Qualidade do ar na China atinge nível alarmante acima de 700 pontos

Em 2011, Pequim pediu às embaixadas estrangeiras que parassem de publicar níveis medição de ar


A estação de monitoramento da qualidade do ar em Pequim, montada pela Embaixada dos Estados Unidos no bairro Chaoyang, coração da capital chinesa, lançou um alarme mais do que vermelho. O nível da qualidade do ar ultrapassou os 500 pontos, valor máximo da escala, chegando a incríveis 728 pontos.

Diferentemente da medição feita pelo governo chinês, a estação norte-americana considera o volume de partículas PM 2.5 (menores que 2,5 micrômetros em diâmetro), consideradas as mais perigosas por serem facilmente inaladas. Essas partículas se instalam nos pulmões e são causadoras de problemas respiratórios e outras doenças pulmonares.

Fernanda Morena




O índice criado pela Embaixada dos EUA segue a seguinte medida:

de 0 a 50 pontos – qualidade do ar é boa;
de 51 a 100 pontos – qualidade do ar moderada (população extremamente sensível deve evitar exposição);
de 101 a 150 – qualidade do ar não é saudável para grupos de risco (pessoas que sofrem de doenças cardíacas e pulmonares, mulheres grávidas, crianças e idosos devem evitar exposição. Demais pessoas devem evitar exposição prolongada);
de 151 a 200 pontos – qualidade do ar não é saudável;
de 201 a 300 pontos – qualidade do ar nada saudável (pessoas devem evitar exposição e usar proteção);
de 300 a 500 pontos – qualidade do ar perigosa.

O que dizer então de um dia em que os medidores marcam 728 pontos?

Em maio do ano passado, Pequim “pediu” às embaixadas que deixassem de publicar medições de qualidade do ar, pois “isso interfere nos assuntos internos do país”. “O monitoramento e a publicação de tais informações envolvem o interesse público e, por isso, ficam sob a autoridade do governo”, disse Wu Xiaoqing, o então vice-ministro do Meio Ambiente.

Em dezembro, o ministério do Meio Ambiente chinês anunciou um aporte de 56 bilhões de dólares para diminuir a poluição no país até 2015.

De acordo com o relatório publicado pelo Banco Mundial em 2007, “Os custos da poluição para a China”, o total de recursos comprometidos pela poluição do ar e da água no país foi de 362 bilhões de yuans em 2003 (118 bilhões de reais) – 2.68% do PIB (Produto Interno Bruto). Isso se considerados os custos com comprometimento da saúde (mortes prematuras e doenças causadas pela exposição à poluição do ar, solo e rios); Se contado o valor que uma pessoa pode produzir, em média, durante a sua vida, estimado em 1 milhão de yuans (326 mil reais), o valor chega a 781 bilhões de yuans (255 bilhões de reais), que representa 5,78% do PIB.

Na China, 58% da população urbana do país está exposta a partículas suspensas de até 10µg/m³ (microgramas por metro cúbico); o dobro da média dos Estados Unidos.

Os valores de referência são estipulados pela OMS (Organização Mundial da Saúde).




12/01/2013 - 12h32 | Fernanda Morena | Pequim/Por dentro dos Brics

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