do
misterioso Aleixo Garcia em 1526, de Pêro Logo em 1531 e de Cabeza de Vaca, em
1541. A primeira notícia mais ou menos oficial de uma bandeira operando com
colonos e índios vicentinos data de 1562, dirigida por Brás Cubas (*) e Luís
Martins, mas ignora-se o seu itinerário. Acredita-se que tenha percorrido cerca
de 300 léguas de sertão e que teve por objectivo a busca de ouro, cujos
vestígios só foram encontrados em Jeraguá, nas proximidades de São Paulo. Em
outras regiões do Brasil iniciavam-se as entradas no sertão. De Ilhéus partiu
Luís Alves Espinha em direcção a Oeste, de Pernambuco saíram Francisco de
Caldas, Gaspar Dias de Taíde e Francisco Barbosa em direcção ao sertão do São
Francisco. Data de 1538 o chamado ciclo das esmeraldas. De Porto Seguro partiu
para o sertão Filipe Guilherme. Outras entradas conhecidas são as de Miguel
Henriques, em 1550, de Francisco Bruza de Espiñosa, em 1554, ao vale do
Jequitinhonha, Vasco Rodrigues Caldas, em 1561 ao sertão do Paraguaçu, Martim
Carvalho em 1567 ao Norte de Minas Gerais e Sebastião Fernandes Tourinho, em
1572, aos rios Doce e Jequitinhonha. Em fins do século XVl, João Coelho de Sousa
morria nas selvas das cabeceiras do Paraguaçu. Belchior Dias Moreira atingiu com
a sua expedição a Chapada Diamantina.
Mas o facto
extraordinário é que os bandeirantes, no seu percurso da bacia do Rio da Prata à
bacia amazónica, navegaram em onze meses, 3 mil léguas, o equivalente a quase
meia volta ao Mundo ! Partindo de São Paulo, a expedição rumou para o Paraguai,
daí acercou-se da Cordilheira dos Andes através do sistema orográfico
chiquitano, de onde alcançou a região dos índios chiriguanos. Explorou as faldas
orientais dos Andes, regressando, em seguida, pelo Guapaí até à planície
crucenha, de onde iniciou o fantástico trajecto fluvial pelo Guapaí, Mamoré,
Madeira e Amazonas, onde alcançou a Gurupá. Portanto, iniciada em São Paulo, a
bandeira de António Raposo chegou à bacia do Rio da Prata e os Andes Orientais,
cruzando o divisor de águas amazónico-pratino, navegando nas águas do Amazonas e
seus afluentes até ao Arquipélago Marajoana, no grande delta.
Utilizavam como meio de
transporte, canoas escavadas de árvores, tal como construíam os índios. O
processo de fabricação durava vários meses, pois, além de ser necessário que o
tronco estivesse completamente seco, a sua escavação fazia-se com fogo – para
robustecer a madeira e evitar que viesse a empenar – e mediante a raspagem
cuidada do interior com enxós.
Por acção dos
Bandeirantes, a pouco e pouco, as linhas de demarcação da ocupação da terra
iriam consolidar-se numa nova configuração geográfica, empurrando para a bacia
do Rio da Prata e velha linha do Tratado de Tordesilhas, Dando à Colónia
Lusitana na América o traçado de onde iria surgir uma nova nação – o Brasil
moderno, nascido monárquico e independente, e que cobre uma extensão territorial
de 8.500.000 quilómetros quadrados !
(*) Brás
Cubas:
Nasceu no Porto em Dezembro de 1507; faleceu,
também, no Porto em1592.
Foi um fidalgo e explorador português, fundador
da Vila de Santos (hoje cidade). Filho de João Pires Cubas e Isabel Nunes,
governou por duas vezes a Capitania de São Vicente (1545-1549 e
1555-1556).
