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Reforme seu Coração e desperte para a vitória [1]

Edição 528 - Publicado em 11/Agosto/2012 - Página 16
A maior vitória para um ser humano é ele mesmo ser o roteirista e o protagonista do próprio destino. Ao assumir as rédeas da sua vida, você vence em tudo, dos pequenos aos grandes desafios. Ser feliz não é apenas enfrentar desafios; ser feliz é vencê-los. Nesta matéria, aprenda a reconhecer que a vitória absoluta é a fé — um estado de vida de absoluta felicidade e liberdade. E vença sempre!

Coração é a mente. A reforma interior nos capacita a manifestar o poder necessário para conquistar a vitória absoluta

Poeta do povo. Walt Whitman: revolucionário, de espírito forte e sem preconceitos

Reconstruir o coração


A felicidade absoluta nasce e é sustentada pelo coração. O coração é a mente que molda sua realidade. Ele é seu verdadeiro lar. Se deseja mudar sua realidade, não busque a felicidade fora de si mesmo. Ela existe dentro de você, e é aí que se encontra o poder necessário para conquistar a vitória absoluta. Por isso, construir um sólido e bonito coração é o propósito da prática budista.
Num diálogo, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, disse: “Se alguém que não possui dinheiro suficiente se hospeda num hotel cinco estrelas, recorrendo a medidas irracionais, mesmo que desfrute o luxo por um tempo, no final, sua realidade retornará e, então, ele terá de voltar à sua ‘humilde moradia’. Usando a mesma analogia, poderíamos dizer que o propósito da prática budista é, em vez de hospedar-se num hotel cinco estrelas, reformar a própria casa. Por meio de nossa prática, desenvolvemos um ser tal qual um esplêndido palácio” (BS, ed. no 1.501, 27 de março de 1999, p. A3).

Budismo, ciência e a felicidade


De acordo com o Budismo Nitiren, a felicidade não é absoluta quando se baseia no sucesso profissional, na saúde, no dinheiro, nos bens de consumo etc. A psicologia indica esse mesmo ponto de vista em alguns estudos. Segundo o psicólogo Daniel Kahneman, Prêmio Nobel de Economia de 2002, “a ideia de que o aumento de renda seja fonte de felicidade é uma perfeita ilusão. Toda vez que consideramos um aspecto de nossa vida — seja saúde, seja dinheiro, sucesso, amor etc. — manifestamos a tendência de lhe atribuir excessiva importância. É preciso considerar também que a avaliação da felicidade varia conforme o momento em que é realizada. Muitas pessoas acreditam que riqueza, sucesso no trabalho e harmonia conjugal nos tornam mais felizes. Na rea­lidade, se medíssemos constantemente o bem-estar de uma pessoa, o peso desses fatores seria muito diferente a cada momento. Ou seja: mesmo que desejemos fortemente alguma coisa, algum tempo após obtê-la descobrimos que não somos nem minimamente felizes do que éramos antes de consegui-la” (Revista Scientific American Mente e Cérebro, ed. no 30, p. 13).
Ao constatar que os fatores externos não são garantia de felicidade, a psicologia cognitiva tem buscado respostas sobre o que seria a fonte da felicidade absoluta cujos estudos ainda não chegaram a uma conclusão.
Por outro lado, foram encontrados elementos capazes de torná-la real como mostra o trecho a seguir: “Em linhas gerais, é possível afirmar que a felicidade não se resume a ter, nem a ser — está associada à experiência de sentir e vivenciar relacionamentos [relações sociais, diversão e trabalho]” (Ibidem, p. 17).
Esses tipos de relacionamentos não são suficientes para a felicidade absoluta, porque não são duradouros, portanto, não são absolutos.
No entanto, segundo o Budismo Nitiren, há um tipo de relacionamento que é eterno: a unicidade de mestre e discípulo.
Mestre e discípulo se unem e compartilham da missão de despertar as pessoas para a condição humana iluminada. E essa condição supera o tempo, pois não é vencida pelo ciclo vital do nascimento, envelhecimento, doença e morte.
Um exemplo claro disso é a SGI, que mantém vivo o espírito dos grandes mestres do Budismo na vida de pessoas em 192 países e territórios.
O presidente Ikeda afirma: “Certa vez, perguntei ao meu mestre, Jossei Toda, por que é importante dedicarmos a nossa vida à prática budista. Ele respondeu: ‘Em nosso planeta, as pessoas se matam em guerras; nossa economia está baseada na sobrevivência do mais apto, e não necessariamente conduz à felicidade humana. Além disso, muitos dos líderes da sociedade, que por direito deveriam ajudar os outros, desprezam e exploram as pessoas. O mesmo tipo de situação se encontra nas esferas da política, ciência, educação e religião. Você pode imaginar que este é o carma da humanidade, mas a sociedade é complexa e cheia de contradições. Em nenhum lugar encontramos um caminho fundamental pela felicidade para todas as pessoas como no Budismo. Somente Nitiren Daishonin estabeleceu o meio para transformar nosso carma. Ele ensinou o caminho da eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza de eterna realização e satisfação. Não há caminho mais elevado na vida do que este. Por isso, aqueles que dedicam inteiramente à sua prática budista, nunca se arrependerão” (TC, ed. no 498, fevereiro de 2010, p. 49).

