Especial

É POSSÍVEL, sim, MUDAR O MUNDO


Edição 537 - Publicado em 11/Maio/2013 - Página 14

O MUNDO DE HOJE enfrenta uma série de crises que se entrelaçam. Dentre os muitos desafios, destacam-se a pobreza, a degradação ambiental, a instabilidade econômica, as guerras e a violência estrutural. A lista de problemas é longa e o caminho para a solução parece distante e desanimador. Na Proposta de Paz, publicada nesta edição, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, sugere soluções para essas questões, além de ações que considera vitais para a construção de uma sociedade mundial de paz e coexistência.
A Proposta de Paz esclarece por que o caminho para a concretização da paz reside na solidariedade entre os cidadãos comuns. O texto revela ainda que a chave para criar uma cultura de paz está na educação voltada para a criação de novas gerações que reconheçam a dignidade da vida em si mesmas e nos outros.
A educação é um privilégio humano, fonte de inspiração para despertar a humanidade nas pessoas e capacitá-las a viver de forma criativa com serenidade e confiança. A educação é a força propulsora para a mudança social.
Educação não se refere apenas ao conhecimento isolado, desprovido de uma visão humanística. Mesmo que o conhecimento tenha tornado a sociedade mais confortável e acessível, trazendo a indústria e a riqueza, não foi capaz de superar a miséria humana. As diversas crises que assolam a humanidade provaram quão perigoso é o conhecimento isolado. Ele se tornou uma ameaça à sobrevivência de todas as pessoas e ao nosso planeta por meio do seu exemplo mais extremo: as armas de destruição em massa.
Por isso, a missão da educação é assegurar que o conhecimento sirva para conquistar a felicidade humana e a paz.
A importância dessa visão sobre educação é crucial porque a raiz de todas as crises encontra-se no erro de não enxergarmos a felicidade das pessoas como objetivo comum a todos os empreendimentos humanos.
Nesse contexto, a educação deve colocar a felicidade das pessoas como o ponto para o qual retornamos e partirmos novamente. Segundo o presidente Ikeda, é preciso uma educação dos direitos humanos, voltada para a revolução humana.
A felicidade é uma vida de criação de valor. E criação de valor é a capacidade de encontrar significado em tudo, de fortalecer a si mesmo tornando a própria condição interior mais forte que os desafios; é contribuir efetivamente para o bem-estar dos outros sob quaisquer circunstâncias.
Em resumo, é a criação de seres humanos conscientes de que tudo o que ele próprio faz serve à construção de uma sociedade humana pacífica e de convivência criadora.

Três compromissos


Na Proposta de Paz, o presidente Ikeda afirma: “Imaginemos a sociedade mundial pacífica e de convivência criadora como um edifício. Os princípios da segurança e dos direitos humanos seriam as colunas fundamentais que o sustentam. O respeito pela dignidade da vida seria seu alicerce. Se sua base for apenas de conceitos abstratos, a estrutura inteira se desequilibra e pode até desabar se atingida por uma crise mundial.
“Para que o respeito à dignidade da vida seja o fundamento de um esforço contínuo, é necessário que as pessoas do mundo inteiro sintam e vivam esse respeito de maneira palpável, em seu próprio modo cotidiano de ser e viver. Proponho três compromissos como guias de ação:
Ter a capacidade de se alegrar ou de sofrer com os outros.
Crer nas infinitas possibilidades da vida.
Defender e celebrar a diversidade.
O primeiro compromisso refere-se à compaixão; o segundo, à sabedoria, e o terceiro, à coragem.
Compaixão que nunca abandona os outros no sofrimento.
Sabedoria de perceber a igualdade e as possibilidades da vida.
Coragem de fazer das diferenças o impulso para elevar a nossa humanidade.

Compaixão e sabedoria


O Budismo Nitiren assegura que cada indivíduo aplique os três compromissos em seu cotidiano. Isso porque a filosofia budista cultiva a compaixão e a sabedoria na vida de cada pessoa baseadas na visão de ressonância empática com todas as formas de vida. Além disso, considera que a sabedoria e a compaixão estão intimamente ligadas e são mutuamente fortalecedoras. Esse entendimento revela que o desejo de encontrar maneiras de contribuir para o bem-estar dos outros desperta a sabedoria.

Compaixão e coragem


A visão budista garante que compaixão não envolve a supressão de nossas emoções naturais, nossos gostos e desgostos. Ao contrário, significa compreender que mesmo aqueles de quem não gostamos ou que são diferentes têm qualidades que podem contribuir para a nossa vida, e nos dão oportunidades de desenvolver nossa humanidade.
Neste contexto, temos a compaixão ligada à coragem, manifesta no esforço constante e corajoso para buscar o bem em qualquer pessoa, seja qual for o seu comportamento. Significa empenhar-se, por meio de um engajamento constante, para cultivar as qualidades positivas em si próprio e nos outros. Esse engajamento requer coragem para que a compaixão não seja um simples sentimento desprovido da ação transformadora.
O bodhisattva
A pessoa dedicada à felicidade de si mesmo e à dos outros incorpora as três qualidades da compaixão, da sabedoria e da coragem. Ela é chamada no Budismo Nitiren de bodhisattva, que em termos modernos se refere à cidadania mundial.
As ações sustentadas pela fé no potencial inerente a todas as pessoas de sentir compaixão ligada à sabedoria e à coragem são atitudes de um bodhisattva. O propósito de um bodhisattva é tornar a outra pessoa um bodhisattva também. Afinal, ele compreende que o reconhecimento da dignidade da vida em si mesmo se encontra ligado ao reconhecimento dessa dignidade na vida do outro.

Conclusão


A educação humanística assegura que o conhecimento não seja isolado; pelo contrário, garante que seja direcionado para a tarefa de desencadear o potencial criador e positivo de cada pessoa. E a educação em direitos humanos é desenvolver no próprio caráter o desejo de abraçar e engrandecer a vida dos outros.
Esse é o tipo de educação que desperta em nós o ímpeto para vencer as próprias fraquezas, para buscar o desenvolvimento em meio a realidades da sociedade, e para criar vitórias individuais que contribuam para o futuro da humanidade.
O trabalho de desenvolver essa educação diz respeito a todos nós. Esse é o projeto vital do qual somos participantes e pelo qual temos responsabilidade. Portanto, quando a educação humanística for parte integrante da vida diária de todas as pessoas será possível, sim, mudar o mundo.

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