Chegou ao Brasil no ano de 1531 com Martim Afonso de Sousa, o fundador da Capitania de São Vicente. A região de Santos já estava povoada, mas foi Brás Cubas quem oficialmente fundou a vila pois em 1543, fundou a primeira Santa Casa de Misericórdia, a qual chamou de Todos os Santos, nome que passaria à vila, cujo porto era mais bem localizado que o de São Vicente. Foi o responsável pela transferência do porto da Ponta da Praia para o centro, nas cercanias do Outeiro de Santa Catarina. Além de fundador de Santos, organizou entradas a serviço da Coroa e, por fim, foi governador da capitania de São Vicente. Chegou a ser o maior proprietário de terras da zona litorânea. Em 1551, foi nomeado por D. João III provedor e contador das rendas e direitos da capitania; no ano seguinte, construiu o forte de São Felipe na ilha de Santo Amaro. Teve participação destacada na defesa da capitania contra os ataques dos Tamoios, aliados aos franceses. Mais tarde, por ordem do terceiro governador-geral Mem de Sá, realizou expedições pelo interior em busca de ouro e prata. Teria chegado até a chapada Diamantina no sertão da Bahia. Suas tentativas de escravizar os indígenas resultou numa revolta que acabou por determinar o surgimento da Confederação dos Tamoios, que só pôde ser parcialmente contida pela actuação dos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. Ao morrer, era fidalgo da Casa Real e um dos homens mais respeitados da capitania. O título de alcaide-mor da vila de Santos passou a seu filho, Pêro Cubas. Em seu epitáfio, lê-se que descobrira «ouro e metais em 1560». Em 1578, aliás, era corrente a notícia da existência das minas de ouro e prata da capitania de São Paulo, segundo um súbdito inglês residente em Santos.
Os bandeirantes penetraram pelos sertões do
Oeste, atingindo as margens do rio Paraguai, onde combateram as “reduções”,
aldeamentos de índios em catequese, que os jesuítas haviam estabelecido ainda no
século anterior. A partir dessas “reduções”, bandeirantes como António Raposo
Tavares, Manuel Preto e Sebastião Preto, atacaram as “reduções” do Uruguai,
alargando as fronteiras brasileiras.
Bandeira de António Raposo Tavares
http://www.geocities.com/bandeiras99/raposo.html
Além do apresamento de índios e da busca de ouro, as bandeiras tinham ainda outra função importante para a Metrópole: serviam de ponta de lança da conquista e povoamento do interior, numa época em que Espanha e Portugal estavam longe de ter definido a fronteira de seus domínios no coração da América do Sul. Em algumas expedições, essa função política e militar se destacou. Foi o caso da bandeira chefiada por António Raposo Tavares, que deixou São Paulo em 1648 para desbravar milhares de quilómetros do sertão até o Amazonas. Português nascido em São Miguel da Beja em 1598, vindo para o Brasil aos vinte anos, António Raposo Tavares já era um experiente predador de índios quando se envolveu naquela que seria a maior façanha de sua vida. Consta que esteve em Portugal, traçando os planos da expedição, junto com altas autoridades do Reino. O objectivo era aumentar a área do interior sul-americano sob domínio português, descobrindo novos territórios e, se possível, reservas de metais preciosos. Já nessa época conhecia-se a rota de São Paulo ao Peru; pelo menos um bandeirante, António Castanho da Silva, chegara até lá em 1622. Acredita-se até que as reduções jesuíticas do Itatim foram formadas para bloquear essa via de acesso aos paulistas.
Três anos pelo sertão: Preparado para enfrentar qualquer bloqueio, Raposo Tavares dividiu a bandeira em duas colunas. A primeira, chefiada por ele próprio, reunia 120 paulistas e 1 200 índios. A segunda, um pouco menor, era comandada por António Pereira de Azevedo. Viajando separadamente, os dois grupos desceram o Tietê até o rio Paraná, de onde atingiram o Aquidauana. Em Dezembro de 1648, reuniram-se às margens do rio Paraguai, ocupando a redução de Santa Bárbara. Depois de unificada, a bandeira prosseguiu viagem em Abril de 1649, alcançando o rio Guapaí (ou Grande), de onde avançou em direcção à cordilheira dos Andes. Estava em plena América espanhola, entre as cidades de Potosí e Santa Cruz de la Sierra (hoje território da Bolívia). Aí permaneceu até meados de 1650, explorando o mais possível a região. De Julho de 1650 a Fevereiro de 1651, já reduzida a algumas dezenas de homens, empreendeu a etapa final: seguiu pelo Guapaí até o rio Madeira e atingiu o rio Amazonas, chegando ao forte de Gurupá, nas proximidades de Belém. Diz a lenda que os remanescentes da grande expedição chegaram exaustos e doentes ao forte e que, voltando a São Paulo, Raposo Tavares estava tão desfigurado que nem seus parentes o reconheceram. Como resultado da aventura, vastas regiões desconhecidas entre o trópico de Capricórnio e o equador passavam a figurar nos mapas portugueses.
