Contas do governo central têm o maior déficit para meses de maio da história
Laís Alegretti e Adriana Fernandes
- O Estado de S. Paulo
27 Junho 2014 | 14h 09
Governo federal, BC e Previdência não conseguiram economizar para pagar os juros da dívida no mês passado e registraram um déficit primário de R$ 10,5 bilhões
As contas do governo central fecharam maio
com o pior resultado da história para o mês: o déficit atingiu R$ 10,502
bilhões. O resultado, que engloba o desempenho das contas do Tesouro,
INSS e Banco Central, é o pior da série histórica do órgão para meses de
maio, que começa em 1997. O segundo pior resultado foi registrado em
maio de 1999, mas nem havia chegado na casa dos bilhões: déficit R$ 650
milhões.
O Tesouro registrou em maio um déficit de R$ 6,485 bilhões e
a Previdência um déficit de R$ 3,879 bilhões. Já as contas do BC
tiveram um déficit primário de R$ 136,4 milhões. O resultado ficou fora
do intervalo das expectativas do mercado, que iam de déficit de R$ 6,5
bilhões a superávit de R$ 4 bilhões.
No acumulado do ano até maio, o superávit soma R$ 19,158
bilhões, o equivalente a 0,93% do PIB. A queda é de 42,4% em relação ao
mesmo período do ano passado, quando o superávit acumulava no mesmo
período R$ 33,271 bilhões. A meta fiscal para o governo central no ano é
de R$ 80,774 bilhões. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin,
garantiu que a meta de superávit primário das contas públicas será
cumprida. Segundo ele, não há "nada que altere isso".
Despesa cresce acima da receita. Esse
desempenho no ano reflete um aumento maior das despesas em relação ao
crescimento menor das receitas. Enquanto as despesas registram uma alta
de 11,1% de janeiro a maio, as receitas avançaram apenas 8,0%.
"Maio é tradicionalmente um mês de primário mais baixo, mas
este maio foi resultado mais negativo, basicamente em função de receita
bem menor que em outros meses", disse Augustin. O secretário
acrescentou que a arrecadação de maio, em termos nominais, foi 20%
inferior àquela de abril. "Isso impactou fortemente o resultado",
avaliou.
Augustin afirmou que, para alcançar a meta para o ano, é
necessário "retomar o primário em 12 meses". Ele disse, ainda, que os
resultados primários de Estados e municípios têm vindo acima do
esperado. "A receita ficou abaixo do esperado. Esperamos que nos
próximos meses vamos recuperar o superávit", afirmou.
Investimentos. Augustin classificou,
porém, como "boa notícia" o crescimento dos investimentos. "As despesas
de capital estão com crescimento de 20% acima do PIB nominal. Até abril
era 9,8%", disse. "Em maio, houve crescimento muito significativo de
despesas de capital", avaliou.
Em 12 meses até maio, o superávit do governo central caiu a
R$ 62,9 bilhões, o equivalente a 1,3% do PIB. Segundo os dados, o
Tesouro apresenta um superávit de R$ 37,812 bilhões no acumulado do ano.
Já as contas da Previdência registram um déficit de R$ 18,656 bilhões e
o BC acumula um saldo negativo de R$ 1,9 milhão.
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