Editorial: Avanços no Mali
Editorial: Avanços no Mali
No final de semana, os franceses não sofreram reveses ao retomar Gao, particularmente importante por causa de seu aeroporto e da ponte sobre o rio Níger. Segundo relatos de moradores da cidade, os radicais islâmicos não tinham combustível e fugiram a pé ou montados em camelos.
Seria precipitado, ainda assim, concluir que a guerra terminará em pouco tempo. A verdadeira dificuldade do conflito não parece residir na reocupação de grandes centros --até agora recuperados com poucos combates--, mas na manutenção de um território ameaçado por um adversário sorrateiro.
Os extremistas que se alojaram no norte do Mali são, em sua maioria, alinhados com o grupo Al Qaeda. Não há como esperar que eles se restrinjam a táticas convencionais de guerra, e seria ilusório imaginar que estejam abrindo mão de suas recentes conquistas.
Desde que dominaram o norte do Mali, os radicais impuseram à população os princípios da sharia, a lei islâmica. O fanatismo religioso é o mesmo que move extremistas em outros países do noroeste da África, como a Argélia, e lança a região na instabilidade.
A missão francesa torna-se ainda mais complicada por causa da porosidade das fronteiras no norte africano, com o afrouxamento do controle antes exercido por ditadores depostos na Primavera Árabe.
O objetivo de uma paz duradoura segue sob permanente ameaça. Mesmo com o Exército da França em combate lado a lado com as forças malinesas, desfazer a imagem de neocolonialismo constitui um desafio paralelo --não só por obediência ao princípio de não intervenção, mas também para não alimentar sentimentos revanchistas.
São por isso bem-vindas as declarações do presidente francês, François Hollande, segundo o qual caberá aos africanos cuidar do Mali. Mas não basta: é imperioso organizar uma força de combate africana capaz de preencher os vácuos de poder no continente.
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