Manuel Preto http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Preto
foi um bandeirante paulista, nascido na segunda metade do século XVI e falecido em São Paulo em 1630. Filho de António Preto, que veio na armada de Diogo Flores de Valdez ou Valdés em 1582, e de Águeda Rodrigues, filha do reinol Gonçalo Madeira e Clara Parente, era irmão de Sebastião Preto. Herdou dos pais uma gleba de terras a noroeste do centro da vila, que daria origem ao actual bairro da Freguesia do Ó. Dos maiores sertanistas de São Paulo no século XVII, desde 1602 (quando, adolescente, fez parte da bandeira de Nicolau Barreto) caçava índios para escravizar. Diz a «Genealogia Paulistana» que foi «destemido explorador , que penetrou o sertão do Rio Grande (rio Paraná nos mapas castelhanos), os do rio Paraguai e a sua província, chegando até o rio Uruguai em conquista de índios bravios, e chegou a prender tantos que em sua fazenda de cultura fundada em 1580 na capela de Nossa Senhora da Expectação do Ó contava com 999 índios de arco e flechas. Foi ele o fundador dessa capela, entre 1610 e 1615 (hoje freguesia do Ó).» Levando 155 índios escravizados, saiu pelo rio Tamanduateí, entrando pelo rio Tietê, até o começo de suas terras. Em 1606 percorreu o Guairá e ao regressar de Vila Real do Espírito Santo, arrebanhou índios temiminós pacíficos, que trouxe para São Paulo. Nos anos seguintes continuou nas mesmas paragens. Em 1610 requereu à autoridade religiosa da colónia a autorização para erguer uma capela em louvor de Nossa Senhora do Ó. Em 1619 a bandeira da qual era mestre de campo assaltou as reduções jesuíticas de Jesus Maria, Santo Inácio e Loreto. Em 1623, com seu irmão Sebastião Preto, o mestre de campo Manuel Preto conduziria uma bandeira ao chamado Guairá, «sertão dos abueus», participando dela o já velho bandeirante Francisco de Alvarenga (ver 1602) e Pedro Vaz de Barros. Destruíram reduções jesuíticas e trouxeram numerosa escravaria indígena. Já mestre de campo, Manuel Preto em 1626 foi processado como cabeça de entradas ao sertão e violências no mister, impedido de exercer o cargo de vereador para o qual fora eleito. No segundo semestre de 1628 saiu de São Paulo em sua maior bandeira, como mestre de campo e capitão-mor, com António Raposo Tavares como seu imediato. Aniquilaram as reduções do Guairá, diz o historiador Afonso E. Taunay, e algumas dos campos do Iguaçu, «recolhendo-se com avultado comboio» avaliado pelos autores jesuíticos em muitos milhares de cativos, o que nos parece inaceitável; seriam um milheiro, no máximo dois mil estes prisioneiros. Foi depois de inutilmente tentarem os jesuítas providências da Bahia que «resolveram operar a transmigração do que restava de suas grandes reduções guairenhas para muito ao Sul, na mesopotâmia parano-uruguaia. O donatário da capitania, D. Álvaro Pires de Castro e Sousa, Conde de Monsanto, considerou tão valiosos seus serviços que lhe deu patente de governador das ilhas de Santana e Santa Catarina. Os moradores de São Paulo de Piratininga haviam concordado em invadir o Guairá (com o estranho argumento de que a região pertencia a Portugal e o gentio ali existente não podia ser monopolizado pelos espanhóis). A grande expedição da qual o chefe nominal foi Manuel Preto viajou dividida em quatro companhias, das quais foram capitães: António Raposo Tavares (cuja companhia tinha por alferes Bernardo Sanches de Souza e como sargento Manuel Morato Coelho), Pedro Vaz de Barros (sempre louvado pela audácia e infatigabilidade); Brás Leme e André Fernandes, da Parnaiba. Em Maio de 1629 o mestre de campo Manuel Preto embarcou por mar para Santa Catarina e ali tomou posse das terras e fundou arraial. Retornou ao mesmo tempo a povoado a bandeira que acabava de arrasar as reduções no Guairá e logo foram