Gilberto Freyre

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Gilberto Freyre
Gilberto Freyre, ca. 1975
Nascimento 15 de março de 1900
Recife, PE
Morte 18 de julho de 1987 (87 anos)
Recife, PE
Nacionalidade Brasileiro
Ocupação Sociólogo, antropólogo, historiador, escritor e pintor
Prêmios Prêmio Jabuti de Literatura (1973)
Gilberto de Mello Freyre[1] (Recife, 15 de março de 1900 — Recife, 18 de julho de 1987) foi um sociólogo, antropólogo, historiador, escritor e pintor brasileiro, considerado por muitos brasileiros como um dos mais importantes sociólogos do pais.

Biografia

Filho de Alfredo Freyre juiz e catedrático de Economia Política da Faculdade de Direito do Recife e de Francisca de Mello Freyre. Gilberto Freyre é de família brasileira antiga, descendente dos primeiros colonizadores Portugueses do Brasil. Em suas palavras: "um brasileiro que descende de gente quase tôda ibérica, com algum sangue ameríndio e fixada há longo tempo no país".[2] Tem antepassados portugueses, espanhóis, indígenas e holandeses.[1] Gilberto Freyre inicia seus estudos frequentando, em 1908, o jardim da infância do Colégio Americano Batista Gilreath[3], que seu pai havia ajudado a fundar. Tem seu primeiro contato com a literatura por meio de As Viagens de Gulliver. Todavia, apesar de seu interesse, não consegue aprender a escrever, fazendo-se notar pelos desenhos. Toma aulas particulares com o pintor Telles Júnior, que reclama contra sua insistência em deformar os modelos. Começa a aprender a ler e escrever em inglês com Mr. Williams, que elogia seus desenhos.
Em 1909 falece sua avó materna, que vivia a mimá-lo por supor que ele tinha problemas sérios de aprendizado, pela dificuldade em aprender a escrever. Ocorrem suas primeiras experiências rurais de menino de engenho, nessa época, quando passa temporada no Engenho São Severino do Ramo, pertencente a parentes seus. Mais tarde escreverá sobre essa primeira experiência numa de suas melhores páginas, incluída em Pessoas, Coisas & Animais.
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Freyre estudou na Universidade de Columbia nos Estados Unidos onde conhece Franz Boas, sua principal referência intelectual. Em 1922 publica sua tese de mestrado "Social life in Brazil in the middle of the 19th century" (Vida social no Brasil nos meados do século XIX),dentro do periódico Hispanic American Historical Rewiew, volume 5. Com isto obteve o título Masters of Arts. Seu primeiro e mais conhecido livro é Casa-Grande & Senzala, publicado no ano de 1933 e escrito em Portugal. Em 1946, Gilberto Freyre é eleito pela UDN para a Assembléia Constituinte e, em 1964, apoia o golpe militar que derruba João Goulart. A seu respeito disse Monteiro Lobato:
O Brasil do futuro não vai ser o que os velhos historiadores disserem e os de hoje repetem. Vai ser o que Gilberto Freyre disser. Freyre é um dos gênios de palheta mais rica e iluminante que estas terras antárticas ainda produziram.
Gilberto Freyre foi também reconhecido por seu estilo literário. Foi até poeta, sendo que o seu poema "Bahia de todos os santos e de quase todos os pecados" entusiasmou Manuel Bandeira. Gilberto Freyre escreveu um longo poema inspirado por sua primeira visita à Cidade de Salvador: Bahia de todos os santos e de quase todos os pecados. Impresso no mesmo ano em reduzidíssima edição da recifense Revista do Norte, o poema deixou Manuel Bandeira entusiasmado. Tanto que em carta de 4 de junho de 1927 escreveu: “Teu poema, Gilberto, será a minha eterna dor de corno. Não posso me conformar com aquela galinhagem tão gozada, tão senvergonhamente lírica, trescalando a baunilha de mulata asseada. S!” (cf. Manuel Bandeira, Poesia e Prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1958, v. II: Prosa, p. 1398). O poema tem três versões: a primeira foi reproduzida por Manuel Bandeira em sua Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos (1946); a segunda, modificada pelo autor, foi publicada na revista carioca O Cruzeiro de 20 de janeiro de 1942; e a terceira aparece nos livros Talvez Poesia (José Olympio, 1962) e Poesia Reunida (Edições Pirata, 1980).[4]
Portugal ocupa um lugar importante no pensamento de Freyre [5]. Em vários de seus livros, como em "O Mundo que o Português Criou", "O Luso e o Trópico" demonstra o importante papel que os portugueses tiveram na criação da "primeira civilização moderna nos trópicos". Freyre foi um dos pioneiros no estudo histórico e sociológico dos territórios de colonização portuguesa como um todo, chegando mesmo a desenvolver um ramo de pesquisa que denominou de Lusotropicologia.
Ocupou a cadeira 23 da Academia Pernambucana de Letras em 1986. Foi protestante batista, chegando a ser missionário e a frequentar igrejas batistas norte-americanas, quando jovem. Este fato costuma ser ocultado pelos biógrafos e adeptos das teorias de Freyre. Gilberto Freyre retornou ao catolicismo posteriormente.

