Desemprego na França bate recorde e é o maior desde 1999

No início da semana, insatisfeitos com o governo Hollande somavam 56% da população


A taxa de desemprego na França bateu recorde em agosto e atingiu seu maior nível desde o ano de 1999. De acordo com dados revelados nesta quarta-feira (26/09) pelo Ministério do Trabalho, o número de desempregados cresceu 9% em apenas um ano e agora já atinge a marca dos três milhões.
Antes da revelação dos números, o ministro Michel Sapin já adiantava a jornalistas que as taxas eram “claramente ruins”. O principal argumento do governo do socialista François Hollande é de que esses índices são apenas heranças de longo prazo deixadas pela gestão do ex-presidente Nicolas Sarkozy.
Em nota, Sapin disse que "esses três milhões de desempregados representam o fracasso de políticas econômicas e sociais adotadas ao longo dos últimos anos”. O ministro assegurou que, “diante desse terrível relatório, o governo está determinado a implementar o quanto antes reformas plausíveis".
Desde o último mês de maio, grandes companhias francesas como a montadora Peugeot, a farmacêutica Sanofi e a rede de supermercados Carrefour anunciaram a demissão de milhares de seus funcionários em decorrência da crise financeira da Zona do Euro.

Para analistas como Mathieu Plane, do Observatório Francês de Economia, a conjuntura econômica do país pode ser ainda mais delicada do que os dados do governo revelam. Em entrevista à agência Reuters, o economista alegou que "hoje há um milhão de desempregados a mais do que em 2008” e que, por essa razão, “não se pode dizer ainda que já atingimos um pico".



Este já é o 16º mês consecutivo de crescimento do desemprego. A economia francesa já concluiu 12 meses de crescimento nulo e previsões estatísticas oficiais sugerem que o PIB continuará a recrudescer ao longo dos próximos meses.

Popularidade

Após cinco meses à frente da Presidência francesa, o socialista François Hollande enfrenta agora a primeira crise de insatisfação popular com seu governo. Divulgada nesta segunda-feira (23/09), uma pesquisa Infop para o Journal du Dimanche revelou que a maior parte da população está insatisfeita com a atuação do presidente e duvida de sua capacidade de colocar em prática as reformas que prometeu ao longo de sua campanha.

A porcentagem de insatisfeitos com Hollande cresceu 11 pontos percentuais desde a última sondagem, no mês passado, e atingiu a marca de 56%. Isso significa que mais da metade da população francesa está insatisfeita com sua gestão. Os números revelam que o presidente vem perdendo prestígio até mesmo entre seus simpatizantes do Partido Socialista.
Os principais jornais franceses destacaram nesta segunda-feira “a grande queda” do presidente na pesquisa e exaltaram o que pode ser o início de uma “crise de confiança” no Palácio do Eliseu. Ao todo, apenas 43% dos entrevistados mostraram-se satisfeitos com seu governo.

Le Figaro comparou a baixa nos números de Hollande com a de Jacques Chirac depois do referendo sobre a Constituição europeia, em 2005, e com a do general Charles de Gaulle durante a guerra argelina. Em ambos os casos, eles perderam 12 pontos percentuais em apenas um mês. Hollande já perdeu 11.
A Presidência francesa pretende divulgar o orçamento do governo para 2013 ainda nesta sexta-feira (28/09). A expectative é de que o documento sugerirá ao Legislativo mais de 30 bilhões de euros em cortes e novos impostos. Mesmo diante do pessimismo de diversos economistas, a previsão de crescimento para este ano foi mantida em 0,3%. Para 2013, o governo pretende atingir a marca de 1,2%.

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