organizadas outras expedições, que retornaram à região no mesmo ano e nos seguintes, invadindo o território ao Sul do rio Paranapanema e arrasando as demais reduções do Guairá, tendo mesmo que ser evacuadas pelos moradores as vilas espanholas de Vila Real e de Ciudad Real. Mas Manuel Preto, tranquilamente em Santa Catarina, em 15 de Julho de 1629 nomeava Manuel Homem da Costa sargento-mor das ilhas. A morte de Preto no sertão foi noticiada em São Paulo em 22 de Julho de 1630, vítima de uma flecha em uma emboscada. Tinha-se internado nas brenhas, no início do ano. O que se pensava dele? Homem de ação «minimamente violenta contra os índios e seus superiores, desconsiderando principalmente os jesuítas Simão Masseta, José Cataldino e Antônio Ruiz de Montoia. Mas contribuiu notavelmente para a expansão geográfica do Brasil ao destruir as reduções no Ivaí, no Tibagi e no Uruguai. Era casado com Águeda Rodrigues, filha de Gonçalo Madeira, de Portugal, e de Clara Parente.
Sebastião Preto
Foi irmão de Manuel Preto, outro grande
sertanista. Eram filhos de um António Preto, natural de Portugal, vindo na
armada de D. Diogo Flores de Valdés a Santos com sua mulher Antónia Gonçalves,
de Sevilha, morta em 1616.
António Preto chegou a São Vicente com seus filhos na segunda metade do século XVI e, segundo Silva Leme na «Genealogia Paulistana» , prestou relevantes serviços nas guerras contra os gentios e corsários. Foram seus seis filhos: João Preto, morto solteiro em 1638; José Preto; Sebastião Preto, objecto deste verbete; Manuel Preto; Inocêncio Preto, ouvidor da capitania de São Vicente, casado com Maria Moreira, filha do Governador Pedro Álvares Cabral e de Susana Moreira, que faleceu testado em 1647; e Domingas Antunes, morta em 1624, casada com Gaspar Fernandes morto em 1600. José Preto foi casado com Catarina Dias, filha de Gaspar Vaz Guedes e de Francisca Cardoso, sendo moradores de Mogi das Cruzes onde ele morreu em 1653.
Os bandeirantes também buscaram metais
preciosos, em especial ouro. Todavia, somente no final do século XVII é que
foram encontradas as primeiras jazidas de ouro.
Desencadeou-se, então, uma verdadeira “corrida”
para o sertão, sendo descobertas muitas minas em Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso.
Das descobertas de bandeirantes como Fernão
Dias Pais, António Dias Adorno, Manuel Borba Gato, Bartolomeu Bueno da Silva e
Pascoal Moreira Cabral, decorreu uma transformação na vida económica do Brasil,
pois, o primeiro plano passou a ser ocupado pela extracção deste precioso
metal.
As minas de ouro, deslocaram o eixo económico e
político do litoral nordestino para o centro-sul do Brasil, em especial para
Minas Gerais, onde se desenvolveu uma verdadeira civilização do ouro,
acompanhada de notável florescimento cultural.
No final do século XVII e início do XVIII são
descobertas ricas jazidas de ouro nos actuais Estados de Minas Gerais, Goiás e
Mato Grosso que atraem portugueses e aventureiros da metrópole e de todas as
partes do Brasil. Muito trazem escravos. A Coroa autoriza a livre exportação de
ouro, tributado no valor de um quinto da produção, e é instituída a Intendência
de Minas, para fiscalizar a actividade da extracção do ouro.
Era permitido a alguns escravos conservar parte
do ouro descoberto para comprar a sua liberdade.
O período de maior produção ocorre entre 1735 e
1754, quando a exportação anual chega à média de 14,5 mil quilos.
A exploração de diamantes cresce por volta de
1729, nas vilas de Diamantina e Serra do frio, no norte de Minas
Gerais.
Em 1734 é criado o Distrito Diamantino, com uma
intendência para administrar as lavras.
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(Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal) |
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