Black Blocks: Anarquismo no Séc. XXI
Nas
recentes manifestações ocorridas no Brasil, pudemos perceber a ação de
determinados grupos que fazem uso do ataque ao patrimônio como arma de
protesto. Essas táticas são denominadas “Black Blocks”.
Esse
tipo de manifestação tomou corpo principalmente após o confrontamento com a
polícia em Turim, Itália, em 2001, por manifestantes que protestavam durante
uma reunião do G-8. Inspirados pela ideologia anarquista, os que adotam as
táticas “Black Block” estabelecem, pelo menos nas comunicações oficiais, que
apenas reagem a ações violentas da polícia. Além disso, em consonância com uma
visão anticapitalista, costumam atacar sedes de grandes empresas.
Esse
tipo de ação pôde ser vista em Belo Horizonte, há dois meses, quando, após
confrontamento com a polícia, diversas lojas foram quebradas.
A
difusão dessas práticas é um fenômeno associado à popularização da internet.
Está disponível na internet um manual, chamado de “The Black Bloc Papers”, com
informações e dicas sobre táticas violentas de protestos, e formas de escapar
da polícia, bem como técnicas de primeiros socorros. Além disso, as redes
sociais, em especial o Facebook, constituem meio privilegiado de arregimentação
de adeptos, com as páginas apoiadoras dos grupos contando com algumas dezenas
de milhares de curtidas.
A
mim, pelo menos, parece um pouco difícil que essas formas de manifestação
prosperem: o recurso à violência, principalmente, no Junho de 2013, no Brasil,
foi amplamente rechaçado pela maioria dos participantes dos protestos. Muitos,
inclusive, afirmavam que os “vândalos” estariam deslegitimando e
descaracterizando os protestos.
Ademais,
a quebradeira realizada contra ônibus, estabelecimentos comerciais e algumas
outras instalações torna-se extremamente impopular por um segundo motivo: os
moradores que ou trabalham naqueles lugares, ou fazem uso dos transportes, são
extremamente prejudicados (alguns, mais até do que as próprias companhias).
A
despeito disso, os “Black Blocks” constituem-se em meio eficaz para chamar a
atenção (mesmo que não seja através de um olhar positivo), o que continua a
fazer adeptos em determinados segmentos da população.
Esse
tipo de movimento vem, mais uma vez, demonstrar a extrema heterogeneidade dos
movimentos ocorridos em nosso país nos últimos tempos: ao mesmo tempo que a
maioria dos manifestantes buscavam a reivindicação pacífica, um agrupamento
minoritário considerava a violência como meio válido de manifestação.
Acrescenta-se, dessa maneira, mais um elemento complexificador na análise dos
eventos de junho último.
Arthur
Barretto de Almeida Costa
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