Obras

Gilberto Freyre (direita) com os amigos Adonias Filho (esq.), e Rachel de Queirós (centro).

Prêmios e títulos

  • Prêmio da Sociedade Filipe d'Oliveira, Rio, 1934
  • Prêmio Anisfield-Wolf, USA, 1957
  • Prêmio de Excelência Literária, da Academia Paulista de Letras, 1961
  • Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (conjunto de obras), 1962
  • Prêmio Moinho Santista de "Ciências Sociais em Geral", 1964
  • Prêmio Aspen, do Instituto Aspen, USA, 1967
  • Prêmio Internacional La Madonnina, Itália, 1969
  • Sir - "Cavaleiro Comandante do Império Britânico", distinção conferida pela Rainha da Inglaterra, 1971
  • Medalha Joaquim Nabuco, Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, 1972
  • Troféu Novo Mundo, por "obras notáveis em Sociologia e História", São Paulo - Troféu Diários Associados, por "maior distinção atual em Artes Pláticas" - Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, 1973
  • Vencedor do Prêmio Esso em 2005
  • Medalha de Ouro José Vasconcelos, Frente de Afirmación Hispanista de México, 1974
  • Educador do Ano, Sindicato dos Professores do Ensino Primário e Secundário em Pernambuco e Associação dos Professores do Ensino Oficial, 1974
  • Medalha Massangana, Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, 1974
  • Grã-cruz Andrés Bello da Venezela, 1978
  • Grã-cruz da Ordem do Mérito dos Guararapes do Estado de Pernambuco, 1978
  • Prêmio Brasília de Literatura para Conjunto de Obras, Fundação Cultural do Distrito Federal, 1979
  • Prêmio Moinho Recife, 1980
  • Medalha da Ordem do Ipiranga do Estado de São Paulo, 1980
  • Medalha Biblioteca Nacional, 1984
  • Grã-cruz de D. Alfonso, El Sabio, Espanha, 1983
  • Grã-cruz de Santiago da Espada, Portugal, 1983
  • Grã-cruz da Ordem do Mérito Capibaribe da Cidade do Recife, 1985
  • Grande Oficial da Legião de Honra, França, 2008 [1]

Observação

  Em conformidade com as normas ortográficas atualmente vigentes para a língua portuguesa, os sobrenomes "Melo" e "Freire" devem ser grafados, respectivamente, com apenas um "l" e a letra "i", pois nomes de pessoas falecidas devem ter sua grafia adaptada às regras ortográficas em vigor.

Ver também

Referências

  1. a b Biblioteca Virtual Gilberto Freyre
  2. http://prossiga.bvgf.fgf.org.br/portugues/obra/opusculos/torno_relacoes.htm
  3. Usina de Letras
  4. http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/pernambuco/gilberto_freyre.html
  5. Villon, Victor. O Mundo Português que Gilberto Freyre Criou, seguido de Diálogos com Edson Nery da Fonseca. Rio de Janeiro, Vermelho Marinho, 2010.

Ligações externas

Wikiquote

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