O que é a fé para o Budismo Nitiren?


A fé é o que dá a abertura para a energia vital do estado de Buda se manifestar na vida diária.
O Buda Nitiren Daishonin esclarece sobre o que é a fé budista em “Abertura dos Olhos”: “Mesmo que os deuses me abandonem e todas as espécies de dificuldades me ocorram, ainda assim dedicarei minha vida em prol da Lei” (END, v. 1, p. 166). Nesta carta, Daishonin registrou sua determinação interior para despertar os discípulos que mantinham uma visão distorcida de que fé é esperar apenas a proteção dos deuses e a tranquilidade na vida diária. No poema Canto da Estrada Aberta, o poeta Walt Whitman resumiu em sua obra-prima a ideia que concorda com a visão do Budismo sobre a fé:
A pé e de coração leve
Eu enveredo pela estrada aberta,
Saudável, livre,
o mundo à minha frente.
...
Daqui em diante
Não peço mais boa sorte,
Boa sorte sou eu.

A convicção expressa no trecho “boa sorte sou eu” representa a fé absoluta, capaz de superar quaisquer provações e conquistar tudo aquilo que se deseja.
Essa fé é a própria felicidade absoluta, uma condição de vida que não depende de nenhum fator externo. Por isso, a felicidade, aquela que vem de dentro, é desfrutada agora. Conquistar essa condição no presente é vitória absoluta.

Quais são os primeiros passos para desfrutar da fé absoluta?


A resposta a esta questão é dada por meio de um exemplo simples.
Imagine que queira visitar a nova casa de um amigo. Como será a primeira vez, você sente certa insegurança, porque não quer errar o caminho. Ao olhar num mapa, fica sabendo que o bairro cresceu e diversas obras deixaram o percurso diferente do que está no papel. O medo de se perder é tanto que você desiste de ir.
Ao ligar para avisar seu amigo, ele se oferece para ir buscá-lo, pois faz questão de sua visita. Você confia nele, então surge a coragem para ir e a disposição se renova. Essa confiança brota porque seu amigo conhece bem o trajeto, por tê-lo percorrido diversas vezes.
Durante o percurso, mesmo que existam alguns contratempos que possam atrasar a viagem, seu coração está leve, pois você está acompanhado por alguém que conhece o caminho.
Agora que aprendeu o trajeto, é capaz de retornar várias vezes, servindo até mesmo de guia para outras pessoas.
No contexto desse exemplo, o amigo que conhece o trajeto porque o percorreu diversas vezes antes é o mestre. E você é o discípulo que trilha junto com ele para que na próxima vez retorne guiando novas pessoas.
A sensação de segurança, representada pelo coração leve, é a fé que nasce da certeza de que está no caminho certo.
Portanto, o primeiro passo para desfrutar da fé budista é ter um mestre e o segundo é aprender com ele o caminho. O terceiro passo é rea­lizar o trabalho igual ao dele, ou seja, conduzir outras pessoas pelo mesmo trajeto, despertando nelas a mesma sensação de segurança.
O presidente Ikeda afirma que “quando se levanta com o juramento do Buda, surge a mesma sabedoria e força que ele, e você passa a lutar como um buda. Não há existência mais honrosa e poderosa que essa!” (BS, ed. no 2.129, 28 de abril de 2012, p. 3).
Ao empreender as mesmas ações que o Mestre, você adquire a fé que corresponde à vitória absoluta.

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