Islâmicos rejeitam atraso em referendo sobre Constituição no Egito
Islâmicos rejeitam atraso em referendo sobre Constituição no Egito
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A Coalizão Islâmicos do Egito, formada pela Irmandade Muçulmana e outros
partidos islâmicos, rejeitou neste sábado adiar o referendo sobre a
nova Constituição, marcado para o próximo dia 15. O grupo forma a
maioria que aprovou o projeto da lei máxima na Assembleia Constituinte,
no dia 30.
A aprovação do texto final, que foi boicotado pela oposição liberal, deixou os protestos contra o presidente Mohammed Mursi mais violentos. Na quarta (5), sete pessoas morreram e mais de 700 ficaram feridas em confrontos em frente ao palácio presidencial.
Em comunicado, a plataforma defendeu que o plebiscito seja realizado no próximo sábado, sem adiamento. Eles consideram que a consulta popular é "uma passagem no caminho em direção à estabilidade, ou seja, a construção das instituições do Estado".
O grupo de partidos islâmicos advertiu para o que chamou de "tentativas de derrubar o governo", em referência aos protestos de opositores e disseram que não aceitarão "a volta do corrupto regime anterior sob nenhum pretexto e nenhum nome".
O comunicado foi divulgado no início do diálogo nacional convocado por Mursi em pronunciamento na quinta (6), mostrando um impasse que o governo poderá ter com a oposição, que boicotou o evento por considerar que o presidente não atendeu às suas reivindicações.
Os adversários queriam que Mursi anulasse os decretos que aumentam seu poder e cancelasse o referendo sobre a nova Constituição até que fosse revisado. O boicote foi mantido mesmo depois que o vice-presidente egípcio, Mahmoud Mekki, sugerir que o governo poderia mudar a data.
O grupo é o principal opositor ao governo e é composto pelo ganhador do Prêmio Nobel da Paz Mohammed el Baradei, o ex-chefe da Liga Árabe Amr Moussa, e o ex-candidato presidencial Hamdim Sabbahi.
MILITARES
Mais cedo, as Forças Armadas do Egito pediram que a oposição e o governo entrem em um acordo para poder sair da atual crise política, senão haverá "consequências trágicas".
"O método do diálogo é o melhor e o único para conseguir os interesses supremos do país e dos cidadãos. Caso contrário, entraremos em um túnel escuro cujo resultado será trágico".
As Forças Armadas advertiram que pretendem intervir caso a crise se torne mais violenta, mas disse que a continuidade do conflito político não beneficiará nenhuma parte e o preço será pago por todo o país.
Esta é a primeira vez que os militares se manifestam desde o início da crise provocada pelos decretos e a nova Constituição. Desde então, as tropas só agiram se solicitadas pelo presidente Mohammed Mursi, como no cerco ao palácio presidencial que acontece desde quinta (6).
Neste sábado, o jornal "Al Ahram" informou que Mursi poderá emitir um novo decreto autorizando os militares a atuar como polícia, o que, se confirmado, pode aumentar a insatisfação dos opositores e a violência nos protestos.
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