12/12/2012 - 08h40 | Max Altman | Redação

Hoje na História: 1980 - Leicester Codex, obra-prima de Da Vinci, é leiloado

Manuscrito é um dos 30 cadernos produzidos pelo renascentista italiano; atualmente pertence ao magnata norte-americano Bill Gates

Reprodução - Wikimedia Commons


Em 12 de dezembro de 1980, o magnata norte-americano do petróleo, Armand Hammer, paga 5,126 milhões de libras esterlinas em leilão de um caderno contendo anotações do genial e legendário artista Leonardo da Vinci.

O manuscrito, escrito ao longo do ano 1508, foi um de cerca de 30 cadernos similares produzidos durante a vida de Da Vinci e que abordavam uma grande variedade de temas. Continha 72 páginas soltas contendo cerca de 300 notas e desenhos detalhados, todos relativos a um tema comum, a água e como ela se move.

Especialistas garantiram que Da Vinci traçou esboços nesta folha a fim de lhe dar elementos para pintar o fundo de sua obra-prima, a Mona. O texto, escrito com tinta marrom e giz, que deve ser lido da direita para a esquerda, um exemplo da característica técnica especular, favorita de Da Vinci.

O pintor Giuseppi Ghezzi descobriu o caderno em 1690 num baú de papeis pertencente a Guglielmo della Porto, um escultor milanês do século XVI que havia estudado em profundidade a obra de Da Vinci. Em 1717, Thomas Coke, o primeiro conde de Leicester, comprou o manuscrito e o somou a sua impressionante coleção de arte na propriedade rural da família na Inglaterra.

Mais de dois séculos depois, o caderno, que passou a ser conhecido como o Leicester Codex, apareceu num dos lotes da famosa casa de leilões de Londres, a Christie's, visto que o então Lord Coke fora forçado a vendê-lo a fim de cobrir os impostos de herança que recaíram sobre a propriedade rural e a coleção de arte. Dias antes da venda, especialistas em arte e a imprensa especulavam que o objeto poderia ser arrematado em valores entre 7 e 20 milhões de libras.

O leilão começou com um lance de 1,4 milhão e durou cerca de dois minutes para que outros lances fossem oferecidos. Hammer e pelo menos duas ou três outras pessoas passaram a disputá-lo. Os lances iam subindo à razão de 100 mil libras por vez.

O valor de 5,12 milhões de libras foi o preço mais alto pago por um manuscrito até aquela data. Um exemplar da legendário Bíblia de Gutenberg havia sido arrematada por apenas 2 milhões de libras em 1978.

"Estou muito satisfeito com o valor da arrematação”, disse Hammer mais tarde. “Não há nenhum trabalho ligado à arte neste mundo que eu desejasse mais do que este.” Lord Coke, por sua vez, estava apenas “relativamente feliz” com a venda. Afirmou que o valor auferido não seria suficiente para cobrir os impostos que devia.

Hammer, president da Occidental Petroleum Corporation, rebatizou sua relíquia como o  Hammer Codex e o adicionou a sua valiosa coleção de arte. Quando Hammer faleceu em 1990, legou o caderno e outras peças ao Armand Hammer Museum of Art and Cultural Center na UCLA (Universidade da Califórnia), em Los Angeles.

Alguns anos depois, o museu pôs o manuscrito à venda, declarando que foi obrigado a tanto para cobrir custas judiciais incorridas quando a sobrinha e única herdeira da última mulher de Hammer, Frances, exigiu legalmente o bem, alegando que Hammer enganara Frances quanto à correta divisão de sua fortuna.

Em 11 de novembro de 1994, o Hammer Codex foi vendido a um colecionador anônimo, logo identificado como sendo Bill Gates, o bilionário fundador da Microsoft, num leilão em Nova York, por um novo recorde de preço de 30,8 milhões de dólares.

Gates retomou o antigo nome Leicester Codex e ainda cedeu o manuscrito para exibição pública para um bom número de museus.

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